Dica de HQ de hoje: a nova fase do Demolidor, escrita pelo Mark Waid, que está saindo em encadernados no Brasil. Aqui, eu comento o primeiro volume:
DEMOLIDOR
Uma das revistas Marvel mais
legais, nas bancas do Brasil.
Foi lançado recentemente a
revista do DEMOLIDOR. O personagem já havia ganhado revista própria antes no
nosso país, sendo a última vez pela própria Panini, em uma revista mensal que
trazia a fase do Brian Michael Bendis, onde o personagem sofreu uma de suas
mais radicais mudanças: teve sua identidade secreta revelada ao mundo. Tá certo
que, mais recentemente, ele passou por umas fases bem ruins, mas é melhor nem
comentar. Vamos pular essa parte, e irmos direto pra atual fase, com roteiros
de Mark Waid (Que nosanos 90 escreveu uma das melhores fases do Flash, além de
ter roteirizado “O Reino do Amanhã”, do Alex Ross).
A Panini Comics lançou o volume 1
da revista, e promete que vai dar continuidade á fase do personagem, sempre em
encadernados aperiódicos, formato que está dando muitíssimo certo com revistas
do selo Vertigo, e tem tudo pra dar certo com o Demolidor, que sempre foi
tratado como um personagem de segunda linha, e que precisava dividir uma
revista com outros personagens de gosto duvidoso pra poder se manter em bancas,
nem sempre gerando bons resultados.
Apesar disso, o Demolidor é um
daqueles personagens que conseguem conquistar o leitor, mesmo que poucos,
devido ao seu estilo próprio. Pode-se dizer que ele é uma versão pobre do
Batman. Pobre no sentido de que Matt Murdock (seu alter ego) não é milionário
com Bruce Wayne, e por isso precisa manter seu emprego, de advogado, em um
escritório dividido com seu colega Foggy Nelson. Matt é o tipo de pessoa que
passa por maus bocados na vida, mas sempre consegue se levantar e dar a volta
por cima, como seu falecido pai, um boxeador fracassado sempre lhe ensinou. E a
graça do Demolidor está justamente nessas características únicas. Sua personalidade
é construída com bases fortes em sua história de vida, e suas decisões
pessoais. O fato de ser cego dá uma credibilidade única ao fato superação do
herói.
Outra característica bem legal é
o fato de que, provavelmente, ele é o personagem de HQ cuja profissão mais se
faz presente em sua vida. A maioria dos heróis quase nunca aparecem realmente
trabalhando. Muitos leitores,m por exemplo, nem devem saber o que as indústrias
Wayne produzem, ou que tipo de matérias Clark Kent escreve. Mas no caso do Demolidor,
sua carreira de advogado faz parte de sua vida como super herói. Muitos de seus
casos são resolvidos ao mesmo tempo dentro e fora da lei. Em um tribunal, e nas
ruas.
Tudo isso faz com que o leitor
que se identifica com ele passe a gostar dele de uma forma especial. E é
justamente nisso que reside a maior qualidade da atual fase de Waid. Ele não se
preocupa em levar o personagem à novos níveis dramáticos que ainda não foram
explorados. Apenas escreve boas histórias, do tipo que envolve o leitor, e leva
o herói de um lado ao outro, em tramas muito bem amarradas, com aquele gosto de
antigamente, mas com a leve maturidade dos bons quadrinhos de hoje. Não há
aquele clima pesado e realista da fase Bendis (que eu até que gostei,
confesso), mas um estilo que lembra a época do Frank Miller, do Demolidor mais
votado pra ação. Claro que Waid não ignora os eventos recentes. Há menção ao
fato de a identidade dele ter sido revelada ao mundo, e ele não conseguiu
provar que não era o Demolidor, e também as fases posteriores, com um Demolidor
possuído por um demônio (nem pergunte, porque eu nem quis ler isso!). Matt
Murdock voltou á ativa, se sentindo bem, mas Foggy acredita que essa alegria
pode ser apenas uma forma de defesa dele pra não falar a respeito do que sofreu
ultimamente. Sabiamente, é como se o escritor quisesse apenas evitar perder
tempo explicando as más ideias dos autores anteriores, e apenas se dedicar à
contar suas ótimas histórias.
E quanto a arte? Paolo Rivera e
Marcos Martin fazem uma arte dinâmica, com traços limpos, e enquadramentos
perfeitos tanto nas cenas de ação quanto nos momentos mais calmos. E com um
ritmo narrativo digno de um Darwin Cooke. Os dois possuem estilos parecidos,
mas anda que atrapalhe a história. Pelo contrário. Dá pra confundir os dois,
mas é algo que dá personalidade para a série. Outra grande sacada dos dois
artistas é o modo como o “radar” do Demolidor é retratado. Não é sempre que um
artista consegue representá-lo de forma convincente, e que permita ao leitor
entender o mundo como Matt o vê.
A edição da Panini possui 148
páginas, reunindo as edições 1 a 6 da serie mensal do Homem Sem Medo, e a
própria editora promete lançar as próximas edições no mesmo formato o mais
breve. Pra quem é fã do herói cego, este é um lançamento obrigatório, e pra
quem tem saudade de boas histórias de super heróis como não se vê à muito
tempo, é uma boa pedida. Vida longa á esta série!
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