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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O MACARRÃO COM QUEIJO DE DONA ANGELA


(ilustração: Marcos Roberto Moreira)

Dona Angela é uma mulher fisicamente atraente, para a idade que tem. Isso porque ela cuidava de sua saúde. Não era excesso de vaidade, como podemos supor, mas apenas zelo com seu bem estar. Isso a tornava uma mulher com aspecto jovial. Atrativo este que despertava a atenção dos homens de todas as idades. Com pouco mais de quarenta anos de idade, ela tinha uma forma física invejável à muitas mulheres mais jovens. E, embora não fosse do tipo de exibir o corpo, sempre o fazia de forma inconsciente, pois sempre usava roupas justas. Suas formas não eram avantajadas, mas eram bem delineadas, o que chamava atenção de qualquer homem. E uma das razões de ela se manter em forma era, em grande parte, ao seu espírito jovem. Dona Ângela passava seu tempo livre no clube, praticando esportes. Adorava jogar vôlei. E foi numa partida de vôlei que ela conheceu Fábio.
Fábio, um rapaz de vinte e poucos anos, era do tipo que atraía as mulheres mais velhas, sabe-se lá o porquê. Talvez por que ele sabia falar bem, sem o uso de gírias que faz os jovens parecerem ser de algum país do Oriente Médio. Estudante universitário. Cursava artes plásticas. Queria ser professor de educação artística. Coincidentemente, ele estudava na mesma Faculdade que Lídia, filha de Dona Ângela.
Lídia cursava radiologia. Talvez seja esse o fator que fez com que eles nunca tivessem ficado muito amigos. Eles estudavam em prédios separados, e na verdade só se encontravam no ponto de ônibus. Eles viam juntos no mesmo ônibus, e após se encontrarem em uma festinha da faculdade, onde alunos de vários cursos se encontravam pra praticar todo tipo de atos que não cabe aqui descrever, eles acabaram se tornando colegas. Mas não muito íntimos. Para ela, Fábio era uma boa compania na volta pra casa, pra não dormir dentro do ônibus, e perder o ponto. Só. Apesar de ele ser um cara divertido, e ter uma conversa agradável. Nada além disso.
Além das artes plásticas, Fábio também gostava de vôlei, e foi assim que ele conheceu Dona Ângela. Eles jogavam juntos várias vezes. Sempre que se viam no clube, na verdade. Formavam uma boa dupla. E logo ficaram muito bons amigos. A ponto de ela se chamar apenas Ângela pra ele. O “Dona” era formal demais, e na cabeça de Fábio, não combinava com aquela mulher que possuía um espírito tão jovem. E ela até gostava dessa intimidade. A fazia se sentir mais jovem, modo que toda mulher gosta de se sentir.
Eles começaram com as conversas de praxe sobre Lídia, a faculdade, os outros amigos dela, etc. E, aos poucos, foram ficando amigos, e o assunto mudou de direção. Para Fábio, era ótimo ficar amigo da mãe de Lídia. Ele achava Lídia uma garota linda, e adoraria namorar ela. Namoro sério, pois Fábio não era o tipo de rapaz que pensava nas garotas apenas com desejos sexuais. Ele pensava em outras coisas mais sérias. Além desses desejos.
Assim, Fábio passou a freqüentar a casa de Dona Ângela.
A primeira vez que Fábio entrou na casa de Dona Ângela foi apenas pra acompanhá-la porque estava indo na casa de um amigo que morava ali perto. Ela o convidou pra tomar um suco, ele aceitou, e a conversa rendeu quase uma hora até ele se lembrar do amigo. Mas depois disso, ele passou a visitar a amiga de vôlei sempre que ela o convidava. E ela o convidava sempre. Pra ele, tudo bem. Uma chance de ficar mais perto de Lídia. Quem sabe, a partir do momento que a garota convivesse mais com ele, ela conheceria um lado nele que poucos homens de sua idade possuem. Ela notaria como a vida adulta não é feita pra se desperdiçar com carinhas que só pensam em baladas, e turbinar o carro pra fazer barulho.
Fábio acreditava que, ficando amigo da mãe dela, ele acabava conhecendo melhor sua suposta “pretendente”. Aprenderia mais sobre ela, do que ela gostava, como ela se divertia, essas coisas que um homem precisa saber para poder convidar uma garota pra sair com a certeza de que ela vai aceitar.
Assim, com o tempo, Fábio passou a ser uma visita constante. O almoço aos domingos não era o mesmo sem a presença dele. Ele aparecia todos os domingos. Na verdade, Dona Ângela o convidava todos os domingos, e ele aceitava. Ela fazia um macarrão com queijo que era maravilhoso. Quando uma mulher faz um macarrão daqueles, não há homem que resista. E Fábio não resistiu. Foi paixão à primeira garfada. Ele passou a ser o admirador número 1 do macarrão com queijo dela. Tanto que, em pouco tempo, ele passou a ajudá-la na cozinha, e aprendeu a fazer um macarrão com queijo muito bom.
Mas nunca tão bom quando o dela, como se pode imaginar. Afinal, assim como os mágicos, um gourmet nunca revela seus truques.
Ângela adorava passar todo aquele tempo com Fábio, seja jogando vôlei, seja preparando o macarrão, ou qualquer outra coisa. Ela adorava a amizade dele, e ele adorava a amizade dela. Aquela amizade fazia bem para os dois. Pra ele, era como er aulas de como se portar com uma mulher; Para ela, era uma forma de conhecer a juventude atual, e se manter em dia com assuntos jovens.
Os dois ficaram tão bons amigos que conversavam sobre qualquer coisa. E a intimidade entre eles cresceu. Os vizinhos de Dona Ângela começaram a comentar essa relação dos dois. Para Ângela, bem que os comentários poderiam ser verdadeiros, já que Fábio até que a atraía sexualmente. Ela sentia uma vontade de fazer coisas com Fábio, que só não a impulsionavam à atacá-lo por medo da reação que ele poderia ter. Acabaria com a amizade, talvez.
Para Fábio, até que não seria nada mal se ela o atacasse. Já que Dona Ângela, como já foi mencionado, era uma coroa deliciosa. Chamá-la de coroa era até ofensivo. Ele sempre admirava discretamente certas partes do corpo dela, principalmente quando ela se abaixava para pegar algo do forno. Várias vezes, depois do vôlei, ele pensou em sugerir fazer uma massagem nela, pra relaxar. Mas ele nunca fez a proposta. Tinha receio de isso atrapalhar suas intenções com Lídia. Um triângulo amoroso com a mãe de sua pretensa namorada poderia ter um final desastroso.
Mas Lídia nem ligava pro relacionamento entre Fábio e sua mãe. Ela deixava sua mãe livre pra viver a própria vida. E, enquanto isso, vivia sua própria, saindo aos domingos com as amigas, e, algum tempo depois, arrumando um namorado. Ela ficava o dia inteiro fora...
Ela arrumou um namorado igual à todos os namorados da atuais garotas: feio, burro, e metido a melhor que os outros homens. Parecia um jogador de futebol. E não era fã dos três patetas, pois não entendia as piadas... Esse era o rapaz que fazia com que uma garota linda e inteligente com Lídia se sentisse atraída para a procriação da humanidade...
Assim, os domingos passaram a ter apenas Fábio e Dona Ângela em casa. Eles conversavam sobre tudo, depois iam pra cozinha, preparar o macarrão com queijo.
Sem Lídia em casa, eles aproveitavam pra tomar vinho junto ao macarrão. E a conversa assumia tons mais adultos, se é que o leitor me entende.
Mas, embora os vizinhos já tivessem como certo que os dois passavam as tardes de domingo brincando de “Jack e Rose”, o receio de Dona Angela em ter um relacionamento com um rapaz bem mais jovem; e o receio de Fábio em atrapalhar seus planos com Lídia ao ficar com a mãe dela, fazia com que os dois não passassem dos pequenos carinhos amigáveis. Nem a tal massagem acontecia...
E, o triângulo amoroso que Fábio imaginou que seria entre ele, a mãe e a filha, acabou sendo entre ele, Dona Ângela e o macarrão com queijo. Bem, ao menos, o macarrão com queijo de Dona Ângela era tão delicioso quanto a própria.

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