O primeiro mangá que eu colecionei do começo ao fim.
Uma ótima história, que além de possuir personagens cativantes, e uma trama bem amarrada, mostra os bastidores da indústria dos mangás.
O FINAL DE BAKUMAN
Chegou ao fim no Brasil um dos melhores mangás do mercado.
Não sou um otaku. Não leio vários mangás. Assim como faço
com as hq’s de outros países, sou bastante seletivo com os mangás. Na verdade,
nem discrimino o mangá como sendo algo diferente dos quadrinhos em geral. Os
chamo de gibi como todos os integrantes da minha coleção. Por isso, relutei um
pouco em comprar Bakuman, a
princípio, apesar da temática ter me chamado atenção de imediato. Só comecei a
colecionar após indicação de um amigo. E fico feliz por ter feito isso.
Mas tudo que é bom acaba. E chegou ao fim a série que talvez
seja a mais original já feita no mundo dos
mangás. Antes de Bakuman, só conhecia a biografia do Osamu Tezuka como
uma obra que mostra os bastidores da produção dos quadrinhos japoneses. E nem
era uma leitura tão empolgante, visto que era uma biografia um tanto
“didática”. Mas Bakuman é diferente. Bakuman empolga de verdade. E nos faz
sentir como se fôssemos dos personagens. Acredito que deva ser impossível um
leitor que sonha em fazer quadrinhos ler esta obra, e não se identificar de
imediato com algum dos personagens.
Bakuman mostra com competência as vidas dos vários
personagens, alternando com competência os vários personagens coadjuvantes com
os principais. Há espaço para todos. E, curiosamente, não há vilões. Sim, nas
últimas edições apareceu um cara chato se dizendo melhor que todo mundo, e que
seu mangá poderia se tornar o melhor já feito, mas ele é tão humano quanto os
outros personagens.
Falei “humano”? Sim, é isso o que diferencia esta HQ. Os
personagens são humanos, não há sagas cósmicas, ou adolescentes treinando
lutas. Aqui, há a vida “real”, com personagens que querem apenas conquistar
seus sonhos. Vemos Akito Takagi, e Moritaka Mashiro fazendo o possível para
conquistarem o topo de artistas de mangá. E acompanhamos passo a passo de suas
carreiras, as vitórias, os problemas, a competição com outros autores, os
leitores, etc.
Pelas 20 edições da história, pudemos ver a dupla (que
assinava seus trabalhos como “Muto Ashirogi”) apresentar projetos para
concursos, conseguir publicar um trabalho, sofrerem o cancelamento devido à
queda no gosto dos leitores, experimentarem outro estilo de HQ, conhecerem
outros autores, trabalharem com vários assistentes diferentes (e se envolverem
nos problemas pessoais de alguns deles), etc. E n ao era apenas a dupla de
protagonistas que eram personagens bem construídos. Todos os coadjuvantes
tinham seu próprio conteúdo. Não havia personagens “vagos”, cada um era
motivado por uma sensibilidade própria, mesmo quando ocorriam pequenas mudanças
no decorrer da trama. Para atender ao andamento da história, alguns tiveram
pequenas alterações. Kô Aoki, que começa com uma moça “metida”, aos poucos
acaba se mostrando uma pessoa gentil, e simpática. Ou Kazuya Hiramaru, que
aparece pela primeira vez como um bêbado oportunista que nunca leu mangás, mas
se aproveitava do fato de ser um emprego fácil pra se dar bem na vida, e acaba
sendo o melhor personagem cômico de toda a série.
Aliás, sobre ele, vale um adendo: seu personagem “Lontra nº
11” é o melhor de todos os mangás criados pelos personagens de Bakuman. Os
mangás criados pelos personagens são mostrados, em ilustrações, e trechos de
histórias imaginárias, com se realmente existissem no mundo da série. E,
propositalmente ou não, a maioria desses mangás são bem “lugar comum”, pra
dizer o mínimo (tá bom, eu assumo, a maioria seria uma tranqueira se realmetne
existissem, na minha opinião). É até curioso como a dupla que criou Bakuman, quando
coloca seus personagens criando, faz hq’s sem grandes atrativos.
O mais legal talvez seja ver como realmente funciona uma
editora de hq’s no Japão. Ao contrário do que muitos otakus me diziam, o mangá
não é tão autoral assim. AS interferências dos editores dizem muito sobre o
resultado final que chega às nossas mãos. Particularmente, depois de ler
Bakuman, fiquei ainda mais criterioso em ler mangás. Até li um outro título de
humor, e odiei. Fiquei imaginando o editor orientando o autor a fazer piadas
forçadas, assim como é mostrado que acontece nas páginas de Bakuman.
É impressionante como de um tema simples, como o dia a dia
profissional de autores jovens, é possível extrair tantos argumentos
interessantes! Não houve uma edição sequer que eu não me envolvesse tanto com a
trama e os personagens. Alguns podem me chamar de hereges, mas achei que essa
HQ superou até mesmo a já clássica DEATH NOTE, dos mesmos autores, Tsugumi Ohba e Takeshi Obata. 20 edições cheias de reviravoltas, a cada 2 ou 3
edições, era como se estivéssemos lendo uma história diferente com os mesmos
personagens. Não era uma única história. De certo modo, como a vida.
Ao final, um sentimento de tristeza, por lembrar que não
terei mais minha dose mensal do dia a dia deles. Ri muito, fiquei apreensivo,
torci por eles, e até mesmo achei besta eles se importarem mais em ter um anime
do que em fazer um mangá. Mas é isso. Acabou. Até a próxima obra deles!
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