1893.
Ela se considerava uma mulher à frente do seu tempo. Não
suportava as ideias conservadoras de sua época, as dificuldades de se realizar
pequenas tarefas, e o modo como as pessoas viviam. Ela queria mudar as coisas.
Queria ter outro estilo de vida. Sabia que era preciso mudar pra não morrer.
Assim são feitas as revoluções. Assim é a vida.
Um dia, ela o conheceu. O viajante do tempo. Vindo do século
XXI. O ano preciso, ele não quis revelar. Apenas que era do final do século. Ela
se encantou com ele, com seu jeito de ser, suas ideias e modo de vida. E
principalmente por ele respeitar uma mulher de ideias avançadas.
Ele estava apenas de passagem pra conhecer o passado, não
pretendia se interessar por uma mulher daquele período de tempo, afinal, pra
ele, acostumado com as mulheres modernas, não iria se dar bem com uma
provinciana. Mas ela tinha um quê de diferente, que o atraiu. Ficaram amigos,
com pretensões de algo mais.
Ele falava do futuro, das mudanças na sociedade. Ela adorava
adivinhar alguma mudança, e ficava encantada quando sua previsão chegava perto
da realidade do futuro. Mas em pouco tempo, algo parou de funcionar. Ela
parecia perder o interesse em saber como as coisas tinham mudado no futuro. Fora
suas adivinhações, ela não parecia realmente interessada em ouvir as histórias
dele sobre o mundo do amanhã. Quando ele falava, ela rebatia com algo que, na
sua concepção, mostrava que o passado era melhor. Não era desagrado pelas
inovações, mas desinteresse mesmo. A chatice de antigamente fazia parte de seu
ser, de uma forma que ela não imaginava.
Então, devido à falta de interesse dela em saber mais sobre o
futuro o fez parar de falar sobre isso. Acabado o período de férias do
viajante, ele voltou ao seu tempo. E assim terminou essa história, sem um
presente satisfatório.
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