MONSTRO DO PÂNTANO
Considerada uma das melhores
revistas seriadas de todos os tempos, a fase de Alan Moore a frente do Monstro
do Pântano realmente merece todos os elogios já feitos pra esta HQ. Se você
nunca leu, sua oportunidade é esta, já que a Panini está republicando, em
formato americano, a cores, e em papel pisa, que, a despeito de críticas de
alguns leitores, deixa as cores mais bonitas (talvez por passar uma sensação de
nostagia...).
O Monstro do Pântano foi criado
por Len Wein, um grande criador de diversos personagens de HQ (inclusive o
Wolverine, da Marvel), e o desenhista especializado em horror Bernie Wrightson,
nos anos 70. Conta a história do cientista Alec Holland, que trabalhava no
desenvolvimento de uma “fórmula biorestauradora”, pra ajudar no desenvolvimento
de plantas em locais de pouca vegetação. Sabotado por gângsteres, ele é
assassinado, mas seu corpo coberto com o líquido é envolvido pelo pântano do
local, que o transforma em um ser feito de musgo, com força sobre humana. A
revista teve vida curta, apesar de excelentes histórias. A “fama” do monstro
gerou até um filme, anos depois, dirigido pelo célebre Wes Craven, o criador de
“A Hora do Pesadelo”, e “Pânico”, entre vários outros filmes de terror.
Depois desse filme, a DC resolveu
ressuscitar o monstro, em uma revista que, a princípio, não era muito bem
recebida pelo público. Mas tudo mudaria quando o inglês Alan Moore foi
contratado pra roteirizar a série. Quando Moore foi contratado, ela estava em
vias de ser cancelada, por isso ele recebeu carta branca pra fazer o que bem
entendesse com o personagem. Assim, logo em sua primeira história, ele faz com
que o Monstro fosse assassinado pela organização paramilitar que o perseguia,
dissecado, e, ao reviver, descobre que ele nunca foi o humano Alec Holland.
Dessa revelação, várias mudanças foram acrescentadas ao longos dos anos
seguintes, sempre seguidas de inovações de roteiro pra série. Novos poderes
descobertos pela criatura impulsionam as histórias, além de modificar os
relacionamentos dos personagens.
Outra inovação de Moore foi
brincar com os gêneros narrativos. Em várias ocasiões, ele deixa de lado o fato
do Mostro fazer parte do universo de super heróis, e ser uma revista de horror,
pra fazer testes, como quando ele joga a criatura no espaço, ou quando usa o
romance dele com Abigail Cable pra criar uma HQ romântica-erótica-poética. O
resultado de toda essa miscelânea alterna entre o super competente e o genial.
Uma verdadeira aula de como se contar uma história seriada sem perder o pique
em momento algum.
E a equipe de artistas, em sua
grande maioria Stephen Bissete, Rick Veitch, John Totleben, entre outros
colaboradores convidados, faz um trabalho excepcional, conseguindo situar o
leitor dentro da trama, e dos locais por onde as histórias se passam. Dá pra
sentir a textura de uma verdadeira criatura feita de musgo e plantas, e sentir
o cheiro dela, de tão perfeita que a arte é. Além do que, o estilo de Moore,
que na maioria das histórias se parece com um conto ilustrado, devido à quantidade
de texto nos recordatórios, exige uma arte mais “dura”, o que os artistas
fazem, sem perder o ritmo narrativo inerente aos desenhos.
Alan Moore é considerado um dos
mestres do quadrinho moderno, e não é pra menos. Além de ser autor de obras,
como Watchmen, Piada Mortal, ou V de Vingança, com o Monstro do Pântano ele
praticamente dá uma aula de roteiro, de experimentação com tramas dentro de uma
série contínua. Um material imperdível pra qualquer amante da nona arte!
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