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segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

A SAGA DO MONSTRO DO PÂNTANO, DE ALAN MOORE


MONSTRO DO PÂNTANO

Considerada uma das melhores revistas seriadas de todos os tempos, a fase de Alan Moore a frente do Monstro do Pântano realmente merece todos os elogios já feitos pra esta HQ. Se você nunca leu, sua oportunidade é esta, já que a Panini está republicando, em formato americano, a cores, e em papel pisa, que, a despeito de críticas de alguns leitores, deixa as cores mais bonitas (talvez por passar uma sensação de nostagia...).
O Monstro do Pântano foi criado por Len Wein, um grande criador de diversos personagens de HQ (inclusive o Wolverine, da Marvel), e o desenhista especializado em horror Bernie Wrightson, nos anos 70. Conta a história do cientista Alec Holland, que trabalhava no desenvolvimento de uma “fórmula biorestauradora”, pra ajudar no desenvolvimento de plantas em locais de pouca vegetação. Sabotado por gângsteres, ele é assassinado, mas seu corpo coberto com o líquido é envolvido pelo pântano do local, que o transforma em um ser feito de musgo, com força sobre humana. A revista teve vida curta, apesar de excelentes histórias. A “fama” do monstro gerou até um filme, anos depois, dirigido pelo célebre Wes Craven, o criador de “A Hora do Pesadelo”, e “Pânico”, entre vários outros filmes de terror.
Depois desse filme, a DC resolveu ressuscitar o monstro, em uma revista que, a princípio, não era muito bem recebida pelo público. Mas tudo mudaria quando o inglês Alan Moore foi contratado pra roteirizar a série. Quando Moore foi contratado, ela estava em vias de ser cancelada, por isso ele recebeu carta branca pra fazer o que bem entendesse com o personagem. Assim, logo em sua primeira história, ele faz com que o Monstro fosse assassinado pela organização paramilitar que o perseguia, dissecado, e, ao reviver, descobre que ele nunca foi o humano Alec Holland. Dessa revelação, várias mudanças foram acrescentadas ao longos dos anos seguintes, sempre seguidas de inovações de roteiro pra série. Novos poderes descobertos pela criatura impulsionam as histórias, além de modificar os relacionamentos dos personagens.
Outra inovação de Moore foi brincar com os gêneros narrativos. Em várias ocasiões, ele deixa de lado o fato do Mostro fazer parte do universo de super heróis, e ser uma revista de horror, pra fazer testes, como quando ele joga a criatura no espaço, ou quando usa o romance dele com Abigail Cable pra criar uma HQ romântica-erótica-poética. O resultado de toda essa miscelânea alterna entre o super competente e o genial. Uma verdadeira aula de como se contar uma história seriada sem perder o pique em momento algum.
E a equipe de artistas, em sua grande maioria Stephen Bissete, Rick Veitch, John Totleben, entre outros colaboradores convidados, faz um trabalho excepcional, conseguindo situar o leitor dentro da trama, e dos locais por onde as histórias se passam. Dá pra sentir a textura de uma verdadeira criatura feita de musgo e plantas, e sentir o cheiro dela, de tão perfeita que a arte é. Além do que, o estilo de Moore, que na maioria das histórias se parece com um conto ilustrado, devido à quantidade de texto nos recordatórios, exige uma arte mais “dura”, o que os artistas fazem, sem perder o ritmo narrativo inerente aos desenhos.
Alan Moore é considerado um dos mestres do quadrinho moderno, e não é pra menos. Além de ser autor de obras, como Watchmen, Piada Mortal, ou V de Vingança, com o Monstro do Pântano ele praticamente dá uma aula de roteiro, de experimentação com tramas dentro de uma série contínua. Um material imperdível pra qualquer amante da nona arte!


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