Uma das melhores e mais dramáticas histórias do Homem Aranha, nos anos 80, relançada recentemente. Leia a crítica aqui:
A MORTE DE JEAN DEWOLFF
Uma das melhores histórias do
aracnídeo dos anos 80, republicada pela Panini.
Ah, anos 80! Uma época de ouro
pras hq’s modernas, quando parecia que as histórias iriam se tornar mais
adultas, com roteiros mais elaborados, e até mesmo os personagens comerciais
eram bem tratados por roteiristas e editores.
Pra alguns leitores, isso não
passa de “conversa de velho”, mas quando se pega pra ler uma hq’ boa como essa,
fico pensando se os “velhos” não estão com a razão. A MORTE DE JEAN DEWOLFF foi
uma história do Homem Aranha publicada nos EUA em 1985, na época do uniforme
negro do personagem. Ela já havia sido publicada aqui em 1990, nas revistas
Homem Aranha nº 87 e 88. E agora, ganhou uma nova edição, em formato americano,
lombada quadrada, e papel LWC. Ideal para quem não tem as originais, ou para
quem nunca leu.
Para quem nunca leu, e só
acompanha o personagem nas histórias produzidas neste século, fico imaginando que a leitura dessa HQ
“antiga” pode não ser uma boa experiência. Digo, para leitores acostumado aos
desenhos cheios de “ação”, com cada espaço do quadrinho preenchido com algo, e
com roteiro onde tudo acontece rápido. Para leitores como eu, que cresceram
lendo histórias dessa época (na verdade, comecei a ler super heróis nos anos
90, mas como sempre fui rato de sebo, li mais coisas dos anos 80 que dos
próprios anos 90), é muito bom ter um novo contato com a forma clássica de se
fazer histórias em quadrinhos.
As ações acontecem mais
lentamente, quase como no ritmo da vida real, os personagens agem como pessoas
reais, tendo um grande foco em suas emoções durante a história.
Essa história começa com o corpo
da policial sendo encontrado em sua casa. O Aranha começa a investigação, junto
com Stan Carter, policial que é encarregado de investigar o caso. Enquanto
começam as investigações, e o Aranha se sente abalado pelas lembranças de sua
única amiga dentro da força policial, o assassino dela, o DEVORADOR DE PECADOS
continua fazendo mais vítimas, um juiz e um padre. O Aranha começa a ficar cada
vez mais descontrolado, mas ele acaba piorando quando descobre quem realmente é
o assassino, e sua motivação. Nesse momento, surge o DEMOLIDOR, que também
estava investigando o assassino, devido ao fato de ser amigo do juiz
assassinado. Os caminhos se cruzam, e o “Homem sem Medo” acaba tendo que agir
como consciência do Aranha, pra impedi-lo de passar dos limites, matando o
vilão.
Para mim, como leitor, a única
coisa que me chateou na época foi nunca ter lido uma HQ onde a personagem Jean
de Wolff aparecia. E até hoje, nunca li (ou pelo menos, não me lembro de ter
ido. Ei, eu era rato de sebo, mas isso não significa que eu encontrava tudo o
que procurava, né?). Por não a conhecer, sua morte não me toca como deve ter
tocado em outros leitores que a conheciam. Mas mesmo assim, dá pra sentir a dor
do Aranha durante a história, afinal, a forma como o lado emocional dos
personagens é focado nessa história é algo diferenciado para histórias da
época.
E, pra deixar a história ainda
melhor, o enredo é conduzido da forma mais simples possível. As cenas são
perfeitamente amarradas para dar ao leitor a dose exata de suspense. E, para
deixar o leitor sempre surpreso, as mortes vão acontecendo aparentemente sem
ligação alguma, mesmo com um ou outro diálogo do vilão em alguns quadrinhos. E,
a cena em que os heróis descobrem quem é o Devorador, é mostrada de um jeito
que pode decepcionar os leitores jovens, acostumados com “revelações
bombásticas”, pois aqui, é como se fosse uma investigação policial de verdade.
Sem contar muito da história, eu
estou elogiando essa HQ pois ela é uma aula de como se produzir uma boa
história, como focar as emoções do personagem
ao mesmo tempo em que se mantem a trama amarrada e o leitor em constante
suspense e interesse. Algo que parece que está se perdendo hoje em dia.
Complementando esse volume, há
uma história publicada alguns meses depois, com a saída do vilão da cadeia, o
que deia o Aranha novamente em crise emocional, enquanto outro vilão, o
Electro, se aproveita dessa situação para tentar vencer o aracnídeo de uma vez
por todas.
Pra fãs do Aranha, é uma leitura
obrigatória, e para apreciadores de boas histórias, imperdível!
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