Warren Ellis é um dos grandes nomes das hq's atuais. E não é à toa. Suas histórias são sempre ótimas leituras. Leia minha resenha de OCEANO aqui:
OCEANO
Warren Ellis é um dos melhores
escritores de hq’s da atualidade. Suas histórias possuem identidade própria,
mas, ao contrário de muitos escritores, o uso do termo “identidade” para Ellis
não significa “estilo do autor”, mas cada uma de suas histórias possuem a tal
identidade.
Ler várias de suas obras, é quase
como ler vários escritores diferentes. E todas elas agradam a quem lê. Seja um
leitor de super heróis, seja do Selo Vertigo, ou algo além, mais alternativo.
Sou fã do cara, admito.
A mais recente obra dele que li
foi OCEANO. Publicada originalmente pela Wildstorm, selo criado pelo Jim Lee na
Image Comics, mas que no fim dos anos 90 foi comprada pela DC, a HQ segue a
proposta do selo de permitir que alguns autores fizessem suas obras do jeito que
bem entendessem, e voltadas para o público adulto, lado a lado com os heróis
administrados pelos contratados do Jim Lee. Ellis, colaborador frequente do
selo, já havia lançado Planetary e The Authority pela Wildstorm.
OCEANO foi uma mini série em 6
edições, que contava a história da descoberta de caixões com corpos alienígenas
no oceano de “Europa”, uma das luas de Júpiter. Essa descoberta desperta o
interesse tanto do governo americano quanto de empresas privadas que querem
lucrar com isso. Nesse cenário, Nathab Kane, um inspetor da ONU enviado até uma
estação espacial de pesquisa para descobrir o que são os caixões alienígenas
antes que a “Doors Corporation”, uma empresa com fins obscuros, detenha o
controle exclusivo da descoberta, usando-a comercialmente. Afinal,os artefatos
alienígenas podem não ser apenas meros caixões, mas também conter armas muito
mais avançadas que as dos humanos.
Com uma trama simples, Ellis
consegue usar sua competência de sempre para prender o leitor em uma história
com estilo e ritmo cinematográfico. Tanto nos enquadramentos “widescreen”
usados na maioria das cenas, até o texto enxuto, direto, e sem recordatórios. A
leitura é fluente, a impressão que passa é a de realmente estarmos vendo uma HQ
pronta pra virar filme. Até mesmo as divisões em atos e as reviravoltas, são no
estilo do bom cinema. Dá até pra imaginar um James Cameron dos bons tempos
filmando-o.
Chris Sprouse, o desenhista de
Tom Strong, e de algumas edições especiais de Ex-Machina tem um traço simples,
mas completo, e com um perfeito senso de storytellyng, casando as cenas de ação
com os momentos mais “contemplativos” da história. O leitor visualiza
exatamente onde e como a história transcorre. E o uso de tiras por páginas,
dando o efeito “Widescreen” já mencionado, que faz parecer uma tela de cinema,
aliado à ambientação, com objetos e cenário em quase todos os quadros, mas sem
poluí-los. Tudo nas páginas são de uma beleza encantadora.
Mas o melhor desta revista, é
mesmo o texto de Ellis. Personagens cativantes, bem construídos, com diálogos
na medida certa. Há em alguns momentos aquele clima de “personagens mau
caráter” que ele usa em várias de suas hq’s, mas ainda assim, soam naturais.
Nathan Kane, por exemplo, quando surge, parece que vai ser mais um “Bad Ass”das
hq’s, mas aos poucos, essa impressão se esvai, e temos um cara que, se não é de
todo bonzinho, também não é um machão metido a valente.
Na trama, Warren Ellis usa um
recurso perfeito para prender o leitor, que é ir mostrando as sub-tramas aos
poucos. Na verdade, nem parece que há uma sub-trama até que ela surja diante do
leitor. Ler essa HQ é como ler várias histórias dentro de um mesmo universo. Os
vários momentos de reviravolta estão muito bem amarrados. E dá preá sentir que
há algum contexto sobre a condição humana na busca pelo conhecimento do espaço,
algo inerente ao gênero, sim, mas que nas mãos de Ellis, não soa como clichê,
pela forma competente que o autor a usa.
Uma HQ que vai fazer o leitor não
desgrudar os olhos enquanto não chegar ao final, lendo em uma “tacada” só.
Tenho certeza disso. Particularmente, uma das melhores histórias do Warren
Ellis em mini séries que já li.
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