Marcadores

TIRAS (790) HQ (228) INSPETOR (179) RESENHAS (112) LEXY COMICS (110) PORTFÓLIO (62) CARTUM (52) LEITMOTIV (30) LEXY DRIVER (20) LAMPIÃO (19) AUGUSTO (16) CINEMA (15) CONTOS (15) FRANKENSTEIN200 (8) TEATRO (7) FRANKENSTEIN (5) ROTEIROS (5) ARTES PLÁSTICAS (3) FIM DA LINHA (3) FOTOS (3) OFICINA (3)

BOTÕES DE COMPRA

Comprar LAMPIÃO Pague com PagSeguro - é rápido, grátis e seguro! Comprar A SITUAÇÃO DE AUGUSTO Pague com PagSeguro - é rápido, grátis e seguro! Comprar REVISTA JAPY Pague com PagSeguro - é rápido, grátis e seguro! Comprar VIDA DE INSPETOR Pague com PagSeguro - é rápido, grátis e seguro! Comprar LEITMOTIV Pague com PagSeguro - é rápido, grátis e seguro!

sexta-feira, 30 de maio de 2014

A MORTE DE JEAN DeWOLFF


Uma das melhores e mais dramáticas histórias do Homem Aranha, nos anos 80, relançada recentemente. Leia a crítica aqui:


A MORTE DE JEAN DEWOLFF
Uma das melhores histórias do aracnídeo dos anos 80, republicada pela Panini.
Ah, anos 80! Uma época de ouro pras hq’s modernas, quando parecia que as histórias iriam se tornar mais adultas, com roteiros mais elaborados, e até mesmo os personagens comerciais eram bem tratados por roteiristas e editores.
Pra alguns leitores, isso não passa de “conversa de velho”, mas quando se pega pra ler uma hq’ boa como essa, fico pensando se os “velhos” não estão com a razão. A MORTE DE JEAN DEWOLFF foi uma história do Homem Aranha publicada nos EUA em 1985, na época do uniforme negro do personagem. Ela já havia sido publicada aqui em 1990, nas revistas Homem Aranha nº 87 e 88. E agora, ganhou uma nova edição, em formato americano, lombada quadrada, e papel LWC. Ideal para quem não tem as originais, ou para quem nunca leu.
Para quem nunca leu, e só acompanha o personagem nas histórias produzidas neste século,  fico imaginando que a leitura dessa HQ “antiga” pode não ser uma boa experiência. Digo, para leitores acostumado aos desenhos cheios de “ação”, com cada espaço do quadrinho preenchido com algo, e com roteiro onde tudo acontece rápido. Para leitores como eu, que cresceram lendo histórias dessa época (na verdade, comecei a ler super heróis nos anos 90, mas como sempre fui rato de sebo, li mais coisas dos anos 80 que dos próprios anos 90), é muito bom ter um novo contato com a forma clássica de se fazer histórias em quadrinhos.
As ações acontecem mais lentamente, quase como no ritmo da vida real, os personagens agem como pessoas reais, tendo um grande foco em suas emoções durante a história.
Essa história começa com o corpo da policial sendo encontrado em sua casa. O Aranha começa a investigação, junto com Stan Carter, policial que é encarregado de investigar o caso. Enquanto começam as investigações, e o Aranha se sente abalado pelas lembranças de sua única amiga dentro da força policial, o assassino dela, o DEVORADOR DE PECADOS continua fazendo mais vítimas, um juiz e um padre. O Aranha começa a ficar cada vez mais descontrolado, mas ele acaba piorando quando descobre quem realmente é o assassino, e sua motivação. Nesse momento, surge o DEMOLIDOR, que também estava investigando o assassino, devido ao fato de ser amigo do juiz assassinado. Os caminhos se cruzam, e o “Homem sem Medo” acaba tendo que agir como consciência do Aranha, pra impedi-lo de passar dos limites, matando o vilão.
Para mim, como leitor, a única coisa que me chateou na época foi nunca ter lido uma HQ onde a personagem Jean de Wolff aparecia. E até hoje, nunca li (ou pelo menos, não me lembro de ter ido. Ei, eu era rato de sebo, mas isso não significa que eu encontrava tudo o que procurava, né?). Por não a conhecer, sua morte não me toca como deve ter tocado em outros leitores que a conheciam. Mas mesmo assim, dá pra sentir a dor do Aranha durante a história, afinal, a forma como o lado emocional dos personagens é focado nessa história é algo diferenciado para histórias da época.
E, pra deixar a história ainda melhor, o enredo é conduzido da forma mais simples possível. As cenas são perfeitamente amarradas para dar ao leitor a dose exata de suspense. E, para deixar o leitor sempre surpreso, as mortes vão acontecendo aparentemente sem ligação alguma, mesmo com um ou outro diálogo do vilão em alguns quadrinhos. E, a cena em que os heróis descobrem quem é o Devorador, é mostrada de um jeito que pode decepcionar os leitores jovens, acostumados com “revelações bombásticas”, pois aqui, é como se fosse uma investigação policial de verdade.
Sem contar muito da história, eu estou elogiando essa HQ pois ela é uma aula de como se produzir uma boa história, como focar as emoções do personagem  ao mesmo tempo em que se mantem a trama amarrada e o leitor em constante suspense e interesse. Algo que parece que está se perdendo hoje em dia.
Complementando esse volume, há uma história publicada alguns meses depois, com a saída do vilão da cadeia, o que deia o Aranha novamente em crise emocional, enquanto outro vilão, o Electro, se aproveita dessa situação para tentar vencer o aracnídeo de uma vez por todas.
Pra fãs do Aranha, é uma leitura obrigatória, e para apreciadores de boas histórias, imperdível!

quinta-feira, 29 de maio de 2014

EU, CINEASTA!


Este ano de 2014 faz 10 anos que eu me iniciei no cinema, quando fiz minha primeira oficina de roteiro. Desde então, não parei mais. Fiz vários curtas, e participei de alguns longas. Você pode conferir meus trabalhos no meu canal do youtube, https://www.youtube.com/user/LexySoares, ou, pra facilitar, postei links diretos apenas para os meus curtas neste álbum da minha página LEXY COMICS, no Facebook.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

MUNDO FANTASMA


Um HQ alternativa cativante! 
Quem conhece o filme já sabe o que esperar (apesar de algumas mudanças na trama). Leia minha resenha aqui, ouvindo o tema de abertura do filme!



MUNDO FANTASMA
Apesar do enorme atraso pra chegar ao Brasil, obra de Daniel Clowes continua atual.
Lançado no Brasil em 2011, “Mundo Fantasma” é uma das mais conhecidas e celebradas obras de Daniel Clowes lá fora. Publicada serializada em sua revista “Eightball”, da editora Fantagraphics, e depois compilada com graphic novel em 1997, a história é conhecida pelos leitores de hq’s do Brasil graças ao filme GHOST WORLD, dirigido por Terry Zigwoff, que adapta essa história e possui roteiro do próprio Clowes.
Conta a história de Enid e Rebecca, duas amigas em seu processo de amadurecimento. Justamente no momento em que ambas estão saindo do colegial, e precisam pensar a vida, faculdade, emprego, essas coisas. Mas o grande chamativo da história está no fato de elas serem anti-sociais, que passam o tempo fazendo observações sarcásticas sobre o mundo e as pessoas ao seu redor. E são observações que fazem muito sentido.
A HQ é bastante diferente do filme, principalmente porque nela cada capítulo parece ser fechado. Claro, com o desenrolar das histórias, um pequeno “plano de fundo” acaba aparecendo para ligar tudo, e dar um destino a elas, mas cada capítulo pode ser lido de forma independente. E, com isso, o autor nos mostra o processo de amadurecimento tanto da história como das personagens. É como se, no começo, elas fossem apenas jovens desajustadas e sem perspectivas de vida, mas com o tempo, acabam precisando repensar suas vidas e seu futuro. Muito bom!
Discussões sobre sexo, TV, consumismo, família, sociedade, emprego, e tudo o que se passa pela vida e pelo dia a dia das pessoas ,elas acabam comentando. Em certo ponto, elas parecem ser uma versão niilista da Locas, do Jaime Hernandez, com o desapego e desesperança típicos de jovens americanos.
E, pra quem já viu o filme antes de ler a HQ, o bom é que uma história complementa a outra. Cada qual possui cenas e passagens diferentes em vários momentos, fazendo com que ler a HQ e ver o filme sejam experiências diferentes. E, entre cada situação que elas vivem, há vários pequenos momentos que deixam a história com aquela “cara” de “vida real”, que poucas hq’s conseguem transmitir. E, para completar nesse quesito, o traço de Daniel Clowes é uma mistura ideal de realismo na construção dos personagens, principalmente nos rostos, com a forma alternativa de desenhar a ambientação.
A edição nacional foi lançada aqui em 2011 pela Gal Editora, e o sucesso fez com que a editora lançasse uma nova tiragem da revista. Quem não leu ainda, eu recomendo. É o tipo de história feita pra se ler e reler de tempos em tempos, pois a cada leitura, vamos nos identificar com um momento de nossas próprias vidas.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

O QUE ACONTECEU AO HOMEM MAIS RÁPIDO DO MUNDO?


Uma HQ alternativa simples e bem executada. Merece ser conhecida por todo apreciador de boas histórias. Leia minha crítica aqui:


O QUE ACONTECEU AO HOMEM MAIS RÁPIDO DO MUNDO?
Uma das hq’s mais interessantes já lançadas por aqui, e que infelizmente, nunca vai ter o devido destaque, justamente por seu teor totalmente fora do mainstream. Não só isso, muito do que faz dessa HQ uma obra genial é o que pode afastar os leitores. Pena.

“O QUE AOCNTECEU AO HOMEM MAIS RÁPIDO DO MUNDO?” é uma HQ independente publicada na Inglaterra,escrita por Dave West, e desenhada por Marleen Lowe, conta a história de Bobby Doyle, um jovem que tem um super poder : ele pode parar o tempo ao seu redor. Ele quase não usa seu poder, pois enquanto para o tempo, ele continua envelhecendo normalmente fora dele. Ele só o usa em situações especiais.  E, quando um terrorista coloca uma bomba no centro de Londres, ele acredita que esse é um desses momentos. Ele vai usar seu poder para ajudar as pessoas de Londres, mesmo que isso acabe tendo um custo altíssimo pra si.
Mas se engana quem achar que essa HQ é apenas isso. Lendo assim, pode parecer nada demais, apenas outra história sobre heroísmo, certo? Errado! Dave West usa essa trama manjada para contar uma história humana, e de forma genial!
Usando uma formula narrativa que aparentemente vai na contra mão da tendência atual, Dave utiliza na maior parte do tempo recordatórios, e poucos diálogos. É quase como um conto ilustrado, mas sem os efeitos chatos do mesmo, pois os desenhos estão em perfeita sincronia com o texto, completando-os. Da forma como é usado, é como se o narrador onisciente conversasse com o leitor, enquanto Bobby trabalha em seu plano de salvar as pessoas.  E o narrador conversa mostrando os pensamentos, emoções e sentimentos dele, enquanto vai nos contando sobre os fatos que acontecem na cidade, a bomba, e o tempo passando. Ou melhor, os dois tempos, o tempo “real”, onde a bomba irá explodir em menos de 1 hora, e o tempo que passa para Bobby quando usa seu poder.
Bobby vai até a bomba, e vendo que não saberia como desarmá-la, ele decide salvar as pessoas da única forma que pode: carregando-as uma por uma para o mais longe do alcance da explosão. Acompanhamos então, quase todos os passos dele carregando as pessoas, enfrentando problemas como o fato de seu poder não funcionar para abrir portas. O que faz com que, ao precisar fazê-lo, ele faz o tem pó voltar a correr normalmente, diminuindo o tempo que terá pra salvar todos antes da explosão.
Outro problema para Bobby é o tempo passando. Como disse no começo do texto, ele pode ter parado o tempo, mas ele continua vivendo em outro tempo, e nesse “fora do tempo”, ele envelhece normalmente. Assim, essa 1 hora antes da bomba explodir, pra ele são anos. Durante esse período, ele dorme, come, e tenta compensar a solidão falando sozinho, ou fingindo que conversa com as pessoas que está salvando.
Tudo é mostrado de forma bastante lenta, com um tempo de exposição feito na medida para o leitor sentir como se o tempo realmente estivesse parado. E cada cena, cada dia passado, ou mês ou ano, o leitor acompanha da vida de Bobby.
Ao final da história, fica uma sensação de singeleza, apesar da tensão do clímax. Singeleza essa causada principalmente pela forma como o autor consegue fazer o leitor sentir empatia pelo personagem.
E quanto a arte? A primeira folheada, pode parecer uma arte feia, e amadora. E o que acaba sendo compreensível, ao ler o textos que acompanham a edição, onde muito dos bastidores da produção são revelados. Mas lendo, somos tocados por uma arte bastante expressiva, além de um profundo conhecimento de Narrativa de Marleen Lowe. Outra boa característica são as páginas teem uma diagramação tradicional, sem “abusos estilísticos” pra causar impacto. Afinal, como a história possui um tom fantástico e ao mesmo tempo um  ritmo lento, cenas de impacto quebrariam o clima da história.
A edição nacional, publicada pela GAL EDITORA possui vários extras na forma de textos, introdução do próprio autor feita com exclusividade para a edição brasileira, além de uma HQ prólogo (e que, na minha opinião, ficou melhor publicada com epílogo mesmo). Ela saiu por aqui em 2011, mas ainda pode ser encontrada em livrarias e gibiterias.
Eu recomendo, afinal, uma HQ onde o leitor já começa a ser imerso na história pela capa só podia ser algo memorável mesmo.

domingo, 25 de maio de 2014

FELIZ DIA DA TOALHA!


E, caso você ainda não conheça a minha página no Facebook, acesse e dê sua curtida! 
Lá tem todas as minhas tiras e HQ's distribuídas em vários álbuns.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

NEONOMICON


NEONOMICON, a mais recente obra-prima de Alan Moore. Leia minha crítica aqui:


NEONOMICON
Alguns comentários sobre a mais recente obra prima de Alan Moore.

Alan Moore é sinônimo de qualidade em HQ’s pra muitos leitores. Poucos são os que não gostam da obra do mago inglês. Afinal, ele revolucionou a forma como os quadrinhos americanos eram produzidas como poucos. Apenas algumas obras europeias eram feitas com o mesmo esmero voltadas para o público adulto até então. Quando, nos anos 80, Moore  foi contratado pela DC Comics para escrever o Monstro do Pântano, ele passou a fazer da revista mais do que apenas uma séries de histórias de bem contra o mal, mas introduziu outros temas, e outras formas de se discuti-los nas páginas de um gibi.
Anjos depois, o mundo dos quadrinhos ainda não aprendeu a seguir direito os preceitos do mestre. E o próprio Moore decidiu abandonar o mercado de quadrinhos, trabalhando apenas esporadicamente em uma ou outra obra quando dá vontade. Uma dessas obras é NEONOMICON, que chegou ao Brasil no ano passado, com pouco alarde, mas vendendo feito água.
Segundo o autor, essa HQ foi lançada apenas porque Moore devia ao imposto de renda, e precisava conseguir algum dinheiro. Mas engana-se quem achar que o resultado foi um trabalho eito nas coxas. Moore usou o seu toque de gênio para criar uma história que, travestida de “um clichê de investigação sobrenatural”, se apresenta como uma grandiosa história, cheia de referências ao escritor H.P Lovecraft, mas que ainda assim possui várias de suas marcas autorais.
Na edição lançada no Brasil, que começa tendo como introdução “O Pátio”, uma HQ que adapta um conto do próprio Alan Moore, mas roteirizada por Antony Johnston, que mostra Aldo Sax, um agente do FBI investigando uma série de assassinatos que podem ter ligação com o uso de uma nova droga que está na moda entre os jovens de uma cidade. Sem grandes novidades tanto na temática quanto no estilo, essa história seria facilmente esquecida se, anos depois, Alan Moore resolvesse usá-la como base para NEONOMICON. Alguns dos personagens e  conceitos desse conto adaptado acabaram servindo de base para a mini série.
NEONOMICON começa anos depois dessa introdução, quando dois agentes do FBI Merril Brears e Gordon Lampers vão investigar o que aconteceu com o agente que investigava os assassinatos em “O Pátio”. Sax acabou enlouquecendo, e agora cabe aos agentes descobrir o que aconteceu com ele. Os dois vão parar na cidade em que o agente Sax investigava, e disfarçados de um casal praticante de orgias, acabam encontrando um grupo de adoradores de um monstro lovecraftiano que pratica orgias com um ser meio humanoide, meio reptiliano.
Carregado de cenas de violência e sexo explícito, essa revista gerou polêmica nos EUA, quando de seu lançamento, e mais polêmica depois que uma adolescente emprestou um exemplar de uma biblioteca pública. Mas, polêmica a parte, a proposta da revista, segundo Moore, era justamente mostrar o sexo de forma explícita e natural. Sabendo que a revista possui toda essa “baixaria” (no bom sentido, claro!) é possível ver que tudo o que está sendo mostrado não tem nada de chocante, mas o sexo está lá de forma natural, mesmo tendo sido praticado por adeptos de orgias, e com um monstro. Para os puritanos, pode ser um choque, mas quem não vê maldade nas perversões, tudo acaba sendo apenas parte da história, algo natural. E é assim que Moore trata do sexo nessa história. Chocante talvez seja o fato de esse grupo ter relações com um monstro, ou mesmo serem assassinos. Mas nas cenas de sexo, não há diferenciação no tratamento dramatúrgico da história, estejam os personagens vestidos ou nus.
Mas o que faz de NEONOMICON um clássico instantâneo para os fãs de Alan Moore é o modo como ele lida com a história, os vários climas, que mudam de capítulo a capítulo, de cena a cena. O primeiro capítulo é como se o leitor estivesse vendo um episódio de “Arquivo X”. Mas o mini clímax que termina esse capítulo joga os personagens em uma reviravolta na investigação que é como se inicia o capítulo 2, com os agente encontrando o grupo que pratica orgias. Os capítulos 2 e 3 possuem quase o mesmo clima sombrio do filme “O Silêncio dos Inocentes”. E o andamento da história consegue transmitir um perfeito clima cinematográfico ao leitor. A primeira aparição do monstro é uma aula de como usar os quadrinhos para criar suspense.
O capítulo 3 é onde o leitor aparentemente dá um tempo pra respirar. Enquanto a gente Brears está em cativeiro com o monstro, o FBI está investigando o desaparecimento dela e de seu parceiro. As cenas são intercaladas para dar ao leitor a noção de quanto tempo pode ter se passado entre as cenas. Já o capítulo 4, final, é onde os pontos são amarrados, mas não pense que o desfecho se dá de forma leviana. Pelo contrário, Moore sendo Moore nos brinda com uma história onde, mesmo quando está acabando, e as tramas sendo concluídas, ainda há espaço para novas informações serem acrescentadas à história, dando mais credibilidade, e fazendo a cabeça do leitor dar uns nós com as revelações que são acrescentadas. Coisas que, durante a leitura, não fazíamos ideia de que haviam pistas sendo deixadas pra nós, mas que ao serem novamente mencionadas, acabam ganhando um outro sentido.
NEONOMICON é uma história que talvez poucos leitores, mesmo fãs do escritor, considerarão como uma obra prima dele, pois, com exceção de “Do Inferno”, a maioria das histórias dele eram baseadas no universo de super heróis, pulps, enfim, as raízes das hq’s. Com uma obra que mais se parece com as primeiras séries lançadas pelo selo Vertigo, passada no “mundo real”, ele pode “enganar” alguns leitores fazendo-os pensar que esta é uma obra menor. Ledo engano. Quem ler esta HQ vai ser brindado com uma história cheia de significados, como a maioria dos trabalhos dele.
Outro ponto a se discutir: Alguns críticos tem comentado que para entender muitas das referências contidas aqui, seria preciso conhecer a obra de H.P. Lovecraft. Discordo. Talvez o leitor de Lovecraft reconheça as referências mais rápido, mas alguém que nunca leu nada dele, ou, como eu, leu pouco e nem gostou muito, dá pra curtir a história assim mesmo. Algumas das referências são mencionadas pelos próprios personagens de forma bem explícita. Mas, conhecendo ou não Lovecraft, é muito curiosa a forma como Alan Moore faz com que a vida, a obra e o culto ao escritor se fundem criando uma nova mitologia à obra de H.P. Lovecraft.  Por isso, eu recomendo também a leitura da HQ Lovecraft, de Hans Rodionoff, publicada pelo selo Vertigo, da DC Comics, para quem não conhece nada da biografia do autor. Apesar de não ter ligação com a obra de Moore, é um bom ponto de partida pra se conhecer um pouco da vida dele. Principalmente ao saber que Alan Moore vai publicar uma “sequência” de NEONOMICON, que se chamará PROVIDENCE, e vai ter o próprio escritor como personagem. Com certeza, vem aí mais uma obra imperdível!


quarta-feira, 21 de maio de 2014

MAS ELE DIZ QUE ME AMA


Autobiografia em quadrinhos de uma mulher que passou dez anos sendo abusada pelo marido. Leitura obrigatória! Saiba mais lendo minha resenha.


MAS ELE DIZ QUE ME AMA
Hoje vou comentar uma HQ especial para as mulheres. Produzida por uma mulher, e publicada aqui no Brasil em 2006, é uma pena que ela a editora não fez a devida divulgação para que esta obra tenha se tornado mais conhecida do público.
Minha história com essa HQ começa de forma inusitada: ao olhar os livros em ponta de estoque de uma loja, me deparei com esse livro de capa feia, e cuja única menção à ser uma HQ é o subtítulo horrível: “Graphic Novel de uma Relação Violenta”. Custava apenas R$10,00. Fiquei curioso, fui pra casa, e pesquisei no google. Descobri que se tratava sim de uma HQ, e que contava uma história real, e triste. A história de Rosalind B. Penfold, uma mulher que passou cerca de uma década sob tortura psicológica de um marido machista e possessivo.  Curioso por conhecer novos estilos de quadrinhos em uma fase em que os super heróis estavam me cansando, comprei. Li, e me emocionei. E recomendo a leitura pra todos os leitores e leitoras.
Rosalind conta de forma autobiográfica a sua vida ao lado de Brian, um viúvo que ela conheceu e se apaixonou. No princípio, um homem carinhoso e atencioso com a família, ele conseguiu conquistar Rosalind de fora rápida e intensa. Tão cedo quanto possível, ele a pediu em casamento, e ela aceitou. No comoço da vida a dois, tudo parecia uma maravilha, como em todos os relacionamentos no começo. Mas aos poucos, ele foi se revelando outro homem. Possessivo, controlador, quase um psicopata.
O comportamento dele foi se tornando tão agressivo ao ponto de em alguns momentos ele agir de uma forma violenta, e no dia seguinte, agir como se nada tivesse acontecido, e ainda dizendo para Rosalind que ela provavelmente imaginou tudo.
Nem os filhos foram poupados. Há até mesmo uma cena que insinua que ele praticou incesto com uma das filhas.
Foram 10 anos ao lado desse homem terrível, em uma relação que deixou ela psicologicamente perturbada. Um dia, depois de muita terapia, ela resolveu colocar no papel tudo o que sentia. Mas ela não conseguia sequer escrever. Então, desenhou. Fez uma história em quadrinhos. Um diário em quadrinhos.
Com um traço primário, que lembra os desenhos de uma criança, mas com um conhecimento de narrativa e ritmo dignos de uma profissional, ela consegue transmitir cada momento de angústia que sua vida pessoal passou nesses anos todos. AS técnicas de quadrinhos são exploradas até mesmo no uso de modificações do traço, no acabamento, nos enquadramentos e diagramações de páginas, tudo feito com esmero pra nos colocar dentro de sua cabeça.
Talvez seja muito difícil explicar exatamente essa HQ. Mas o leitor com toda a certeza vai se emocionar com a leitura. As mulheres principalmente. Mas eu sugiro que a leitura seja feita principalmente por leitores homens.
Ao final do livro, há informações o Friends os Rosalind, um site que busca ajudar mulheres que passam pelo mesmo problema. E com vários “autógrafos” de várias “Rosalinds” ao redor do mundo.
Em tempo: Rosalind B. Penfold é um pseudônimo. A autora não revela seus verdadeiros dados, devido à condição do trauma.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

IMAGINÁRIOS - VOLUME 1


Na minha opinião, o mais louvável lançamento nacional do ano passado! Uma iniciativa que deveria ser feita por várias editoras. Leia a resenha do primeiro volume aqui:


Desde que comprei a HEAVY METAL brasileira nº 1, de 1995, me apaixonei por revistas em quadrinhos mix, que são nada mais que coletâneas com vários autores em histórias curtas. Pena que nem sempre surgem boas revistas. A maioria dosa autores não sabem como contar uma história completa em poucas páginas. Felizmente, isso não acontece neste IMAGINÁRIOS EM QUADRINHOS –VOL 1. Aqui temos várias hq’s boas, produzidas com a noção exata de como contar uma história, independente de quantas páginas ela possui.
Publicada pela editora Draco, a revista foi sabiamente organizada por Raphael Fernandes, que escolheu bons autores com certo reconhecimento no meio artístico independente, que brindam o leitor com histórias voltadas para o público adulto, sem recorrer a velhos e cansados clichês, em histórias de ficção científica. Deve ser por isso que ela e recordou os bosn tempos da Heavy Metal.
São 8 histórias de estilos diferentes, mas sempre com a ficção fantástica como tema. Apesar de todas serem excelentes, destaco algumas que mais me chamaram atenção:
ÔCH, de Rafael Salimena, uma divertida sátira futurista onde um grupo de velhos rebeldes se revoltam contra o conformismo da sociedade, e são atacados por isso;
NEGO NEMO E O TESOURO PORNÔ, de Jaum. História que mais me lembrou uma HQ europeia, que mistura o lúdico e o absurdo ao mostrar crianças descobrindo a sexualidade, em uma vila de pessoas que moram em um navio. Estranho e maravilhoso! Contada de forma singela, com diálogos naturais, em uma estilo bem típico de crianças;
APAGÃO, de Raphael Fernandes (roteiro) e Camaleão (arte), numa realidade pós-apocaliptica, onde a energia elétrica acabou, e as pessoas vivem em gangues saqueando tudo e todos, um jovem corre para encontrar uma bateria de carro que pode ser a única chance de salvar a vida de um amigo. Nesta história, chama muito a atenção o fato de o personagem viver em São Paulo, o que imediatamente nos transporta com mais facilidade para a história.
VALKÍRIA, de Alex Mir (roteiro) e Alex Genaro (arte). A personagem já é conhecida de Alex MIr, tendo estrelado várias hq’s em várias revistas. Como eu até já comentei com o autor, antes de conhecê-la, imaginava uma versão feminina do Conan, mas nada mais longe da verdade. Mir faz suas histórias com um enfoque diferente do que se espera do gênero, e sua Valkíria possui mais personalidade que muitos personagens do mesmo estilo. Aqui, ela, que vive em um mundo “medievel-jurássico-fantástico”, encontra uma nave espacial, com um astronauta sem boas intensões.
Mas, apesar do que possa parecer, não estou separando essas histórias como as únicas boas. Pelo contrário. Elas foram as que mais me chamaram atenção, mas toda são ótimas leituras.
E quanto á edição, a revista possui 128 páginas, em um excelente papel, e ótimo acabamento gráfico. O design da capa merece elogios, pois é algo chamativo e simples. E, pelo preço oferecido, a relação custo/benefício é ótima. Uma HQ recomendada, com toda a certeza.
E que venham os próximos volumes!

sábado, 17 de maio de 2014

BATMAN STEAMPUNK


Leia aqui meu texto sobre as versões mais famosas do Batman Steampunk:


BATMAN STEAMPUNK

“Steampunk”. Essa palavra pode ser desconhecida para os não iniciados no universo da ficção científica e fantasia. Ela se refere à, basicamente, uma mistura do visual da era vitoriana (séc XIX) com robôs, computadores e outros apetrechos futurísticos.
Muitos desenhistas tem feito ultimamente versões steampunks de personagens conhecidos. Uma reinterpretação deles com um visual do gênero. Até o Batman já ganhou uma releitura do tipo, tenho certeza que o leitor já deve ter visto. Mas o que pouca gente sabe é que o Homem Morcego já teve histórias Steampunk produzidas antes mesmo que o termo e o gênero entrassem em “moda”. Vamos à elas:

GOTHAN CITY 1889.
Escrita por Brian Augustin, com desenhos de Mike Mignola, e arte final de P. Craig Russel, esta história foi uma das primeiras do selo “Elseworlds”, da DC, onde seus personagens eram reinventados em outras situações, dimensões, épocas, o que desse na telha dos escritores. Assim, em 1989, nas comemorações do 50º aniversário do personagem, foi feita esta que é uma das melhores histórias do Batman, onde o Cavaleiro das Trevas começa suas ações no final do séc XIX, mas exatamente em 1889. A história segue o estilo do “Batman Ano Um”, do Frank Miller. Bruce Wayne chega em Gothan após seus anos de treinamento na Europa, e se torna o Batman para vingar a morte dos pais, e trazer justiça à cidade. Ao mesmo tempo, Jack, o Estripador, começa a atacar as prostitutas da cidade. A população fica em pânico, e alguns começa a achar que o próprio “Bat-man”(como é chamado pela mídia da época) seja o estripador.
Uma dia, a polícia de Gothan recebe uma carta anônima dizendo que Bruce Wayne é o estripador. Ao realizar uma busca em sua mansão, eles encontram a arma do assassino nos pertences do milionário, e ele vai preso. Agora, mesmo na prisão, ele precisa descobrir quem é Jack, antes de ser enforcado pelos crimes que não cometeu.
Com uma arte maravilhosa do Mignola (que mais tarde ficaria famoso como criador do Hellboy), o texto é meticulosamente lento, dando a ênfase perfeita pra uma história de suspense na linha de Conan Doyle ou Allan Poe que o tipo de aventura pede.

O MESTRE DO FUTURO
3 anos depois, foi feita uma continuação. Ou melhor, uma outra história que se passa no mesmo “universo”. Afinal, não há mais a ameaça do estripador, e muita coisa mudou, mas ainda se passa na mesma época, e alguns eventos da história original são mencionadas. Escrita pelo mesmo Augustin, mas com arte de Eduardo Barreto. A história decepciona quem estiver procurando pelo mesmo estilo e clima da anterior. Se antes tivemos uma história de suspense, agora, o estilo muda completamente. Talvez uma nova comparação literária seria Jules Verne.
Meses depois do fim da aventura anterior, Bruce Wayne está namorando, e pensando seriamente se deve ou não continuar agindo como Batman. Gothan City está preparando uma feira mundial, para celebrar a entrada no novo século. É quando surge o vilão que se auto intitula “O Mestre do Futuro”. Ele diz que a feira não deve continuar, pois ele veio do futuro, e viu que essa feira é apenas o início de um mal que cairá sobre a cidade, e seus cidadãos. O prefeito decide ignorar o aviso, e dá continuidade aos eventos, quando o “Mestre” começa então à atacar o local com uma arma que usa os raios solares pra criar uma espécie de “laser”, por falta de um termo melhor. Esse raio ataca várias casas da região. Agora, mesmo em dúvidas, Bruce decide voltar a agir como Batman ao menos para combater esse vilão.
Uma história que não tem nem o clima, nem o estilo da anterior, como já mencionado. É tão diferente que se não fossem os personagens citados, e o mesmo autor, poderia se dizer que se trata de uma obra sem ligação alguma com ela. Por isso,pode ser uma grande decepção pra quem espera por algo parecido com Gothan City 1889. Mas, sabendo que se trata de outra história, e quem gosta do estilo dos escritores de ficção do Séc XIX, dá pra se divertir bastante com esta história. Vendo hoje, ela é bem parecida com o que Alan Moore empregou na primeira mini série da Liga Extraordinária.

BATMAN & HOUDINI: A OFICINA DO DIABO
Esta, apesar de ainda apresentar um Batman Steampunk, diferente das outras citadas acima, não tem ligação com elas. É uma nova e independente história. Agora, Bruce Wayne vive em 1907. Assim como em “Ano Um”, ele está voltando à Gothan ao mesmo tempo em que o ilusionista Henry Houdini está em turnê pela cidade.
Narrado pelo mágico, a história mostra o surgimento do Batman enquanto o rapto e assassinato de crianças que são sequestradas por um sujeito albino que passa o tempo todo sorrindo. Mas há algo mais sórdido por trás desses raptos. Algo até sobrenatural. Mas o bom da história é que ela é contada de forma discreta, quase episódica, com um fato levando á outro, e a narrativa vai crescendo aos poucos.
Escrita por Howard Chaykin (que foi, na minha opinião, “O Garth Ennis dos anos 80”, e depois deu uma bela sumida, e perdeu um pouco da sua força criativa com o passar dos anos), em parceria com John Francis Moore, e arte pintada de Mark Chiarello, essa história é tão interessante quando a primeira citada. Mistério e drama em doses iguais. Só que com um pouco mais de aventura, como nos pulps.

São três histórias que valem a pena serem lidas. Com certeza, o leitor que se aventurar pelos sebos em busca dessas revistas, não vai se arrepender.



quinta-feira, 15 de maio de 2014

MORNING GLORIES


Leia aqui meu texto sobe esta série da Image Comics.


MORENING GLORIES
Lançado no final do ano passado, este encadernado contendo as 6 primeira edições da revista originalmente lançada pela Image Comics nos EUA é considerada uma das melhores séries novas da atualidade. O roteirista, Nick Spencer, já se tornou um novo famoso do meio, escrevendo para a Marvel.
Morning Glories conta a história de um grupo de adolescentes que estão entrando em uma instituição de ensino que é considerada uma das melhores dos EUA. Mas essa escola não é exatamente um lugar de ensino tradicional. Os estudantes de lá passam pro provações quase desumanas com objetivos secretos.  O que é essa escola? Porquê eles foram escolhidos? Porquê eles não podem sair de lá, não podem ter contato com o exterior, e o mais importante: será que eles vão sobreviver lá dentro?
Essa premissa básica não parece nada de novo, pra quem conhece obras variadas com o tema. Até o recente filme “Jogos Vorazes”, de certo modo, é um reflexo dessa influência “Orwelliana”. Assim sendo, a princípio, essa HQ não apresenta nada de novo. Mas ao lê-la, descobri que ela possui um tempero especial, que é o estilo do autor. Spencer consegue fazer uma história cativante, que consegue prender o leitor. Mas o mais importante, ele possui um bom ritmo, que se sobrepõe ao desenho. A arte de Joe Eisma não tem nada de chamativo, chegando em certos momentos a ter um traço primitivo, e amador, mas apesar disso, ele consegue seguir o ritmo narrativo com competência, dando o clima que o roteiro pede.
Mesmo embora vários personagens estejam desenhados de forma tão parecida que é preciso ficar atento à um ou outro detalhe da roupa deles pra não confundi-los. E a arte final e as cores também não ajudam, tudo com cara de amador mesmo.
Mas, voltando ao que eu disse antes, o ponto forte é o roteiro. Apesar dos personagens seguirem os esteriótipos de adolescentes vistos em seriados ruins de TV (mas que muitos jovens adoram...), o ritmo da história flui muito bem. Além das influências óbvias, é possível reconhecer um pouco de “Lost”, e até da quase desconhecida série inglesa “O Prisioneiro”. Pra quem não conhece, vale a pena ir atrás dessa série, que mostrava um ex-agente secreto que, ao se aposentar, era jogado em uma ilha, para que seu conhecimento não caísse em mãos erradas. E, como ele, os jovens dessa HQ não sabem o que esperar dessa escola. Além de saberem que não é qualquer um que pode ser escolhido para estudar lá, e que não é permitido nenhum contato com o exterior, eles logo descobrem que não estão lá por obra do acaso, mas que provavelmente foram escolhidos um a um. Todos nasceram na mesma data, por exemplo.
E, o dia a dia na escola é passado mais com provas de vida ou morte, do que com educação tradicional. E, pra deixar tudo mais misterioso, há um porão onde uma algo que pode ser o resultado fracassado de alguma experiência é guardada.
Esse primeiro encadernado, como é de se esperar, não dá muitas respostas, apenas apresenta as perguntas. Pra atual “era da preguiça de pensar” de hoje em dia, talvez alguns leitores não gostem de não ter todas as respostas, mas outros podem ficar muito interessados em continuar acompanhando essa revista, assim como acompanhavam Lost.
Mas nem tudo nessa revista é bom. Ao mesmo tempo que o roteiro é o maior mérito, ele também está cheio de pequenos furos. O maior deles é quanto á passagem do tempo. A leitura do encadernado segue rapidamente, cada capítulo é “colado” no seguinte de modo que o leitor se sente obrigado a ler de uma tacada só, mas conforme vai lendo, percebe-se que o tempo está passando, mas quanto tempo decorreu... Confesso que fiquei perdido quanto à isso. É preciso saber ao menos se tudo aquilo mostrado no encadernado aconteceu em uma semana, ou meses, ou foi tudo no mesmo dia (tô exagerando,eu sei,  mas é pra ilustrar o problema).
Outro problema é uma necessidade de tentar soar “pop”, e fazer diálogos cheios de citações. Algo que virou moda ultimamente, muitos autores acham isso legal, mas quando não é feito corretamente, fica chatíssimo. Digamos que Nick Spencer não tem a genialidade do Brian K Vaughan... Toda citação que ele coloca na boca dos personagens é explicativa demais. Há vários momentos em que, ao citar uma diálogo de filme, o personagem que fez a citação fala o nome do filme. Tira toda a naturalidade da cena, afinal, é o personagem explicando pro leitor de que filme é a citação.
De um modo geral, é uma boa história, apesar desses defeitos. Eu não me interessei em continuar lendo, pois não me identifiquei com os personagens, mas pra quem se interessa por uma HQ diferente e misteriosa, é uma boa pedida. 

terça-feira, 13 de maio de 2014

29º ANGELO AGOSTINI


Ângelo agostini
No último dia 02 de fevereiro, aconteceu a entrega do 29º Prêmio Angelo Agostini, o Oscar dos quadrinhos nacionais. A festa, juntamente com o HQ MIX, é um dos prêmios mais importantes dos quadrinhos nacionais. E, particularmente, onde há mais calor humano, pois é bem mais fácil encontrar e conversar com outros quadrinhistas, e fazer amizades. Eu, particularmente, sou frequentador assíduo já faz alguns anos.
Neste ano, o prêmio se realizou no Memorial da America Latina, em SP. A festa contou com uma excelente palestra sobre a produção das hq’s do Trapalhões, com Otávio Barbosa, Eduardo Vetillo, Bira Dantas, Alexandre Silva e Cidão Norberto, além de uma exposição com várias edições da revista, e artes originais. Uma preciosidade pra quem se interessa pela história da indústria dos quadrinhos.
Depois tivemos a entrega dos prêmios para os vencedores da votação do ano passado. Aliás, pra quem não sabe, essa votação é aberta pra qualquer um que queira participar. Quem está sempre por dentro do mundo dos quadrinhos vai ficar informado sobre os links com a cédula de votação, que a partir desta edição, também se tornou on-line.
Além da animada entrega dos prêmios, que é sempre divertida, onde todos os apresentadores e convidados recebem os troféus com bom humor, havia uma banca de venda organizada pela loja Comix, e o público era composto por muitos quadrinhistas, entre os fãs. Era possível pegar autógrafos, fazer uma caricatura, conversar, ficar amigos dos artistas, etc.
Além do reconhecimento dos quadrinhos como forma de arte (inclusive no discurso de abertura do presidente do Memorial, o cineasta João Batista de Andrade), o Angelo Agostini é um modo de homenagear a história dos nossos quadrinhos, além de prestigiar os artistas e claro, o público.
Ano que vem tem mais, e nos vemos lá!


sexta-feira, 9 de maio de 2014

NAÇÃO FORA DA LEI


Uma grande história de violência no coração da América. Leia sobre esta saga aqui:


NAÇÃO FORA DA LEI

Uma das melhores publicações lançadas no Brasil no ano passado, NAÇÃO FORA DA LEI, recentemente publicada aqui no Brasil pela Gal Editora é uma das histórias mais estranhas e ao mesmo tempo mais legais escritas por Jamie Delano. Um show de personagens muito bem caracterizados, cenas com o suspense e um absurdo humor negro dosadas na medida certa, violência explícita, ótimos diálogos, enfim, tudo o que se espera de uma boa história que prende o leitor está aqui. Mais conhecido no Brasil por ter escrito as primeiras edições da revista Hellblazer, onde vive o bruxo inglês John Constantine, ele já teve outros trabalhos publicados em nosso país, mas é mais lembrado pelas histórias do mago.
Este NAÇÃO FORA DA LEI é uma das obras que ele publicou no selo Vertigo, da DC Comics, mas depois foi republicada por outra editora. A revista, que possuiu 19 edições publicadas lá fora, não era pra ser uma mini-série, mas uma serie mensal nos moldes de Preacher, 100 Balas, e outras do selo. Mas a editora resolveu cancelar a revista, e ficaram apenas essas edições. Talvez, o motivo do cancelamento seja o estilo que Delano aplicou na história. Em entrevistas, ele deixou claro que sua proposta foi não ter um “grande objetivo” com a revista, e sim, ir escrevendo conforme sentisse vontade, deixando a própria história se levar. Lendo, passa a impressão de que realmente falta algo, e que esse estilo é um pouco estranho. Demora-se um pouco pra apreciar essa “esquisitice” como sendo o estilo da saga. Mas depois de se familiarizar com isso, é que o leitor passa a viver no mesmo mundo dos personagens. Um mundo sujo e pervertido, uma América que ainda vive sob os mesmos valores retrógrados de uma sociedade que parece ainda estar no velho oeste.
A história começa mostrando STORY JOHNSON, um escritor que se perdeu no Vietnã, durante a guerra. Anos depois, ele reaparece nos EUA, desmemoriado, e em busca de algo. Esse algo é o mote da história, que o leitor vai descobrindo aos poucos. A única coisa que ele faz é procurar por sua família. Essa família é composta de vários membros que, aparentemente, são imortais. E além disso, vários integrantes estão sendo mortos. Ao mesmo tempo, seu irmão, que achava que ele havia morrido na guerra, quer encontrá-lo e matá-lo.
Acrescente a isso personagens que podem ter saído dos livros escritos por Story, ou que inspiraram ele, e uma conspiração que envolve os poderes americanos, e uma violência explícita cheia de realismo e sadismo, e com um toque de humor negro à la Preacher, e você terá a ideia exata de como é esta HQ.
Aliás, falando em Preacher, em muitos momentos, ela lembra a obra de Garth Ennis. À primeira vista, parece que é só uma “ilusão” causada pelo fato de ambas terem um jeito “Road movie” de contar a história, mas NAÇÃO também é carregada no humor negro. E o próprio estilo de criar diálogos está bem “solto” e natural, lembrando muito pouco o Delano da época do Hellblazer. Mas esse “novo” Delano não é nem um pouco ruim, pelo contrário. Ele consegue se sair muito bem nessa experimentação, apresentando um trabalho que consegue superar muitos escritores do selo Vertigo.
O único “defeito” que encontrei enquanto lia, que nem é um defeito, mas faz parte desse estilo de experimentação, é a “lacuna” entre uma edição e outra. Para quem entende de dramaturgia, isso é a chamada “elipse”, o espaço de tempo entre um momento e outro da narrativa, onde não é mostrado o que acontece, mas o leito supõe o que ouve por motivos até meio óbvios. Pois o escritor faz com que, entre uma edição e outra, pareça que perdemos muito dos acontecimentos. No começo, é estranho. Quando se lê a edição seguinte, parece que “pulamos” algum capítulo. Confesso que demorei pra entender esse recurso. Mas quando entendi, passei a gostar. Deixa a HQ com uma “cara” de seriado de TV.
E quanto aos desenhos? Quem conhece a dupla Goran Parlov e Goran Sudzuka das histórias do Justiceiro Max, e Y – O Último Homem sabe que ambos são competentes, e tem um belo traço. Neste trabalho, mais antigo que os citados, eles estão bem parecidos um com o outro. O traço realista, mas limpo, e com um domínio perfeito da narrativa consegue fazer o leitor penetrar dentro do clima da história. E quando digo clima, estou dizendo o calor que o meio oeste americano deve possuir. Sim, você se sente como se estivesse realmente por lá.
E o lançamento no Brasil contou com a presença do autor, que esteve dando autógrafos e palestrando durante a Fest Comix do ano passado. Eu estive lá, e garanti meu exemplar autografado. A edição da Gal possui 11 capítulos do original, e o próximo terá os 8 restantes. Mas apesar de a história ser toda em sequência, como uma mini-série, o fim da primeira edição passa a impressão de fechar um “arco” da saga. Agora, é aguardar a conclusão da série, com o livro RUMO AO INFERNO, que será lançado em breve.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

O INESCRITO & SWEET TOOTH


Quando a Panini lançou as primeira edições dos encadernados "O Inescrito", e "Sweet Tooth", eu as li, e resenhei aqui:


O INESCRITO & SWEET TOOTH
Analisando os primeiros volumes das novas apostas da Vertigo da Panini no Brasil.

Com o fim de Y – O ÚLTIMO HOMEM, e EX-MACHINA, a Panini  Comics escolheu para substituí-las duas sereis do selo Vertigo pra dar continuidade às sereis de encadernados pra bancas. Tarefa difícil, visto que  as sereis terminadas eram excelentes histórias, cheias de criatividade e muito bem escritas. Pra substituição, não podem ser quaisquer coisas.
Nas edições 34 e 35 da revista mensal Vertigo a editora encartou duas ediõçes fac-símile em “formatinho” contendo trechos das edições nº 1 de cada uma delas. Minhas impressões iniciais, antes de ler (tanto esses fac-símiles quanto aos encadernados) eram de que SWEET TOOTH seria ótimo, e O INESCRITO não seria grande coisa. Nunca gostei de Mike Carey, o autor de O INESCRITO. Mas, ao ler, aconteceu justamente o contrário. Gostei bastante do trabalho do Carey, e achei o do Jeff Lemire apenas bom. Bem, vamos analisar cada uma delas:
O INESCRITO
Talvez esta seja a primeira HQ a retratar o “mundo editorial” tal qual ele se tornou depois do fenômeno Harry Potter, onde não apenas o bruxinho, mas cada livro precisa se tornar um beste seller que todos estão lendo ou odiando quem lê. Neste mundo, o maior fenômeno literário sãoa s aventuras do bruxinho “Tommy Taylor”. Seu autor, Wilson Taylor, desapareceu misteriosamente. Os fãs do livro são um culto maior que os de fãs de Tolkien, e esperam que o autor volte para escrever um novo livro do personagem.  Tom Taylor, filho do autor, vie em convenções, dando entrevistas e autógrafos. Um dia, uma estudante pergunta se ele realmente é o filho de Wilson Taylor, ou um farsante. Apesar de saber quem ele realmente é, começam a aparecer provas de que tudo pode ser uma farsa. Mas em tempos de internet, onde uma mentira pode se tornar uma verdade apenas pela quantidade de pessoas que acreditam nela (ou postam, curtem, compartilham, ...), como fugir da repercussão disso? Agora, Tom precisa provar que não é um farsante, ao mesmo tempo em que procura por seu pai. Mas, no fundo, ele só queria ficar em paz.
Mike Carey nunca foi um dos meus escritores favoritos. Tudo o que eu li dele pecava por falta de originalidade. Em Hellblazer, por exemplo, parecia que ele havia lido tudo o que foi publicado anteriormente, e feito uma releitura. Chatíssimo. Em outras obras, ele parece imitar o estilo de Neil Gaiman. Neste O INESCRITO, ele parece seguir por esse caminho. Muito do ritmo lembra Neil Gaiman. Há até, na última história do encadernado uma história que mostra o escritor Rudyard Kipling envolvido em uma conspiração que lembra muito as histórias de Sandman, quando Gaiman inseria alguma personalidade real, ou recriava alguma história mitológica na sua saga. Mas apesar desse meu “preconceito” contra Mike Carey, gostei bastante da leitura deste encadernado. Ele possui um bom ritmo, a história não cai em momento algum, e tem um clima de suspense bem trabalhado.
No decorrer da história, vão acontecendo coisas que mostram que realidade e ficção podem não ser coisas separadas, e o autor sabe misturar isso muito bem, sem fazer com que a história perca seu “pé no chão”. Aliás, esse é o grande diferencial, na minha opinião, e o que faz desta uma ótima revista: ela é baseada em nosso mundo. Um mundo com internet, fofocas inventadas por jornalistas ruins, fãs de livros que vivem como se estivessem dentro das histórias, etc. Se você for um leitor que não entende porque seu amigo nerd fica indo em tudo quanto é evento fazendo “cosplay”, vai se identificar imediatamente com o mundo em que Tom Taylor vive.
E o traço de Peter Gross não é belo, mas é competente na diagramação, composição das páginas, e dá o clima exato de seriedade e escapismo que a história existe.
SWEET TOOTH
A premissa básica deste SWEET TOOTH já me conquistou antes mesmo de eu começar a ler. Quando li as primeiras reportagens a respeito, já sabia que acabaria colecionando. Mas, ao ler, não me empolguei tanto quanto achei que iria. A revista conta a história de um mundo onde “O Flagelo” devastou quase toda a humanidade. Isso fez com que as crianças híbridas de humanos e animais nascessem. Essas crianças são caçadas, pois são consideradas valiosas. Uma dessas crianças é Gus, de 7 anos, que vivia sozinho com seu pai, até que ele morreu. Agora, ele está sozinho no mundo. Até que surge Jepperd, um homem misterioso e bruto. Ele promete levar Gus até um lugar chamado de  “Reserva”. Pelo caminho, os dois podem acaber se tornando amigos; ou Gus pode se tornar um ser violento como Jepperd; ou Jepperd pode se deixar levar pela inocência de Gus.
Essa história parece ter o estilo clássico dos contos de fadas, mas transposta para a realidade dos dias de hoje, mas em um ambiente pós-apocaliptico. Jeff Lemire, que também escreve vários títulos da “linha Dark” da DC, escreve e desenha esta obra singela. Em alguns momentos durante a leitura, eu, como órfão de “Y – o Último Homem” achava que estava lendo uma história que se passa no mesmo universo, por mostrar os dois personagens em uma jornada pelo mundo devastado. Mas o estilo de Jeff Lemire é bem diferente de Brian K. Vaughan. Principalmente no ritmo que ele conduz a história. Em algumas páginas, tudo parece ser muito rápido. Você vira as páginas numa velocidade, e termina todo o encadernado em questão de minutos. Fiquei com a impressão de que falta mais tempo pra que o leitor se identifique com os personagens antes que a história realmente passe pra ação. Mas dependendo de como os próximos encadernados forem construídos, isso pode ser uma característica boa.Faz com que a história não fique “enrolando” o leitor.
O traço de Lemire não é do tipo que agrada qualquer leitor. Já vi alguns leitores dizendo que não gostaram muito do estilo dele, que foge da tradicional busca pelo realismo de muitos artistas. Pelo contrário, o traço dele é “expressionista”. Torto, estranho à primeira vista, distorce os personagens em algumas cenas, mas possui uma força nas caracterizações de gestos e emoções que poucos desenhistas possuem.
RESUMINDO
As duas obras não tem o mesmo potencial de se tornarem “clássicos”como Y e Ex-Machina foram para muitos leitores, mas ainda assim, são duas boas leituras. Eu, particularmente, apesar de ter achado que a leitura de O INESCRITO tenha sido melhor, vou apostar em colecionar SWEET TOOTH. Além de não confiar totalmente em Mike Carey, a obra de Jeff Lemire tema vantagem de já ter se encerrado nos EUA, em poucos encadernados.
Mas essa é a minha opinião. Ao leitor que optar por qualquer uma delas, vai estar adquirindo uma ótima leitura.

terça-feira, 6 de maio de 2014

EU, DURANTE A COPA

Só espero que nenhuma anta ache que esta HQ é coxinha.
Nada de "não vai ter Copa", aqui. Eu apenas não gosto de futebol. Só isso. E respeito quem gosta.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

KM BLUES


Leia no link abaixo meu texto sobre KM BLUES, do Daniel Esteves (Nanquim Descartável). Uma ótima HQ imperdível pra quem gosta de boas histórias.


KM BLUES
Há um show da Legião Urbana, onde o vocalista Renato Russo diz algo como “As pessoas esperam que eu lhes mostre as respostas. Mas eu nem sei quais são as perguntas.” Em KM BLUES, de Daniel Esteves, Wanderson e Wagner de Souza, parece que o personagem principal está passando por esse mesmo “dilema”.
A hq, uma das obras contempladas pelo PROAC de quadrinhos do estado de SP, conta  a história de Flavio, que está em busca de respostas, e de uma nova perspectiva pra sua vida. O fio condutor da narrativa é ele em seu carro, na companhia espiritual do cantor Cartola. Aliás, a “trilha sonora” dessa história são as músicas do sambista. Quem conhecer as músicas mencionadas nos títulos dos capítulos, e em trechos da história, com certeza vai ter mais um motivo pra curtir.
Flávio quer recomeçar sua vida do zero. Ele pede demissão do emprego, se separa da mulher, e vai embora. Pra cidade onde cresceu. Refazer as pazes com o passado. Com seu antigo amor. Com seu pai, com quem teve uma desavença grave. Com amigos de banda. E, no caminho, conversando com Cartola.
São tantos pormenores, que cada um deles merecia um tópico, mas ao mesmo tempo, o melhor é deixar o leitor descobrir a maioria deles por conta própria, assim como acontece na vida. Mas de todos esses fatos aos quais Flavio parece buscar, os que mais se destacam são o seu primeiro amor, e o relacionamento com seu pai. Quando jovem, ele decidiu sair de casa, e mudar de cidade, indignado com o fato de seu pai ter traído sua mãe, e ela ter se resignado com o fato. Anos depois, em uma outra cidade, ele acha que não está satisfeito, e precisa mudar novamente sua vida. Aí é que a história começa pra valer. Ele pega seu carro, e cai na estrada.
E o melhor da história é que ela é contada de forma fora de ordem temporal. Ou seja, os vários locais e épocas em que se desenrolam a história são mostrados fora da sequência cronológica. E o mais interessante é que demora pra gente imaginar onde cada acontecimento se encaixa na história de Flávio. Uma sacada genial do Roteiro, as várias histórias são contadas paralelamente, sem que o leitor perceba.
Mas não pense que a história seja confusa. Pelo contrário. Diálogos fluidos e com a informação na medida certa deixam o leitor a par de todos os acontecimentos passados de Flávio e as pessoas ao seu redor. É como se os diálogos, e os cortes fossem a s peças do quebra-cabeça, que o leitor vai formando enquanto lê.
Quem conhece o trabalho de Daniel Esteves com “Nanquim Descartável”, e outras histórias, sabe que dramas humanos sobre relacionamentos são seu forte. E ele escreve sem parecer piegas. Neste KM BLUES, os personagens agem como pessoas reais, e o autor foge dos clichês do gênero. Até mesmo as decisões que os personagens tomam (principalmente Flávio, claro) fogem das convenções do gênero.
E os desenhos de Wanderson de Souza, com as cores de Wagner de Souza casam perfeitamente com o estilo da história. Os traços limpos de Wanderson já são conhecidos dos leitores de Nanquim Descartável, com suas linhas claras, e um traço realista. Diga-se de passagem, colorido fica ainda melhor.
Outro ponto que merece destaque é o acabamento gráfico. Graças ao financiamento do Proac, foi possível editar um álbum de 106 páginas luxuosas, e ainda conter alguns extras sobre os bastidores da produção, desde o roteiro, até as cores, e ainda um texto biográfico sobre Cartola.
O leitor que ler este álbum não vai se arrepender. Talvez até se identifique com Flávio. Ou vai pensar nele quando estiver em alguma “encruzilhada emocional”, Sem saber que rumo seguir na vida, ou quando estiver em busca de respostas. Ou das perguntas.



sexta-feira, 2 de maio de 2014

MELHORES HQ'S DE 2012


Lembrando quando eu escrevi um texto sobre os melhores quadrinhos de 2012, aqui:


MELHORES DE 2012
 Olá!
Eu sou Lexy Soares, quadrinhista, cineasta, já tentei ser ator, iluminador cênico, e agora, sou colunista do Mauá Fácil, escrevendo sobre quadrinhos e cinema. Pra aproveitar o início do ano, faço como muitos sites especializados em cultura pop, e lanço a minha lista de melhores quadrinhos de 2012. Espero que você goste, comente, compartilhe, faça as suas listas, etc. Mas se divirta lendo quadrinhos. E se você não leu alguns dos que eu votei, corra atrás que vale a pena. Palavra!
Agora, aos vencedores:


1- "Astronauta - Magnetar" (Danilo Beyruth) - Panini Comics
A reinterpretação de Danilo Beyruth para o personagem do Mauricio de Souza, se mostrou ao mesmo tempo uma história simples, e completa. Perdido no espaço após um dano em sua nave, ele precisa lutar pra ficar vivo, antes que a loucura decorrente da solidão tome sua mente.
2- "Fracasso de Público - Volume 3 - Adeus" (Alex Robinson)  - Gal Editora
O final de uma das melhores histórias independentes já feitas nos EUA. Alex Robinson soube como terminar sua história de uma forma genial, concluindo algumas das tramas de forma completamente inesperada, e com resoluções que fugiram do óbvio. Nota 10!

3- "Y - O Último Homem - Vol 10" (Brian K Vaughn e Pia Guerra) - Panini Comics
Vaughan soube terminar a sua saga de forma perfeita, ao explicar apenas o necessário pra não estragar a proposta “realista” de uma premissa absurda. Ao deixar no ar certas questões “científicas”, mas dando um foco maior e mais sentimental nos seus personagens, ele fez do final algo lindo. A melhor história de toda a saga.

4- "Wilson" (Daniel Clowes) - Companhia da Letras
Fazer uma história longa, mas feita de capítulos de página única. É genial, ou não é? E, sabendo como ela foi criada, é ainda mais interessante notar como que as páginas aparentemente soltas acabaram se tornando uma história completa, que ainda assim mantém as características tanto de “cada página como HQ completa”, quanto no “todo da grande história”.

5- "Fade Out - Suicídio Sem Dor" (Beto Skubs, Rafael DeLatorre, Marcelo Maiolo) - independente
Esta HQ é uma das melhores histórias feitas, e que ainda não teve o destaque merecido. A forma como seu personagem principal circula, sendo tratado como um ser humano real, e fugindo das decisões clichês. Tão inesperado quanto o final que é revelado logo nas primeiras páginas. E ainda consegue continuar sendo um final surpresa.

6- "Locas - Maggie, a Mecânica" (Jaime Hernandez) - Gal Editora
Nenhum autor, nunca, vai conseguir criar mulheres que se comportam como mulheres de verdade como Jaime Hernandez. E nem hq’s tão divertidas. Não importa se Maggie, Hopey e amigas estão em um cenário realista dos bairros mexicanos dos EUA, ou em uma paisagem escapista com robôs e dinossauros, ninguém vai conseguir superá-lo.

7 - "Bakuman" (Tsugumi Ohba e Takeshi Obata) – JBC
O primeiro mangá que acompanho religiosamente desde o começo. Ao mostrar o dia a dia de dois amigos que sonham em se tornar profissionais da indústria dos mangás, este consegue ter histórias mais interessantes, empolgantes e cativantes que qualquer outro. Leio, guardo com carinho, e recomendo pra todo fã de HQ.

8 - "KM Blues" (Daniel Esteves, Wanderson de Souza, Wagner de Souza) - independente
Daniel Esteves já está se tornando um dos melhores roteiristas do país, com seu estilo inconfundível de mostrar dramas humanos simples. E, com esta HQ, ele conseguiu se superar ao usar um jogo de cortes temporais na narrativa pra deixar uma bela história ainda mais interessante, e nos colocar ao lado do personagem principal.

9 - "Escalpo" (Jason Aaron, R M Guera) – Panini Comics/Vertigo.
Desde que comecei a colecionar a revista Vertigo da Panini, Escalpo se tornou a minha história favorita do título. Personagens realistas, retratados sem pudor algum, violência na medida certa. E tudo tratado com intensidade e tensão perfeitas. Ler essa HQ é como acompanhar um seriado bom e bem escrito. Dificilmente o leitor vai encontrar personagens tão reais em outro gibi.

10 - "Nação Fora da Lei - Sangue Entre Irmãos" (Jamie Delano, Goran Sudzuka, Goran Parlov) - Gal Editora
Jamie Delano ao estilo Garth Ennis. E tão bom quanto Preacher. Personagens interessantes, em um mundo absurdo, mas ao mesmo tempo real. Uma HQ que causa estranheza pela forma que o autor buscou construí-la, mas que em momento algum perde o ritmo, ou a força. Que venha logo sua conclusão!