Em 1986, logo após terminar sua
clássica O CAVALEIRO DAS TREVAS, Miller se juntou ao artista David Mazzuchelli,
com quem havia feito “A Queda de Murdock” para o Demolidor, e juntos, começaram
a recontar a origem e os primeiros dias de Batman como combatente do crime.
Em quatro capítulos, Miller
começa mostrando a chegada de Bruce à sua cidade, após os anos de estudo e
treinamento no exterior, paralelamente à chegada de Gordon. O primeiro capítulo
é focado nos dois se adaptando a nova cidade. Enquanto vemos Bruce Wayne dando
seus primeiros passos no combate ao crime, vemos Gordon (então, um tenente) conhecendo
como funciona toda a corrupção policial da cidade, com o aval do comissário
Loeb.
Com cortes temporais marcados
pelas datas do ano em que a cena ocorre, Miller nos leva rapidamente às ações
que moldaram os personagens, e em poucas páginas, vemos várias semanas que
mostram como cada um foi ficando mais maduro em sua determinação.
No primeiro capítulo, Bruce tem
mais destaque, com sua desastrosa
primeira investida contra o crime, terminando com a clássica cena em que
um morcego quebra sua janela, da ndo-lhe a inspiração para criar um uniforme. Do
segundo capítulo em diante, Gordon se torna o protagonista, tendo Batman como
uma figura mitológica da cidade, quase sempre aparecendo nas sombras. Assim,
Gordon representa como a cidade vê o surgimento de um vigilante vestido de
morcego fazendo o que a polícia não faz.
Ao deixar o Batman levemente de
lado, Miller faz da história algo “mágico”, pois além do fato de conhecermos
James Gordon como uma pessoa com conflitos mais dramáticos, ele foge de ter que
mostrar pela enésima vez o drama psicológico de Bruce Wayne, suas motivações,
etc, etc. Ele se torna o Batman, e pronto! Agora, vamos ver como os cidadão de
Gotham reagem a isso, e como a polícia o trata. De certo modo, deixa a HQ até
mais realista.
Outro destaque à a presença da
Mulher Gato. Em poucas páginas, Miller define com precisão a prostituta que
decide “mudar de carreira”, se inspirando no Morcego para praticar roubos. Ela,
diferente de outros bet-vilões (e até mesmo de suas versões anteriores) não sofre
de nenhuma perturbação psicológica, apenas se fantasia para roubar. Simples.
Ela acabou chamando tanta atenção que a DC tentou convencer Miller a fazer uma
história com a origem dela. Não entraram em acordo, e anos depois, outros
autores fizeram a tal história, sem o mesmo brilho de “Ano Um”.
BATMAN – ANO UM se tornou um
marco nos quadrinhos, por sãs características únicas como uma forma de
modernizar de forma mais “adulta” as origens e motivações de personagens, além
de ser considerada até hoje como a história definitiva de como Batman começou
sua carreira, desde então, fazendo parte da cronologia, e servindo de base para
todo roteirista que decide recontar a origem dele. A HQ também serviu de base
para o filme BATMAN BEGINS, além de ter uma adaptação feita em animação super
fiel.
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