quinta-feira, 15 de maio de 2008

VIDA REAL

NOTA:Eu escrevi este roteiro sobre o argumento de outra pessoa.


Seq. 1 - posto de gasolina - externa - dia
Plano fechado em mãos de frentista, andando, contando o dinheiro, algumas notas de dez reais e cinco reais, nota de R$ 1,00 REAL semi nova em detalhe contada por ultimo.
Carro de luxo parado, frentista entrega o dinheiro ao dono do carro, homem elegante de terno.
Homem pega o troco, conta o dinheiro, coloca as notas no bolso deixando de lado a nota de R$ 1,00 REAL,coloca a nota de R$1,00 no painel do carro. coloca a chave na ignição, liga o carro e sai.

Seq. 2 - carro- interna - dia
Farol fechado, meninos em frente dos carros com malabares fazendo acrobacias
Celular do motorista toca.Ele atende
MOTORISTA
Alô?(pausa)Sim,estou com o caso dele na minha mesa.O cara é tão otário que estou pegando toda a aposentadoria dele....

Seq 3-farol-externa-dia
Um dos meninos se aproxima dos carros
MENINO
Tio,tem um trocado pra "mi dá"?
homem elegante de terno em carro de luxo entrega uma nota de R$ 1,00 REAL para o menino que dobra e guarda no bolso.
MENINO
"Brigado",tio.

Seq. 4 - padaria - interna - dia
Menino entrana padaria,se diriga ao balcão
MENINO
"Mi vê R$1,00 de pão.
atendente entrega os pães, menino vai até o caixa e paga com o R$ 1,00 REAL, o caixa deixa a nota fora da caixa registrado, menino sai

Seq 5-externa-padaria-dia
Menino sai da padaria,cruzando com adolescente de uniforme e material escolar, adolescente entra na padaria

Seq 6-interna-padaria-dia
Adolescente vai até o caixa
ADOLESCENTE
Vê um cigarro pra mim!
O atendente lhe entrega o maço de cigarros.Adolescente paga com uma nota de dez reais, o caixa devolve o troco com nota de cinco e dois reais mais a nota de R$ 1,00 REAL, adolescente dobra as notas coloca no bolso da mochila e sai.

Seq. 7 - calçada - externa – dia
Câmera acompanha garoto de uniforme caminhar, abre o maço de cigarros, acende um e começa o a fumar, um vendedor de balas passa por ele,ele compra um halls com o vendedor de balas em frente à estação de trem com o R$ 1,00 REAL, o vendedor de balas guarda a nota na pouchete, devolve de troco cinqüenta centavos.
Vendedor de bala esconde as balas e entra na estação de trem.

Seq. 8 - trem - interior - dia
Vendedor de bala entra no trem, tira as balas da bolsa, anuncia a venda das balas.
Homem em pé, segura sua bolsa olhando para todos os lados, acompanha com olhar o vendedor, ele o chama e compra um halls com uma nota de dois reais, vendedor tira da pouchete o troco, uma moeda de cinqüenta centavos e a nota de R$ 1,00 REAL.
Vendedor sai anunciando.

Seq. 9 - plataforma - exterior - dia
Na próxima estação, homem desce, compra com o R$ 1,00 REAL um caça-palavras mais uma caneta com uma vendedora gordinha, ela guarda a nota no seu bolso.

VENDEDORA
Você deu sorte.Esta é a última revista!

Seq. 10 - trem - interior - dia
Vendedora entra no trem destino Rio Grande da Serra, vendedora desce na estação de Mauá.

Seq. 11 - feira - exterior - dia
Vendedora gordinha numa barraca de pastel, compra um copo de caldo de cana com a nota de R$ 1,00 REAL, ela sai.Cliente da barraca pede por dois pastéis, feirante da de troco o R$ 1,00 REAL.Câmera acompanha a nota(plano detalhe).A nota passa de mão de feirantes não identificados para mãos de clientes tambem não identificados.Feirante da barraca de pastel vende um pastel para vendedora gordinha, devolvendo de troco o R$ 1,00 REAL, vendedora gordinha guarda a nota no bolsa de trás da calsa, ela sai da feira.

Seq.12 – casa/cozinha - interior - dia
Vendedora gordinha, entrando em casa com sua bolsa nas costas e algumas sacolas na mão,
Colocas as sacolas na mesa da cozinha, na geladeira ela vê o calendário marcado com um circulo a data de pagamento do aluguel, ela tira da bolsa todo dinheiro,a nota de R$1,00 rasga quando ela puxa do bloso.
VENDEDORA
merda!Dinheiro de pobre tem sempre que rasgar à toa!

Na mesa ela conta quanto de dinheiro tem, desanimada com a quantidade vai até uma caixinha em cima do armário, leva até a mesa, retira vários trocados, conta o dinheiro.

Seq 13.-cozinha-interna-dia
A mulher colando a nota de R$1,00 com durex.

Seq. 14 - portão - exterior - dia
Proprietário da caasa,homem alto, forte, barba por fazer, bate no portão.
Vendedora aparece pra atendê-lo
PROPRIETARIO
Vim cobrar o aluguel.
VENDEDORA
(entregando o dinheiro pra ele)
Ta aqui.

Homem conta o dinheiro.
PROPRIETARIO
Ta faltando um real.
VENDEDORA
Mas eu contei.
PROPRIETARIO
Contou errado pra variar.

Seq. 15 - casa/cozinha - interior - dia
Vendedora gordinha, para na porta por um minuto, colocando a mão nos bolsos da causa, no bolso de trás ela tira uma nota de R$ 1,00 REAL, colada com durex.

Seq. 16 – portão – exterior – dia
Vendedora entrega a nota remendada para o homem.
VENDEDORA
Ta certo, agora?
PROPRIETARIO
(sorrindo irônicamente)
Tem um cafezinho aí?

Seq. 17 – sala – interior – dia
Proprietário, sentado no sofá conta o dinheiro, filho entra na sala com uma mochila na costa
FILHO
Tchau, pai!
PROPRIETARIO
Tchau.
Ele encontra no meio das nota, uma nota de R$ 1,00 REAL remendada.
PROPRIETARIO
Peraí, filho...toma esse nota pra você.

Filho pega nota, e sai.

Seq. 18 – rua – exterior – dia
Portão da escola fechando, Filho correndo em direção ao portão, a nota de R$ 1,00 REAL cai no chão, filho não percebe, continua a correr.

Seq. 19 – rua exterior – dia
Plano fechado na nota de R$ 1,00 REAL caída no chão, mão(de pessoa não identificada) pega a nota do chão.

O ENFORCADO

"Adeus,mundo cruel!"Sei que é uma frase batida,mas é a única coisa em que consigo pensar,enquanto faço os preparativos.Chega de ouvir a vaca da minha mulher,que só sabe se preocupar com a vida dos outros.Chega de filhos que mais parecem trombadinhas.Vou aproveitar que eles estão viajando,pra acabar com tudo.
Já escrevi o bilhete de despedida.Já escolhi uma extensão elétrica,e já escolhi o lugar da casa onde vou me enforcar.
Dobrei o bilhete,e o coloquei em cima da mesa da cozinha.Em seguida,me levantei,e peguei o fio.Fui até a sala.Olhei para o teto.Nossa casa era de telha,com vigas de madeira para segurá-la.As vigas pareciam ser fortes,talvez elas me aguentassem.Mas acho que é melhor testar primeiro.
Como vou subir pra testar?O sofá!
Subi no sofá,pensando em arastá-lo,mas no mesmo instante, vi que ele não tinha altura suficiente.Me lembrei da escada de armar que tínhamos.Ela estava na garagem.Fui até lá,para pegá-la.
Ao abrir a porta da garagem,contemplei todas as coisas amontodadas lá.Um monte de tranqueiras.Engraçado como eu nunca me dei conta antes do quanto lixo eu tinha.
O meu legado!Um monumento à burrice,à incompetência de um homem que nunca soube como fazer nada direito!
Peguei a escada e saí o mais rápido possível,envergonhado por perceber o que minha vida representava.
De volta à sala,coloquei a escada no centro e abri.Para posíocioná-la melhor precisei afastar a mesa de centro.Olhei para cima e subi.Sim,felizmente dava pra alcançar a viga.Desci e peguei a estensão.Subi novamente.Passei o fio pela viga,e me segurei nele,colocando todo meu peso no fio.Passou no teste da resistência.
Amarrei o fio na viga.Depois fiz uma força com a outra ponta.Passei a forca pelo pescoço,ajustei para ficar mais justo e garantir a minha morte.Por um momento,hesitei.Pensei em como será morrer;Se dói;Se existe vida após a morte;Em como será meu último momento de vida;Se todo suicida pensa nessas coisas antes de cometer o ato final;Pensei em tudo o que fiz na vida,e no que estou deixando pra trás...
Então,com um movimento da perna,dei um empurrão na escada,que tomnbou no chão,deixando meu corpo pendurado.
A primeira coisa que senti foi um aperto na garganta,causado pelo fio.Depois o aperto foi no pescoço todo,quando a forca se ajustou ao meu pescoço.Senti falta de ar,e o fio apertando minha mandíbula,
Meu corpo balançava de um lado par o outro.Então,fechei os olhos.E voltei a respirar.
Abri os olhos.Respirei.
Eu não acreditava.
Eu não morri!Ainda estou vivo!
A morte demora tanto assim?
Fiquei esperando.Nada.Continuava respirando.
Levei as mãos até o pescoço.O Fio estava prendendo minha mandíbula,mas minha garganta estava livre.Passei as mãos pelo fio.Algo devia estar errado.A forca estava presa,não dava pra desatar.Eu estava preso.Estiquei o braço pra cima,mas não alcançava a viga,pra desamarrar.Tentei gritar por socorro,mas com a mandíbula presa,não conseguia.
Então,me dei conta.Aqui estou,vivo,pendurado pelo pescoço no centro da sala de estar,sem ter como me soltar,nem como pedir ajuda.E a minha família só volta da viagem daqui à três dias.
Vão ser três longos dias...

(11.07.05)