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sexta-feira, 14 de março de 2014

BAKUMAN


O primeiro mangá que eu colecionei do começo ao fim.
Uma ótima história, que além de possuir personagens cativantes, e uma trama bem amarrada, mostra os bastidores da indústria dos mangás.

O FINAL DE BAKUMAN
Chegou ao fim no Brasil um dos melhores mangás do mercado.
Não sou um otaku. Não leio vários mangás. Assim como faço com as hq’s de outros países, sou bastante seletivo com os mangás. Na verdade, nem discrimino o mangá como sendo algo diferente dos quadrinhos em geral. Os chamo de gibi como todos os integrantes da minha coleção. Por isso, relutei um pouco em comprar Bakuman, a princípio, apesar da temática ter me chamado atenção de imediato. Só comecei a colecionar após indicação de um amigo. E fico feliz por ter feito isso.
Mas tudo que é bom acaba. E chegou ao fim a série que talvez seja a mais original já feita no mundo dos  mangás. Antes de Bakuman, só conhecia a biografia do Osamu Tezuka como uma obra que mostra os bastidores da produção dos quadrinhos japoneses. E nem era uma leitura tão empolgante, visto que era uma biografia um tanto “didática”. Mas Bakuman é diferente. Bakuman empolga de verdade. E nos faz sentir como se fôssemos dos personagens. Acredito que deva ser impossível um leitor que sonha em fazer quadrinhos ler esta obra, e não se identificar de imediato com algum dos personagens.
Bakuman mostra com competência as vidas dos vários personagens, alternando com competência os vários personagens coadjuvantes com os principais. Há espaço para todos. E, curiosamente, não há vilões. Sim, nas últimas edições apareceu um cara chato se dizendo melhor que todo mundo, e que seu mangá poderia se tornar o melhor já feito, mas ele é tão humano quanto os outros personagens.
Falei “humano”? Sim, é isso o que diferencia esta HQ. Os personagens são humanos, não há sagas cósmicas, ou adolescentes treinando lutas. Aqui, há a vida “real”, com personagens que querem apenas conquistar seus sonhos. Vemos Akito Takagi, e Moritaka Mashiro fazendo o possível para conquistarem o topo de artistas de mangá. E acompanhamos passo a passo de suas carreiras, as vitórias, os problemas, a competição com outros autores, os leitores, etc.
Pelas 20 edições da história, pudemos ver a dupla (que assinava seus trabalhos como “Muto Ashirogi”) apresentar projetos para concursos, conseguir publicar um trabalho, sofrerem o cancelamento devido à queda no gosto dos leitores, experimentarem outro estilo de HQ, conhecerem outros autores, trabalharem com vários assistentes diferentes (e se envolverem nos problemas pessoais de alguns deles), etc. E n ao era apenas a dupla de protagonistas que eram personagens bem construídos. Todos os coadjuvantes tinham seu próprio conteúdo. Não havia personagens “vagos”, cada um era motivado por uma sensibilidade própria, mesmo quando ocorriam pequenas mudanças no decorrer da trama. Para atender ao andamento da história, alguns tiveram pequenas alterações. Kô Aoki, que começa com uma moça “metida”, aos poucos acaba se mostrando uma pessoa gentil, e simpática. Ou Kazuya Hiramaru, que aparece pela primeira vez como um bêbado oportunista que nunca leu mangás, mas se aproveitava do fato de ser um emprego fácil pra se dar bem na vida, e acaba sendo o melhor personagem cômico de toda a série.
Aliás, sobre ele, vale um adendo: seu personagem “Lontra nº 11” é o melhor de todos os mangás criados pelos personagens de Bakuman. Os mangás criados pelos personagens são mostrados, em ilustrações, e trechos de histórias imaginárias, com se realmente existissem no mundo da série. E, propositalmente ou não, a maioria desses mangás são bem “lugar comum”, pra dizer o mínimo (tá bom, eu assumo, a maioria seria uma tranqueira se realmetne existissem, na minha opinião). É até curioso como a dupla que criou Bakuman, quando coloca seus personagens criando, faz hq’s sem grandes atrativos. 
O mais legal talvez seja ver como realmente funciona uma editora de hq’s no Japão. Ao contrário do que muitos otakus me diziam, o mangá não é tão autoral assim. AS interferências dos editores dizem muito sobre o resultado final que chega às nossas mãos. Particularmente, depois de ler Bakuman, fiquei ainda mais criterioso em ler mangás. Até li um outro título de humor, e odiei. Fiquei imaginando o editor orientando o autor a fazer piadas forçadas, assim como é mostrado que acontece nas páginas de Bakuman.
É impressionante como de um tema simples, como o dia a dia profissional de autores jovens, é possível extrair tantos argumentos interessantes! Não houve uma edição sequer que eu não me envolvesse tanto com a trama e os personagens. Alguns podem me chamar de hereges, mas achei que essa HQ superou até mesmo a já clássica DEATH NOTE, dos mesmos autores, Tsugumi Ohba e Takeshi Obata. 20 edições cheias de reviravoltas, a cada 2 ou 3 edições, era como se estivéssemos lendo uma história diferente com os mesmos personagens. Não era uma única história. De certo modo, como a vida.

Ao final, um sentimento de tristeza, por lembrar que não terei mais minha dose mensal do dia a dia deles. Ri muito, fiquei apreensivo, torci por eles, e até mesmo achei besta eles se importarem mais em ter um anime do que em fazer um mangá. Mas é isso. Acabou. Até a próxima obra deles!

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