Uma HQ sobre a influência do Batman na vida de um fã, no mundo real. Criativa, e tocante. Leia minha crítica aqui:
O ESTIGMA DO BATMAN
Em 2000, a DC publicou uma curta
série que tinha uma proposta genial: “Mundo Real”, uma espécia de “Elseworlds”,
mas com histórias que se passavam em nosso mundo, onde os super heróis são nada
mais que personagens de gibis. Nessas histórias, os feitos dos gibis
influenciam a vida de personagens da vida real. Apenas dois volumes foram
publicados aqui no Brasil, sendo o primeiro deles O ESTIGMA DO BATMAN, uma das melhores e mais tocantes.
Magistralmente escrita por Christopher Golden e Tom Sniegoski, e ilustrada por Marshal Rogers, que já havia feito uma
fase do Morcego nos anos 70, a história se passa em 1989, a poucos dias da
estreia do primeiro filme do Batman dirigido por Tim Burton, e apresenta Charlie
Duffy, um rapaz de 28 anos que possui uma leve deficiência intelectual, e
acredita que é o Batman, seu herói favorito. Ele possui vários utensílios e
memorabília do Batman, além se sempre andar com uma camiseta com o emblema do
morcego estampada. Em seu dia a dia, ele age como se estivesse em um episódio
da bat-série dos anos 60.
Quando criança, ele tinha uma
melhor amiga, Clarissa, que era a sua
Robin. Os dois brincavam pelo bairro usando as fantasias da dupla dinâmica. Mas
um dia, Clarissa precisou mudar, e os dois nunca mais se viram. Passados mais
de 10 anos, uma moça aparece no mercadinho em que Charlie trabalha, e rouba um
produto. Charlie acredita que a ladra é a Robin que voltou. Para ele, talvez
ela tenha sofrido lavagem cerebral por algum vilão. E, ao encontrar ela com um
marginal, ele acha que este é o Coringa, e tenta salvá-la. Mas uma pessoa como
Charlie não sabe com lidar com marginais violentos e viciados em drogas, por
isso, ele acaba se dando mal em alguns momentos.
Esta história é uma das mais
tocantes hq’s que já tive o prazer de ler. Personagens com algum distúrbio
mental sempre me agradaram, como Forrest Gump, Rain Man, etc. Esta hq segue o
mesmo estilo, de ser uma história singela, emotiva, com aquele gosto do olhar
inocente que uma pessoa nessa condição tem sobre o mundo . Há momentos em que
você ri das situações. É engraçada a forma como Charlie age, acreditando que é
o Batman. Mas ao mesmo tempo, quando as mazelas do mundo real se chocam com
ele, na forma da Clarissa adulta e envolvida com o crime, chega a ser triste.
Os autores conseguem trazer uma
história perfeita em sua proposta, sem ser piegas, nem tocar na deficiência de
Charlie de forma “didática” (por falta de uma palavra melhor), com personagens
muito bem construídos, com diálogos e motivações bastante realistas. São
pessoas que agem como gente do mundo real, coisa rara de ser ver em quadrinhos.
E o desenho de Marshal Rogers, bem diferente do traço estilizado que ele usou
quando de sua passagem pelas revistas do Morcego nos anos 70 (uma fase muito
elogiada pelos fãs). Aqui, ele usa de um estilo realista, com enquadramentos
tradicionais. Tanto que, em algumas páginas, o uso de recursos mais ousados não
funcionou bem. Mas nada que atrapalhe o andamento da trama.
E, de “brinde”, esta HQ tem uma
bela homenagem ao lançamento do filme do Batman, em 1989. Curioso ver a
“batmania” da época pelos olhos de Charlie. E forma como ele demonstra sua
devoção para o Batman que se conhecia popularmente até então, o do seriado,
para o “Batman Cruel” (palavras dele), depois do lançamento do filme.
Por isso, além de recomendar esta
excelente história, eu a indico como tributo dos 25 anos da estreia do filme,
em 23 de junho de 1989.
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