Leia aqui meu texto sobre as versões mais famosas do Batman Steampunk:
BATMAN STEAMPUNK
“Steampunk”. Essa palavra pode
ser desconhecida para os não iniciados no universo da ficção científica e
fantasia. Ela se refere à, basicamente, uma mistura do visual da era vitoriana
(séc XIX) com robôs, computadores e outros apetrechos futurísticos.
Muitos desenhistas tem feito
ultimamente versões steampunks de personagens conhecidos. Uma reinterpretação
deles com um visual do gênero. Até o Batman já ganhou uma releitura do tipo,
tenho certeza que o leitor já deve ter visto. Mas o que pouca gente sabe é que
o Homem Morcego já teve histórias Steampunk produzidas antes mesmo que o termo
e o gênero entrassem em “moda”. Vamos à elas:
GOTHAN CITY 1889.
Escrita por Brian Augustin, com
desenhos de Mike Mignola, e arte final de P. Craig Russel, esta história foi
uma das primeiras do selo “Elseworlds”, da DC, onde seus personagens eram
reinventados em outras situações, dimensões, épocas, o que desse na telha dos
escritores. Assim, em 1989, nas comemorações do 50º aniversário do personagem,
foi feita esta que é uma das melhores histórias do Batman, onde o Cavaleiro das
Trevas começa suas ações no final do séc XIX, mas exatamente em 1889. A
história segue o estilo do “Batman Ano Um”, do Frank Miller. Bruce Wayne chega
em Gothan após seus anos de treinamento na Europa, e se torna o Batman para
vingar a morte dos pais, e trazer justiça à cidade. Ao mesmo tempo, Jack, o
Estripador, começa a atacar as prostitutas da cidade. A população fica em
pânico, e alguns começa a achar que o próprio “Bat-man”(como é chamado pela
mídia da época) seja o estripador.
Uma dia, a polícia de Gothan
recebe uma carta anônima dizendo que Bruce Wayne é o estripador. Ao realizar
uma busca em sua mansão, eles encontram a arma do assassino nos pertences do
milionário, e ele vai preso. Agora, mesmo na prisão, ele precisa descobrir quem
é Jack, antes de ser enforcado pelos crimes que não cometeu.
Com uma arte maravilhosa do
Mignola (que mais tarde ficaria famoso como criador do Hellboy), o texto é
meticulosamente lento, dando a ênfase perfeita pra uma história de suspense na
linha de Conan Doyle ou Allan Poe que o tipo de aventura pede.
O MESTRE DO FUTURO
3 anos depois, foi feita uma
continuação. Ou melhor, uma outra história que se passa no mesmo “universo”.
Afinal, não há mais a ameaça do estripador, e muita coisa mudou, mas ainda se
passa na mesma época, e alguns eventos da história original são mencionadas.
Escrita pelo mesmo Augustin, mas com arte de Eduardo Barreto. A história
decepciona quem estiver procurando pelo mesmo estilo e clima da anterior. Se
antes tivemos uma história de suspense, agora, o estilo muda completamente.
Talvez uma nova comparação literária seria Jules Verne.
Meses depois do fim da aventura
anterior, Bruce Wayne está namorando, e pensando seriamente se deve ou não
continuar agindo como Batman. Gothan City está preparando uma feira mundial,
para celebrar a entrada no novo século. É quando surge o vilão que se auto
intitula “O Mestre do Futuro”. Ele diz que a feira não deve continuar, pois ele
veio do futuro, e viu que essa feira é apenas o início de um mal que cairá
sobre a cidade, e seus cidadãos. O prefeito decide ignorar o aviso, e dá
continuidade aos eventos, quando o “Mestre” começa então à atacar o local com
uma arma que usa os raios solares pra criar uma espécie de “laser”, por falta
de um termo melhor. Esse raio ataca várias casas da região. Agora, mesmo em
dúvidas, Bruce decide voltar a agir como Batman ao menos para combater esse
vilão.
Uma história que não tem nem o
clima, nem o estilo da anterior, como já mencionado. É tão diferente que se não
fossem os personagens citados, e o mesmo autor, poderia se dizer que se trata
de uma obra sem ligação alguma com ela. Por isso,pode ser uma grande decepção
pra quem espera por algo parecido com Gothan City 1889. Mas, sabendo que se
trata de outra história, e quem gosta do estilo dos escritores de ficção do Séc
XIX, dá pra se divertir bastante com esta história. Vendo hoje, ela é bem
parecida com o que Alan Moore empregou na primeira mini série da Liga Extraordinária.
BATMAN & HOUDINI: A OFICINA
DO DIABO
Esta, apesar de ainda apresentar
um Batman Steampunk, diferente das outras citadas acima, não tem ligação com
elas. É uma nova e independente história. Agora, Bruce Wayne vive em 1907.
Assim como em “Ano Um”, ele está voltando à Gothan ao mesmo tempo em que o
ilusionista Henry Houdini está em turnê pela cidade.
Narrado pelo mágico, a história
mostra o surgimento do Batman enquanto o rapto e assassinato de crianças que
são sequestradas por um sujeito albino que passa o tempo todo sorrindo. Mas há
algo mais sórdido por trás desses raptos. Algo até sobrenatural. Mas o bom da
história é que ela é contada de forma discreta, quase episódica, com um fato
levando á outro, e a narrativa vai crescendo aos poucos.
Escrita por Howard Chaykin (que
foi, na minha opinião, “O Garth Ennis dos anos 80”, e depois deu uma bela
sumida, e perdeu um pouco da sua força criativa com o passar dos anos), em
parceria com John Francis Moore, e arte pintada de Mark Chiarello, essa história
é tão interessante quando a primeira citada. Mistério e drama em doses iguais.
Só que com um pouco mais de aventura, como nos pulps.
São três histórias que valem a
pena serem lidas. Com certeza, o leitor que se aventurar pelos sebos em busca
dessas revistas, não vai se arrepender.
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