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segunda-feira, 14 de julho de 2014

OCEANO


Warren Ellis é um dos grandes nomes das hq's atuais. E não é à toa. Suas histórias são sempre ótimas leituras. Leia minha resenha de OCEANO aqui:

OCEANO
Warren Ellis é um dos melhores escritores de hq’s da atualidade. Suas histórias possuem identidade própria, mas, ao contrário de muitos escritores, o uso do termo “identidade” para Ellis não significa “estilo do autor”, mas cada uma de suas histórias possuem a tal identidade.
Ler várias de suas obras, é quase como ler vários escritores diferentes. E todas elas agradam a quem lê. Seja um leitor de super heróis, seja do Selo Vertigo, ou algo além, mais alternativo. Sou fã do cara, admito.
A mais recente obra dele que li foi OCEANO. Publicada originalmente pela Wildstorm, selo criado pelo Jim Lee na Image Comics, mas que no fim dos anos 90 foi comprada pela DC, a HQ segue a proposta do selo de permitir que alguns autores fizessem suas obras do jeito que bem entendessem, e voltadas para o público adulto, lado a lado com os heróis administrados pelos contratados do Jim Lee. Ellis, colaborador frequente do selo, já havia lançado Planetary e The Authority pela Wildstorm.
OCEANO foi uma mini série em 6 edições, que contava a história da descoberta de caixões com corpos alienígenas no oceano de “Europa”, uma das luas de Júpiter. Essa descoberta desperta o interesse tanto do governo americano quanto de empresas privadas que querem lucrar com isso. Nesse cenário, Nathab Kane, um inspetor da ONU enviado até uma estação espacial de pesquisa para descobrir o que são os caixões alienígenas antes que a “Doors Corporation”, uma empresa com fins obscuros, detenha o controle exclusivo da descoberta, usando-a comercialmente. Afinal,os artefatos alienígenas podem não ser apenas meros caixões, mas também conter armas muito mais avançadas que as dos humanos.
Com uma trama simples, Ellis consegue usar sua competência de sempre para prender o leitor em uma história com estilo e ritmo cinematográfico. Tanto nos enquadramentos “widescreen” usados na maioria das cenas, até o texto enxuto, direto, e sem recordatórios. A leitura é fluente, a impressão que passa é a de realmente estarmos vendo uma HQ pronta pra virar filme. Até mesmo as divisões em atos e as reviravoltas, são no estilo do bom cinema. Dá até pra imaginar um James Cameron dos bons tempos filmando-o.
Chris Sprouse, o desenhista de Tom Strong, e de algumas edições especiais de Ex-Machina tem um traço simples, mas completo, e com um perfeito senso de storytellyng, casando as cenas de ação com os momentos mais “contemplativos” da história. O leitor visualiza exatamente onde e como a história transcorre. E o uso de tiras por páginas, dando o efeito “Widescreen” já mencionado, que faz parecer uma tela de cinema, aliado à ambientação, com objetos e cenário em quase todos os quadros, mas sem poluí-los. Tudo nas páginas são de uma beleza encantadora.
Mas o melhor desta revista, é mesmo o texto de Ellis. Personagens cativantes, bem construídos, com diálogos na medida certa. Há em alguns momentos aquele clima de “personagens mau caráter” que ele usa em várias de suas hq’s, mas ainda assim, soam naturais. Nathan Kane, por exemplo, quando surge, parece que vai ser mais um “Bad Ass”das hq’s, mas aos poucos, essa impressão se esvai, e temos um cara que, se não é de todo bonzinho, também não é um machão metido a valente.
Na trama, Warren Ellis usa um recurso perfeito para prender o leitor, que é ir mostrando as sub-tramas aos poucos. Na verdade, nem parece que há uma sub-trama até que ela surja diante do leitor. Ler essa HQ é como ler várias histórias dentro de um mesmo universo. Os vários momentos de reviravolta estão muito bem amarrados. E dá preá sentir que há algum contexto sobre a condição humana na busca pelo conhecimento do espaço, algo inerente ao gênero, sim, mas que nas mãos de Ellis, não soa como clichê, pela forma competente que o autor a usa.
Uma HQ que vai fazer o leitor não desgrudar os olhos enquanto não chegar ao final, lendo em uma “tacada” só. Tenho certeza disso. Particularmente, uma das melhores histórias do Warren Ellis em mini séries que já li.

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