Autobiografia em quadrinhos de uma mulher que passou dez anos sendo abusada pelo marido. Leitura obrigatória! Saiba mais lendo minha resenha.
MAS ELE DIZ QUE ME AMA
Hoje vou comentar uma HQ especial
para as mulheres. Produzida por uma mulher, e publicada aqui no Brasil em 2006,
é uma pena que ela a editora não fez a devida divulgação para que esta obra
tenha se tornado mais conhecida do público.
Minha história com essa HQ começa
de forma inusitada: ao olhar os livros em ponta de estoque de uma loja, me
deparei com esse livro de capa feia, e cuja única menção à ser uma HQ é o
subtítulo horrível: “Graphic Novel de uma Relação Violenta”. Custava apenas
R$10,00. Fiquei curioso, fui pra casa, e pesquisei no google. Descobri que se
tratava sim de uma HQ, e que contava uma história real, e triste. A história de
Rosalind B. Penfold, uma mulher que passou cerca de uma década sob tortura
psicológica de um marido machista e possessivo.
Curioso por conhecer novos estilos de quadrinhos em uma fase em que os
super heróis estavam me cansando, comprei. Li, e me emocionei. E recomendo a
leitura pra todos os leitores e leitoras.
Rosalind conta de forma
autobiográfica a sua vida ao lado de Brian, um viúvo que ela conheceu e se
apaixonou. No princípio, um homem carinhoso e atencioso com a família, ele
conseguiu conquistar Rosalind de fora rápida e intensa. Tão cedo quanto
possível, ele a pediu em casamento, e ela aceitou. No comoço da vida a dois,
tudo parecia uma maravilha, como em todos os relacionamentos no começo. Mas aos
poucos, ele foi se revelando outro homem. Possessivo, controlador, quase um
psicopata.
O comportamento dele foi se
tornando tão agressivo ao ponto de em alguns momentos ele agir de uma forma
violenta, e no dia seguinte, agir como se nada tivesse acontecido, e ainda
dizendo para Rosalind que ela provavelmente imaginou tudo.
Nem os filhos foram poupados. Há
até mesmo uma cena que insinua que ele praticou incesto com uma das filhas.
Foram 10 anos ao lado desse homem
terrível, em uma relação que deixou ela psicologicamente perturbada. Um dia,
depois de muita terapia, ela resolveu colocar no papel tudo o que sentia. Mas
ela não conseguia sequer escrever. Então, desenhou. Fez uma história em
quadrinhos. Um diário em quadrinhos.
Com um traço primário, que lembra
os desenhos de uma criança, mas com um conhecimento de narrativa e ritmo dignos
de uma profissional, ela consegue transmitir cada momento de angústia que sua
vida pessoal passou nesses anos todos. AS técnicas de quadrinhos são exploradas
até mesmo no uso de modificações do traço, no acabamento, nos enquadramentos e
diagramações de páginas, tudo feito com esmero pra nos colocar dentro de sua
cabeça.
Talvez seja muito difícil
explicar exatamente essa HQ. Mas o leitor com toda a certeza vai se emocionar
com a leitura. As mulheres principalmente. Mas eu sugiro que a leitura seja
feita principalmente por leitores homens.
Ao final do livro, há informações
o Friends os Rosalind, um site que busca ajudar mulheres que passam pelo mesmo
problema. E com vários “autógrafos” de várias “Rosalinds” ao redor do mundo.
Em tempo: Rosalind B. Penfold é
um pseudônimo. A autora não revela seus verdadeiros dados, devido à condição do
trauma.
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