HAGAR, O HORRÍVEL
Se existe um personagem de humor que parece que nunca vai
deixar de ser atual, esse personagem com certeza é o Hagar. O Viking criado por
Dik Browne em 1973 vem fazendo os leitores rir em vários países desde então.
Satirizando a cultura viking, mas principalmente traçando paralelos com o
cotidiano atual, Browne criava sacadas geniais com Hagar e seus coadjuvantes.
A editora Pixel acaba de lançar uma edição especial “O LIVRO
DE OURO DO HAGAR, O HORRÍVEL”, nos mesmos moldes do Livro de Ouro do Recruta
Zero. Uma coletânea das primeiras tiras produzidas por seu criador. Custando apenas R$19,90, o álbum pode ser
encontrado em bancas de jornais e lojas de quadrinhos. E, pra quem gosta de
humor, é uma edição imperdível!
O livro não publica as tiras na ordem cronológica (o que
seria bem mais legal, valorizando o trabalho “histórico” da edição), mas contém
tiras apenas dos anos 70, principalmente dos primeiros anos delas. E também há
uma divisão temática. Há as tiras estrelada por Hagar, depois as que mostram
sua vida familiar, tiras onde o foco é seu “primeiro oficial” Eddie Sortudo,
seu cachorro, e assim por diante, em suas 130 páginas.
As tiras do Hagar são de um humor simples, sutil, mas
inteligente. Se apoiam tanto na construção de cada personagem quanto nas
situações diversas do dia a dia pelo qual eles passam, seja o cotidiano dos
vikings quanto o nosso atual, “disfarçado” como naquela época. Não seria
exagero dizer que eles foram grande fonte de inspiração para os Simpsons, tanto
no estilo dos personagens (Hagar e Helga são muito semelhantes a Homer e
Marge), quando nas pequenas sátiras sociais, e mesmo no estilo cômico das
histórias. Lembro até de um episódio dos Simpsons em que Bart reclama que sua
mãe não o deixa ler Hagar, e Marge diz que acha sem graça.
Aliás, sobre a vida familiar, os “conflitos” entre Helga e
Hagar geram as melhores tiras e histórias. Forte e determinada sem ser pedante,
ela não é criada no clichê da esposa rabugenta, mas sim como o braço forte da
família, que cuida pra que tudo fique em ordem, principalmente dentro de casa.
Claro que não faltam piadas com as pequenas brigas de casal, com os hábitos
grossos de Hagar, e as diferenças entre homens e mulheres em uma relação.
Os filhos do casal são também uma atração à parte. Indo
contra o que se espera tradicionalmente dos gêneros, Hamlet, o menino, é
sensível e contra a violência, enquanto Honi, a filha mais velha, tem o ímpeto
de uma guerreira, embora esteja sempre procurando um marido (e os pretendentes
nunca são tão fortes quanto ela, diga-se de passagem).
Com isso, e outros elementos, as tiras dos personagens
agradam a todo tipo de leitores. E esta edição da Pixel, apesar de simples é
bem agradável, contendo também um texto de Otacílio d’Assunção sobre a origem e
criação do personagem.
Se você quer rir muito, compre esta edição, seja você um
viking ou não.
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