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quarta-feira, 28 de maio de 2014

MUNDO FANTASMA


Um HQ alternativa cativante! 
Quem conhece o filme já sabe o que esperar (apesar de algumas mudanças na trama). Leia minha resenha aqui, ouvindo o tema de abertura do filme!



MUNDO FANTASMA
Apesar do enorme atraso pra chegar ao Brasil, obra de Daniel Clowes continua atual.
Lançado no Brasil em 2011, “Mundo Fantasma” é uma das mais conhecidas e celebradas obras de Daniel Clowes lá fora. Publicada serializada em sua revista “Eightball”, da editora Fantagraphics, e depois compilada com graphic novel em 1997, a história é conhecida pelos leitores de hq’s do Brasil graças ao filme GHOST WORLD, dirigido por Terry Zigwoff, que adapta essa história e possui roteiro do próprio Clowes.
Conta a história de Enid e Rebecca, duas amigas em seu processo de amadurecimento. Justamente no momento em que ambas estão saindo do colegial, e precisam pensar a vida, faculdade, emprego, essas coisas. Mas o grande chamativo da história está no fato de elas serem anti-sociais, que passam o tempo fazendo observações sarcásticas sobre o mundo e as pessoas ao seu redor. E são observações que fazem muito sentido.
A HQ é bastante diferente do filme, principalmente porque nela cada capítulo parece ser fechado. Claro, com o desenrolar das histórias, um pequeno “plano de fundo” acaba aparecendo para ligar tudo, e dar um destino a elas, mas cada capítulo pode ser lido de forma independente. E, com isso, o autor nos mostra o processo de amadurecimento tanto da história como das personagens. É como se, no começo, elas fossem apenas jovens desajustadas e sem perspectivas de vida, mas com o tempo, acabam precisando repensar suas vidas e seu futuro. Muito bom!
Discussões sobre sexo, TV, consumismo, família, sociedade, emprego, e tudo o que se passa pela vida e pelo dia a dia das pessoas ,elas acabam comentando. Em certo ponto, elas parecem ser uma versão niilista da Locas, do Jaime Hernandez, com o desapego e desesperança típicos de jovens americanos.
E, pra quem já viu o filme antes de ler a HQ, o bom é que uma história complementa a outra. Cada qual possui cenas e passagens diferentes em vários momentos, fazendo com que ler a HQ e ver o filme sejam experiências diferentes. E, entre cada situação que elas vivem, há vários pequenos momentos que deixam a história com aquela “cara” de “vida real”, que poucas hq’s conseguem transmitir. E, para completar nesse quesito, o traço de Daniel Clowes é uma mistura ideal de realismo na construção dos personagens, principalmente nos rostos, com a forma alternativa de desenhar a ambientação.
A edição nacional foi lançada aqui em 2011 pela Gal Editora, e o sucesso fez com que a editora lançasse uma nova tiragem da revista. Quem não leu ainda, eu recomendo. É o tipo de história feita pra se ler e reler de tempos em tempos, pois a cada leitura, vamos nos identificar com um momento de nossas próprias vidas.

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