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sábado, 27 de setembro de 2014

BIDU CAMINHOS


A cada novo lançamento da coleção Graphic MSP, o primeiro impulso é o de comparar com as edições anteriores. Ao meu ver(não sei se todos concordam), “Astronauta Magnetar” e “Laços” sem querer, estabeleceram um parâmetro para os álbuns seguintes: ou são uma releitura que vai bem longe do original, como “Magnetar”, ou é fiel às originais, mas com um toque autoral, como “Laços”. A maioria das críticas que tenho lido sobre a série parecem apontar isso. Mas, fechada a “primeira fase” das Graphics, chega as bancas “Bidu – Caminhos” que mostra que as histórias são maias do que apenas isso.
Produzida por Eduardo Damasceno e Luís Felie Garrocho, a dupla que produziu “Achados e Perdidos”, a primeira HQ nacional financiada pelo Catarse, Bidu é uma história que, a primeira vista, pode contradizer a teoria que apresentei no parágrafo anterior, pois ela é basicamente uma forma autoral de recontar o primeiro encontro do Bidu com o seu dono Franjinha. Mas ela vai muito além disso. Primeiramente, o Franjinha é quase um coadjuvante na revista. Sim, ele aparece, e com certa importância pra história, mas o Bidu, que dá título à revista, é o verdadeiro protagonista.
A história mostra o Bidu como um cachorro de rua, que vive em um ferro velho. Expulso de sua “casa” por Rúfius, outro cachorro de rua, grande e bravo, ele vaga pelas ruas, até ter uma ideia: se deixar ser apanhado pela carrocinha. Assim, ele ao menos terá um teto e comida. Aqui cabe um adendo: ótima ideia dos autores de mostrar o canil como um lugar que cuida bem dos cachorros, bem diferente do que se costuma ver em histórias, que mostra canis como presídios pra animais, e seus funcionários como carcereiros cruéis. Aqui, os funcionários são boas pessoas, e o canil mais parece um spa pra cachorros. Bidu não é o único cão capturado pela carrocinha, mas Rúfius acaba indo parar lá também. Agressivo, um dia ele arma uma fuga. E vão juntos Bidu, e Duque, um cachorro que sente falta de sua dona.
A partir daí, a história é sobre a fuga deles, e como esse breve relacionamento entre os três promove uma leve mudança em suas vidas. Em especial, caro, Bidu, que parece reavaliar sua vida como um errante solitário.
E, ao mesmo tempo, em um toque simples mas genial dos autores, Franjinha, como um coadjuvante, vai seguindo sua trajetória paralelamente. Ele abre a revista falando com sua mãe que quer ter um amigo: um robô, ou um cachorro. Sua mãe o ajuda, e, nas “pausas” da trama do Bidu, é mostrado como sua aventura em busca de um cãozinho se desenrola. Genial, pois em cada aparição, é contada apenas uma parte da trama maior que o Franjinha planeja. E os fatos mostrados não parecem ter ligação com isso. Mas só aparentemente.
Outra grande sacada é o uso dos recursos da linguagem gráfica empregada pela dupla de autores. Assim como nas obras de Will Eisner, aqui as onomatopeias não estão apenas indicando sons, mas fazem parte do cenário e dos “objetos”. Um belo exemplo é quando Bidu esta com fome, e o “som” de seu estômago roncando agarra e aperta sua barriga. Outro ótimo recurso são as “falas”dos cachorros. Ao invés de palavras, os cães da HQ falam através de imagens. O que eles estão falando aparece desenhado nos balões de diálogo. Além de visualmente bacana, esse recurso faz com que os animais não se fiquem antropomorfizados, mas continuem sendo cachorros durante toda a HQ. E até denota a personalidade de cada um deles. Rúfius, por exemplo, “fala”através de diagramas de projetos. O que faz o leitor identificar nele uma atitude de falsa intelectualidade, um ar superior de quem apenas acha que está falando de forma inteligente, mas que não consegue se fazer entender pelos interlocutores. Seguindo esse mesmo raciocínio, é interessante notar como Duque é mais detalhista em seus diálogos, e Bidu fala com poucas imagens. Cada qual com sua personalidade, como eu disse.
Com uma história digna das animações que são indicadas ao Oscar, todas essas qualidades fazem de Bidu Caminhos uma leitura imperdível!


quinta-feira, 25 de setembro de 2014

EU, BATMAN!


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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

FRADIM


Não conhece o trabalho do Henfil? Um dos maiores artistas da HQ nacional de todos os tempos?
Então, aproveite a chance de conhecer, agora que a coleção FRADIM está sendo relançada.


COLEÇÃO FRADIM
Quem nunca ouviu falar de HENFIL? Bem, talvez os mais jovens não saibam, mas Henrique de Souza Filho foi um dos mais importantes cartunistas do Brasil. Com seu traço despojado de detalhismos, e seu humor crítico e politizado, a obra do cartunista é parte da história política do nosso país, além de ser influência de muitos dos grandes cartunistas e humoristas da atualidade.
Muitos de seus personagens representam a situação em que o país se encontrava na época, e não por acaso, muitas de suas tiras e charges foram proibidas pela censura da ditadura. Entre seus personagens mais famosos, estão a Graúna, e os Fradins.
Os Fradins (ou Fradinhos), são uma dupla de frades, Cumprido e Baixim. Cumprido é sério, e procura seguir com a vida correta, enquanto o Baixim é sarcástico e politicamente incorreto. Os personagens foram inspirados em dois padres franciscanos que o autor viu certa vez. Ele contou que um deles era alto e estava com um semblante sério, enquanto um mais baixo estava com um sorriso misterioso no rosto. Essa imagem o levou a criar essa dupla. Confesso que a primeira vez que tive contato com as charges da dupla, fiquei chocado ao saber que naquela época já se fazia esse tipo de humor sem amarras do falso moralismo. E engraçadíssimas!
Em 1970, Henfil criou a revista FRADIM, que publicava seus personagens. Com uma periodicidade inconstante, a revista durou 31 edições, e publicou vários dos personagens de Henfil acompanhando os Fradinhos. Graúna, Zeferino, Bode Francisco, entre outros. A revista terminou em 1980, mas Henfil continuou produzindo e publicando até seu falecimento, em 1988. Ele se foi, mas seu desenho ficou na memória de todos os leitores de quadrinhos do Brasil.
Agora, uma parceria entre a ONG Henfil, e o Instituto Henfil está trazendo de volta todas essas edições da revista Fradim, além de um “número zero”, pra apresentar a coleção e os personagens.exatamente como elas foram publicadas pela primeira vez, no formato tablóide. Incluindo até mesmo as sessões de cartas, onde o autor faz verdadeiros debates com os leitores sobre as atualidades do país, além de seus trabalhos.
Aliás,falando em atualidades, o leitor que nunca leu nada do Henfil vai se surpreender com a atemporalidade dos seus trabalhos. As histórias continuam atuais. Muitas das críticas feitas à época poderiam ter sido feitas hoje. Como se nossa situação não tivesse mudado. Um grande artista é assim: Eterno!

terça-feira, 23 de setembro de 2014

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

20TH CENTURY BOYS


Um dos melhores mangás em bancas atualmente. De Naoki Urasawa, o mesmo autor de Monster.
Leia minha resenha aqui: http://artecompipoca.net/index.php/20th-century-boys/, publicado originalmente em 2014.

20th CENTURY BOYS
Se eu puder eleger os dois melhores mangás em bancas brasileiras atualmente, escolho “Monster” e 20th Century Boys”, não por acaso ambos escritos e desenhados por Naoki Urasawa. Um dos mestres dos mangás adultos de suspense, ele cria tramas cheias de reviravoltas, e personagens críveis. Pra aqueles que não são leitores assíduos de mangás, e que torcem o nariz ao ver qualquer mangá juveni super colorido nas bancas, saiba que este é um mangá dirigido ao público adulto. Tanto a trama quando o estilo de roteiro e desenhos são diferentes dos mangás que são voltados apenas aos jovens. Aqui há uma história mais densa, narrada com a precisão necessária. E os desenhos procuram ser mais realistas.
Em 20th Century Boys (título tirado de uma música da banda setentista T-Rex, e que tem bastante a ver com momentos da história), a história começa no fim dos anos 90, quando Kenji Endo, um adulto dono de uma loja com a mãe e a sobrinha, que sonhava me ser um astro do rock acaba tomando conhecimento de uma conspiração política envolvendo todo o Japão, e talvez o mundo. Essa conspiração está sendo arquitetada por um político que nunca mostra o rosto, e é chamado apenas de “Amigo”. Fundador do “Partido da Amizade”, uma seita que utiliza como plano de dominação mundial as histórias criadas pelo próprio Kenji e seus amigos, quando eram crianças no final dos anos 60.  Os planos dos garotos eram se tornarem heróis, salvando o mundo de ameaças como robôs gigantes movidos a energia nuclear. Mas o “Amigo” vai usar esses planos para trazer mais pessoas para sua seita, e dominar o Japão.
Nas primeiras edições, o autor constrói a trama de conspiração ao mesmo tempo em que nos apresenta os personagens, em sua vida adulta, e sua infância, em flashbacks passados nos final da década de 60. Kenji acredita que o tal “Amigo” é uma das crianças de seu grupo, mas não consegue sequer lembrar detalhes de seu plano de salvar o mundo. E pra impedir os planos do “Amigo”, é preciso lembrar de todas essas informações. Uma verdadeira corrida contra o tempo, pois o plano do vilão tem data marcada para acontecer: a virada do milênio.
Essa é a trama dos primeiros volumes. Mas Urasawa narra com uma abundância de detalhes, e com uma construção perfeita de cada um dos envolvidos nela, que o leitor consegue sentir a vida de cada um dos personagens da história. Mesmo os que aparecem pouco. Ao mesmo tempo em que vamos conhecendo cada vez mais detalhes do passados dos garotos, tomamos conhecimento dos eventos que antecederam esse “fim do mundo” programado para a virada do milênio.
E, como um grande mestre da narrativa, em pouco volumes Naoki Urasawa dá um salto cronológico, e a história avança até o ano de 2014. Bem no momento em que o nosso grupode heróis iria investir contra o ataque do “Amigo”. Neste mundo “futurista”, o Japão está em paz. Tudo graças ao “Amigo”, considerado o grande herói do “Reveillon de Sangue”. E o Partido da Amizade domina o país, em um estado ditatorial disfarçado, quase como em 1984, de George Orwell. Nesse mundo, Kana, a sobrinha de Kenji é a nossa nova heroína. Ela sabe o que realmente aconteceu na virada do milênio, mas a princípio não pode fazer nada. Mas quando uma nova conspiração começa a se aproximar dela, a trama retoma sua narrativa de suspense.
E, quando acreditamos que a revista será agora apenas sobre a heroína em 2014, eis que novos flashbacks recontam o que aconteceu nos anos entre esse salto cronológico. Mas, ao contrário do que pode parecer a princípio, o autor não se perde, e não faz com a história fique dividida entre o antes e o depois do “Reveillon de Sangue”. Independente de qual tempo está sendo mostrado na trama, há um senso de unidade o tempo todo. O leitor que for fisgado nos primeiros números da revista, com toda a certeza vai querer continuar acompanhando até o final (como eu). Ao todo, a série possuirá 22 volumes, e no Brasil está sendo publicado pela Panini.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

HELLBLAZER INFERNAL - HÁBITOS PERIGOSOS


Um homem descobre que está com câncer terminal no pulmão. Mas decideo que não vai se entregar tão facilmente. Não, eu não estou falando do Wlater White, mas de John Constantine, o maior e mais famoso mago dos quadrinhos adultos, criado por Alan Moore em 1985, durante sua passagem pela revista do Monstro do Pântano. Em um encadernado que acaba de ser lançado pela Panini, ele enfrenta um mal que talvez nenhum de seus “poderes” e conhecimento de magia poderão ajudar a vencer.
Publicado Nos EUA em 1991 na revista mensal do mago, HELLBLAZER, a saga começa quando John descobre que está com câncer terminal, devido ao uso abusivo de cigarro. Quem conhece o personagem sabe que um dos seus charmes é justamente esse vício. O cigarro dá ao personagem um ar de malandro, que só ajuda a acentuar sua canalhice. Assim, Garth Ennis, na época estreante no mercado americano, teve a brilhante ideia de começar sua fase na revista com a descoberta de que o protagonista está às portas da morte devido à isso. “O que eu poderia fazer com ele que ainda não havia sido feito? Matá-lo, talvez.”, diria o autor mais tarde.
Quem conhece o trabalho atual de Ennis pode achar bem estranho este arco inicial de Hallblazer, pois o humor negro e violência “tarantinesca” que se tornou marca registrada dele não se encontra nesta HQ. Talvez por ainda estar amadurecendo como escritor, por Constantine ser um personagem mais sério, ou devido a temática da trama, o humor não se encontra. De certo modo, ainda bem, pois um pouco do humor dele hoje em dia é muito exagerado. A seriedade em Hellblazer faz parte da essência da revista, mesmo que alguns poucos momentos sejam leves, devido ao humor do próprio Constantine.
A primeira parte da história é a mais verborrágica. Praticamente toda contada a través de recordatórios, começa com John em um café, pensando sobre a vida, e os acontecimentos após a descoberta da doença, e os estágios pelos quais a pessoa passa nessa situação. Poucos diálogos, mas sem deixar a história chata. Um recurso pra aproximar o leitor do drama que deve ser a situação de se descobrir com câncer.
A partir da segunda parte, a história já ganha mais movimento, com John primeiramente procurando um velho amigo também mago, com a intenção de encontrar uma cura mágica. O amigo, Brendan Finn, também está morrendo, e cabe a John salvar sua alma do Diabo, que vai em pessoa recolhe-la. A forma como John ludibria o tinhoso é digna dos melhores momentos deste personagem tão sacana, e faz com o Demônio (mais tarde chamado de “Primeiro dos Caídos”) passe a perseguir Constantine durante toda a passagem de Ennis pela revista (que durou mais de 40 edições, entre 1991 até 1993, quando Ennis passou a escrever sua obra prima, PREACHER).
Nas histórias seguintes da saga, John se despede dos familiares, até que uma inusitada ideia lhe surge à mente: vender a alma para três demônios, em seguida, tentar o suicídio. Como isso poderá ajudá-lo a vencer o câncer? Melhor deixar o leitor ler, pois é um planos mais geniais que já vi em histórias de terror. E ainda há espaço para o drama, na forma de um novo amigo que John faz, um idoso interno do hospital, também com câncer terminal.
Considerada como uma das melhores histórias do personagem (se não for A melhor), este arco serviu até mesmo de inspiração para o filme do personagem, de 2005, com Keanu Reeves. Apesar de pouco fiel às hq’s, o fato de John estar com câncer serviu de base do roteiro, assim como a participação do anjo Gabriel na trama. E não duvido nada se esta saga servir de trama para o vindouro seriado Constantine (Com o câncer durando toda uma temporada, talvez?).
A revista possui apenas um defeito: os desenhos. O traço de Will Simpson são um tanto feios, com uma falta de coerências nas feições de todos os personagens durante toda a história, mas pelo menos o desenhista domina o ritmo narrativo, e a leitura é ótima assim mesmo. A mudança de arte finalista em cada edição também contribui para a essa inconstância das feições dos personagens.
Após a conclusão da fase inicial do personagem, em “Hellblazer Origens”, a fase seguinte começa com o título “Hellblazer Infernal”, e, para o leitor que ainda não teve o prazer de ler a fase Garth Ennis, é uma das melhores do personagem. Ennis escreveu um Constantine mais humano, no sentido de ser mais próximo de uma pessoa real. Um cara comum que só quer beber com os amigos, e que sabe que seu principal poder mágico é a esperteza. Claro que, sem deixar de lado os monstros e demônios do dia a dia dele.
A edição inicial tem 212 páginas, possui 8 histórias da saga “Hábitos perigosos” e seu epílogo, e já está nas bancas. Essas histórias já haviam sido lançadas no Brasil, primeiramente pela editora Abril, em 1995, nos primeiros números da revista VERTIGO. Anos depois, a Pixel publicou Hábitos Perigosos como encadernado, mas sem o epílogo. Agora, teremos a história completa, além da promessa da Panini de publicar toda a fase Ennis. Acredito que, se o leitor nunca leu nada do personagem, pode acontecer o mesmo que aconteceu comigo quando li a edição da editora Abril: ficar fã do personagem, e começar a colecioná-lo. Garanto que você não vai se decepcionar.



quinta-feira, 18 de setembro de 2014

VIDA DE INSPETOR DE ALUNOS # 48


Tem professor que só falta isso mesmo...
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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

DARK HORSE APRESENTA


O mercado nacional pra quadrinhos adultos está em um bom momento. Se os super heróis ainda dominam o mercado, e os preços das hq’s adultas está nas aulturas, pelo menos tem muita coisa boa sendo lançada. E a editora HQM está lançando uma nova revista mensal que tem tudo para ocupar o lugar da finada Vertigo como a principal revista mensal de hq’s adultas do mercado.
Com 84 páginas, e papel de qualidade, a revistas é uma versão da homônima americana, e trás várias hq’s curtas, algumas completas, outras seriadas, de grandes autores do meio. Só o fato de ter uma HQ do “Concreto” já é motivo de alegria! Quem não conhece o personagem criado por Paul Chadwick, não sabe quem é um dos melhores personagens criados. Concreto é um homem que foi  abduzido por alienígenas, e teve o corpo transformado em pedra. Agora ele usa suas capacidades modificadas para ajudar as pessoas. Mas sua real intenção é conquistar o coração de sua amiga e agente, Maureen. Nesta primeira edição da revista, vemos um passeio noturno com o cachorro acabar em um caso de polícia com duas situações que se amarram brilhantemente. Chadwick é um ótimo contado de histórias.
Além dessa HQ chama a atenção um conto de Natal diferenciado de Mike Mignola (o criador do Hellboy), que, sem muitas explicações, nos mostra o que pode ser uma outra versão do Papai Noel. Conhecendo Mignola, provavelmente é uma versão folclórica atualmente “esquecida”de algum país europeu. Muito boa!
Além desses, há outros autores “top de linha”, como Howard Chaykin, Neal Adams, Richard Corben, e até um conto do “Bad Boy da FC” Harlan Ellison. Também há um preview curto de Xerxes, a nova HQ do Frank Miller, junto à uma entrevista com ele, comentando sobre a HQ, e sua relação com “300”.
Para uma primeira edição, a HQM acertou em cheio, trazendo lado a lado os grandes veteranos com autores desconhecidos por aqui. O único porém vai pela própria proposta da revista original em trazer hq’s curtas. Se por um lado, é bom pra ter uma maior variedade (a Juiz Dredd Megazine que o diga), por outro alguns dos artistas acabaram fazendo primeiros capítulos de HQ’s que não dizem nada sobre sua trama. Neal Adams com seu “Blood”, e Howard Chaykin com “Marked Man” são os exemplos disso. Não dá pra saber se serão histórias boas ou não, já que as poucas páginas são insuficientes pra dizer algo sobre elas. Mas, pra quem conhece os respectivos autores, ao menos dá pra reconhecer que eles ainda estão em ótima forma.
Já Carla Speed McNeil, com sua “Finder”, se saiu melhor. No expediente consta com sendo capítulo 1, mas a história é tão concisa e direta, que parece estar completa. Mesmo que nas próximas edições tenham mais aventuras do seu personagem, esta história já se completa por si. E que história! A autora está de parabéns! Com um traço simples (lembra uma mistura de Darwyn Cook com Mike Allred), ela conta em apenas 8 páginas a história de um bandido que tenta arrumar um emprego normal de entregador. Poucos diálogos e muitas informações contadas pelos desenhos fazem desta uma ótima leitura. Nunca ouvi falar dessa autora, mas de cara, ela me conquistou. Se as próximas histórias desse personagem forem tão divertidas quanto essa, já é um bom motivo pra continuar comprando a revista.
O restante da revista não faz feio. Pra quem acha que o mercado das grandes editores americanas é feito só de super heróis e histórias próximas desse gênero, DARK HORSE APRESENTA é uma grande surpresa. As hq’s curtas de humor aqui presentes lembram mais o tipo de HQ’s que vês mais nas antologias europeias. Com certeza, se as vendas forem boas, e se a editora fizer um bom trabalho de divulgação, teremos uma séria candidata a “melhor HQ mensal pra adultos” da atualidade. Vamos torcer!

terça-feira, 16 de setembro de 2014

RECITAL DE POESIA


Eu nem gosto de futebol, e estou fazendo uma tira dessas? É o fim do mundo, mesmo...
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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

BATMAN - ANO UM


Em 1986, logo após terminar sua clássica O CAVALEIRO DAS TREVAS, Miller se juntou ao artista David Mazzuchelli, com quem havia feito “A Queda de Murdock” para o Demolidor, e juntos, começaram a recontar a origem e os primeiros dias de Batman como combatente do crime.
Em quatro capítulos, Miller começa mostrando a chegada de Bruce à sua cidade, após os anos de estudo e treinamento no exterior, paralelamente à chegada de Gordon. O primeiro capítulo é focado nos dois se adaptando a nova cidade. Enquanto vemos Bruce Wayne dando seus primeiros passos no combate ao crime, vemos Gordon (então, um tenente) conhecendo como funciona toda a corrupção policial da cidade, com o aval do comissário Loeb.
Com cortes temporais marcados pelas datas do ano em que a cena ocorre, Miller nos leva rapidamente às ações que moldaram os personagens, e em poucas páginas, vemos várias semanas que mostram como cada um foi ficando mais maduro em sua determinação.
No primeiro capítulo, Bruce tem mais destaque, com sua desastrosa  primeira investida contra o crime, terminando com a clássica cena em que um morcego quebra sua janela, da ndo-lhe a inspiração para criar um uniforme. Do segundo capítulo em diante, Gordon se torna o protagonista, tendo Batman como uma figura mitológica da cidade, quase sempre aparecendo nas sombras. Assim, Gordon representa como a cidade vê o surgimento de um vigilante vestido de morcego fazendo o que a polícia não faz.
Ao deixar o Batman levemente de lado, Miller faz da história algo “mágico”, pois além do fato de conhecermos James Gordon como uma pessoa com conflitos mais dramáticos, ele foge de ter que mostrar pela enésima vez o drama psicológico de Bruce Wayne, suas motivações, etc, etc. Ele se torna o Batman, e pronto! Agora, vamos ver como os cidadão de Gotham reagem a isso, e como a polícia o trata. De certo modo, deixa a HQ até mais realista.
Outro destaque à a presença da Mulher Gato. Em poucas páginas, Miller define com precisão a prostituta que decide “mudar de carreira”, se inspirando no Morcego para praticar roubos. Ela, diferente de outros bet-vilões (e até mesmo de suas versões anteriores) não sofre de nenhuma perturbação psicológica, apenas se fantasia para roubar. Simples. Ela acabou chamando tanta atenção que a DC tentou convencer Miller a fazer uma história com a origem dela. Não entraram em acordo, e anos depois, outros autores fizeram a tal história, sem o mesmo brilho de “Ano Um”.
BATMAN – ANO UM se tornou um marco nos quadrinhos, por sãs características únicas como uma forma de modernizar de forma mais “adulta” as origens e motivações de personagens, além de ser considerada até hoje como a história definitiva de como Batman começou sua carreira, desde então, fazendo parte da cronologia, e servindo de base para todo roteirista que decide recontar a origem dele. A HQ também serviu de base para o filme BATMAN BEGINS, além de ter uma adaptação feita em animação super fiel. 

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O ESTIGMA DO BATMAN


Uma HQ sobre a influência do Batman na vida de um fã, no mundo real. Criativa, e tocante. Leia minha crítica aqui: 

O ESTIGMA DO BATMAN
Em 2000, a DC publicou uma curta série que tinha uma proposta genial: “Mundo Real”, uma espécia de “Elseworlds”, mas com histórias que se passavam em nosso mundo, onde os super heróis são nada mais que personagens de gibis. Nessas histórias, os feitos dos gibis influenciam a vida de personagens da vida real. Apenas dois volumes foram publicados aqui no Brasil, sendo o primeiro deles O ESTIGMA DO BATMAN, uma das melhores e mais tocantes.
Magistralmente escrita por Christopher Golden e Tom Sniegoski, e ilustrada por Marshal Rogers, que já havia feito uma fase do Morcego nos anos 70, a história se passa em 1989, a poucos dias da estreia do primeiro filme do Batman dirigido por Tim Burton, e apresenta Charlie Duffy, um rapaz de 28 anos que possui uma leve deficiência intelectual, e acredita que é o Batman, seu herói favorito. Ele possui vários utensílios e memorabília do Batman, além se sempre andar com uma camiseta com o emblema do morcego estampada. Em seu dia a dia, ele age como se estivesse em um episódio da bat-série dos anos 60.
Quando criança, ele tinha uma melhor amiga, Clarissa, que era a sua Robin. Os dois brincavam pelo bairro usando as fantasias da dupla dinâmica. Mas um dia, Clarissa precisou mudar, e os dois nunca mais se viram. Passados mais de 10 anos, uma moça aparece no mercadinho em que Charlie trabalha, e rouba um produto. Charlie acredita que a ladra é a Robin que voltou. Para ele, talvez ela tenha sofrido lavagem cerebral por algum vilão. E, ao encontrar ela com um marginal, ele acha que este é o Coringa, e tenta salvá-la. Mas uma pessoa como Charlie não sabe com lidar com marginais violentos e viciados em drogas, por isso, ele acaba se dando mal em alguns momentos.
Esta história é uma das mais tocantes hq’s que já tive o prazer de ler. Personagens com algum distúrbio mental sempre me agradaram, como Forrest Gump, Rain Man, etc. Esta hq segue o mesmo estilo, de ser uma história singela, emotiva, com aquele gosto do olhar inocente que uma pessoa nessa condição tem sobre o mundo . Há momentos em que você ri das situações. É engraçada a forma como Charlie age, acreditando que é o Batman. Mas ao mesmo tempo, quando as mazelas do mundo real se chocam com ele, na forma da Clarissa adulta e envolvida com o crime, chega a ser triste.
Os autores conseguem trazer uma história perfeita em sua proposta, sem ser piegas, nem tocar na deficiência de Charlie de forma “didática” (por falta de uma palavra melhor), com personagens muito bem construídos, com diálogos e motivações bastante realistas. São pessoas que agem como gente do mundo real, coisa rara de ser ver em quadrinhos. E o desenho de Marshal Rogers, bem diferente do traço estilizado que ele usou quando de sua passagem pelas revistas do Morcego nos anos 70 (uma fase muito elogiada pelos fãs). Aqui, ele usa de um estilo realista, com enquadramentos tradicionais. Tanto que, em algumas páginas, o uso de recursos mais ousados não funcionou bem. Mas nada que atrapalhe o andamento da trama.
E, de “brinde”, esta HQ tem uma bela homenagem ao lançamento do filme do Batman, em 1989. Curioso ver a “batmania” da época pelos olhos de Charlie. E forma como ele demonstra sua devoção para o Batman que se conhecia popularmente até então, o do seriado, para o “Batman Cruel” (palavras dele), depois do lançamento do filme.
Por isso, além de recomendar esta excelente história, eu a indico como tributo dos 25 anos da estreia do filme, em 23 de junho de 1989.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O SOMBRA - O FOGO DA CRIAÇÃO


"Quem sabe o mal que se esconde no coração dos homens?"
Leia minha crítica desta HQ, e descubra!


O SOMBRA
O Sombra é um dos personagens mais interessantes criados na época dos pulps. Com sua capa e chapéu, o rosto coberto por um cachecol vermelho, e seu par de colts, ele executa os bandidos de forma implacável, e também usando  um certo poder místico para acabar com o crime da Nova Iorque dos anos 30, além de seu bordão “ Quem sabe o mal que se esconde no coração dos homens? O Sombra sabe!”
Na verdade, o personagem surgiu como apresentador de um programa de rádio, em1930. Mas o sucesso o fez virar protagonista, tendo mais tarde migrado para os pulps e para os quadrinhos. Sua mais recente encarnação nos quadrinhos saiu nos EUA pela Dinamite, cujo primeiro arco, escrito por Garth Ennis, foi publicado aqui no final do ano passado, pela Mythos. Entitulado “O Fogo da Criação”, o encadernado contém os primeiros seis números da revista, e mostra o Sombra enfrentando um perigo para o mundo durante a Segunda Guerra Mundial.
Pra quem não está familiarizado com o Sombra, basta saber que ele é a identidade secreta do milionário Lamont Cranston, embora ele também seja conhecido por ter outras identidades secretas, e aparentemente, ele assume várias identidades para poder agir pelo mundo todo, em seu combate ao crime. Quando ele veste as roupas do “herói”, se torna um vigilante dos mais violentos já visos nas histórias policiais.
Na trama, Cranston é “contratado” pelo serviço secreto americano para investigar e impedir os planos de um criminoso japonês, e seu comparsa chinês, que podem mudar os rumos da Segunda Guerra. Um enredo, que, apesar de se passar durante a Guerra, aqui é mostrado mais o lado de espionagem da época. Ennis já declarou ser fãs de histórias de guerra, e aqui se mostra não apenas um apreciador do gênero, mas um grande conhecedor de história.
Apesar de fugir bastante do universo tradicional do personagem, cuja maioria das histórias clássicas sempre foram mais urbanas, mostrando o vigilante caçando gângsteres, Ennis criou uma boa história de espionagem, no melhor estilo dos grandes filmes atuais do gênero. A trama segue os parâmetros do estilo, com os vilões desenvolvendo um plano secreto, que é investigado pelo herói ao mesmo tempo em que está sendo tramada, levando todos até um confronto no final, salvando o mundo no “último momento”. Talvez o que possa causar maior estranheza nos fãs do Sombra seja o fato de que o vigilante aparece pouco, enquanto Lamont Cranston protagoniza a saga a maior parte do tempo.
Claro que, em se tratando de um escritor de qualidade como Ennis, a história procura fugir dos clichês fáceis do gênero, se mostrando uma história com uma boa dose de originalidade. E, para quem conhece Garth Ennis como amalucado escritor de Preacher e outras sagas cheias de violência e humor negro, aqui ele se mostra bastante contido. Quase como em sua fase inicial em Hellblazer. Infelizmente, há um pouco do “Ennis de sempre” na forma de Pat Finnegan, um personagem irritante, que parece estar ali apenas como o alívio cômico que o escrito sempre gosta de colocar. Infelizmente, uma cópia de todos os outros personagens do tipo que ele costuma colocar em suas histórias (já vi vários assim em Hitman, por exemplo).
O traço de Aaron Campbell é belo e realista, com um ótimo “feelling” para o ritmo narrativo, e não cansa em momento algum, como acontece com alguns desenhistas de traço realista. Pelo contrário, seu desenho é ideal para acentuar o clima “retrô” que a história pede. Outra boa característica do artista são as cenas de ação, sem modificar seu estilo de enquadramento, ele cria as imagens com a mesma competência com que faz as cenas “paradas” da história.
A edição da Mythos é luxuosa, com preço a altura. Poderia ter sido publicada em uma versão mais simples, por não se tratar de um material tão “top de linha”, mas, apesar disso, a qualidade da edição é competente, e agradável. Talvez o chamariz seja o nome de Ennis na capa. Mas, pra quem é fã do personagem, é imperdível. E, pra novos fãs, uma boa leitura, que pode servir de introdução ao universo deste maravilhoso personagem.

sábado, 6 de setembro de 2014

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

HOMEM GRILO & SIDERALMAN


Um inusitado encontro de dois super heróis nacionais! leitura divertidíssima! Leia minha resenha aqui:

HOMEM GRILO & SIDERALMAN
Quem disse que os super heróis nacionais não se encontram em crossovers?
Foi lançada recentemente, a revista HOMEM GRILO & SIDERALMAN, revista independente que une os dois personagens em uma mesma aventura.
Pra quem não os conhece, os dois heróis são criações nacionais que figuram no meio independente, em revistas e sites. E são personagens que fogem dos padrões  americanos, com histórias focadas no bom humor brasileiro, mas sem deixar a aventura de lado. Vale a pena ir atrás de cada um deles, pra ler ótimas histórias. O Homem-Grilo é uma criação de Cadu Simões, e Sideralman, de Will. Ambos integrantes do Coletivo Petisco.
Esta HQ já começa bem pela capa, que presta uma homenagem ao clássico primeiro encontro de Super Homem e Homem Aranha, que foi o primeiro crossover DC/Marvel, ainda nos anos 70. E, o que é ainda melhor: a história não segue os clichês, mas brinca com eles. O roteiro de Cadu Simões é enxuto, e com um timing perfeito para as piadas. Ele não faz como muitos humoristas de quadrinhos, que procuram encher cada página com diálogos engraçadinhos. Ao contrário, ele transforma a história inteira em uma grande piada. E sem perder o ritmo em momento algum.
Eu fico tentado a contar detalhes da história, mas tenho receio de que qualquer coisa que escrever possa estragar a surpresa do leitor. Acho que o melhor mesmo é ler sem ao menos folhear antes. E ir apreciando a trama aos poucos, como ela própria se apresenta. Digamos apenas que o Sideralman aparece em Osasco City, o lar do Homem-Grilo, atrás do PROF. CÉREBRO, que se uniu ao DR. LOUVA-A-DEUS, em um plano conjunto. Os dois heróis se encontram, e daí... Leia e descubra! O final da história usa um recurso que pode parecer um anti-clímax, mas que pega o leitor de surpresa. Genial!
Além desta, há outra história, também com roteiro do Cadu, mas com arte de Alexandre Coelho, que mostra o herói “Cricket Rider”, que seria a versão “tokusatsu” do Homem-Grilo. Tão divertida quanto a história título, ela mostra um jovem entregador de pizza que se transforma no herói, e precisa enfrentar um monstro bem no meio de uma entrega.
E, completando a revista, jogos, tiras com os vilões do Homem-Grilo, e pin-ups com artistas conhecidos do meio independente homenageando os heróis da revista.
Com 36 páginas, formato americano e custando apenas R$ 10.00, é uma ótima aquisição pra quem gosta (ou quer conhecer) os quadrinhos independentes nacionais!
A revista pode ser encontrada em lojas especializadas em quadrinhos, algumas bancas, ou pela internet.


terça-feira, 2 de setembro de 2014

STIEG LARSSON ANTES DE MILLENIUM


Uma HQ imperdível para os fãs de "Os Homens que não Amavam as Mulheres", que conta trechos da vida do autor dos livros. Leia minha crítica: 


STIEG LARSSON ANTES DE MILLENIUM
STIEG LARSSON, caso você não saiba, é o autor da famosa “Trilogia Millennium”, onde o repórter MIkael Blomkvist e a hacker Lisbet Salander investigam assassinatos de mulheres em uma trama que envolve o fascismo da extrema direita com o mais cruel machismo da sociedade atual. Ativista de esquerda, o autor sempre esteve engajado nas lutas dos direitos civis dos menos afortunados na Europa, principalmente em seu país natal, a Suécia. Por isso, usou de seus livros de ficção para denunciar os atuais acontecimentos políticos na região nórdica. Sua morte, em 2004, antes da publicação do primeiro livro da trilogia, o privou de ver o sucesso de sua obra, que se tornou um dos livros policiais mais vendidos no mundo todo, além de ter sido adaptado para o cinema em seu país de origem (leia aqui), e nos EUA (aqui).
Em 2012, anos após seu falecimento, o documentarista Guillaume Lebeau, juntamente com o desenhista Frédéric Rébéna lançaram uma biografia de Larsson em quadrinhos. Essa obra, publicada aqui no Brasil pela editora VENETA (a mesma que publicou A ARTE DE VOAR), foge do padrão tradicional das biografias, tanto em quadrinhos quanto em qualquer outro meio, por não ser apenas a história do biografado narrada de forma linear. Talvez por isso, ela pode ser considerada por alguns como superficial, por não se aprofundar nos fatos da vida do escritor. Mas, ao procurar por outro foco, e HQ acaba sendo algo mais do que apenas a vida dele. Ela procura ser uma forma psicológica, e, de certo modo, poética, de mostrar os acontecimentos aparentemente isolados da vida dele que formaram seu caráter como ativista político.
Há uma história cerca da criação dos livros, que diz que, por volta dos 15 anos de idade, ele foi convidado por amigos à participar de um estupro coletivo. Ele não participou, mas, mesmo sentindo pela vítima, não interferiu, por lealdade aos colegas. Algumas fontes dizem que esse fato nunca aconteceu de verdade, mas segundo Joakim Larsson, irmão do autor, foi o evento que o levou a lutar pelos direitos das mulheres, e a criar a trama dos livros, anos depois. Mas esta história não está nesta HQ.
Temos nessa HQ três capítulos distintos, cada qual em um período da vida de Stieg. O primeiro, passado em 1962, mostra Stieg ainda criança, quando morava com os avós. Em uma tarde caçando raposas com seu avô, um homem sábio que ensina ao jovem Stieg sobre os males do mundo da política, em uma bela simbologia, com a raposa representando os poderes fascistas que querem dominar e oprimir o homem.
A segunda história se situa em 1977, na África, onde Larsson, já adulto, e com conhecimentos de combate armado, precisa treinar guerrilheiras amazonas. Entre a paixão e o dever, ele é um homem que vive sob a sobra da raposa, que tenta dominar cada vez mais a sociedade. E na terceira história, em 1995, temos o autor que está em vias de criar sua obra prima. Pensando em  casamento, ao mesmo tempo em que não sabe como colocar no papel todas as suas ideias pra uma história que servirá de pano de fundo para denunciar o crescente extremismo do fascismo na Suécia.
São, de certo modo, histórias que não se aprofundam muito nos aspectos gerais da vida de Stieg Larsson, nem dos detalhes da criação de Trilogia Millennium, mas que servem de guia pra nos fazer entender as entrelinhas políticas e sociais que a trama dos seus livros carregam, e que, a primeira vista, não compreendemos. Ao mesmo tempo, vemos como o autor se confunde com seus personagens. Stieg é, ao mesmo tempo, o sensível Mikael Blomkvist, e a impetuosa Lisbet Salander.
Ao final da história, a edição possui uma completa biografia cronológica do autor, que, juntamente com as HQ’s, servem pra nos fazer entender melhor a mente de Larsson. Quase como um complemento da HQ, ou vice-versa.
O roteiro de Lebeau é tradicional na forma como ele conduz a história, mas bastante cinematográfico. E, apesar do autor ser um documentarista, a HQ não apresenta as características de um file documental, mas de uma obra de ficção. O que move a história são os diálogos e as ações, sem os recursos (ruins) dos recordatórios. Os desenhos de Rébéna parecem saídos de uma HQ antiga de terror, em muitos momentos parecendo mais rascunhos. Mas, apesar disso, são “rascunhos bem acabados”, com personagens expressivos, e um belo conjunto de luz e sombra. Talvez o único pecado dessa HQ seja o excesso de diálogos. Fora isso, é uma obra ideal para quem quer conhecer mais sobre a vida do autor de uma das melhores histórias policiais feitas nas últimas décadas.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

ASSUNTOS PRIVADOS


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