Um HQ alternativa cativante!
Quem conhece o filme já sabe o que esperar (apesar de algumas mudanças na trama). Leia minha resenha aqui, ouvindo o tema de abertura do filme!
MUNDO FANTASMA
Apesar do enorme atraso pra
chegar ao Brasil, obra de Daniel Clowes continua atual.
Lançado no Brasil em 2011, “Mundo
Fantasma” é uma das mais conhecidas e celebradas obras de Daniel Clowes lá
fora. Publicada serializada em sua revista “Eightball”, da editora
Fantagraphics, e depois compilada com graphic novel em 1997, a história é
conhecida pelos leitores de hq’s do Brasil graças ao filme GHOST WORLD,
dirigido por Terry Zigwoff, que adapta essa história e possui roteiro do
próprio Clowes.
Conta a história de Enid e
Rebecca, duas amigas em seu processo de amadurecimento. Justamente no momento
em que ambas estão saindo do colegial, e precisam pensar a vida, faculdade,
emprego, essas coisas. Mas o grande chamativo da história está no fato de elas
serem anti-sociais, que passam o tempo fazendo observações sarcásticas sobre o
mundo e as pessoas ao seu redor. E são observações que fazem muito sentido.
A HQ é bastante diferente do
filme, principalmente porque nela cada capítulo parece ser fechado. Claro, com
o desenrolar das histórias, um pequeno “plano de fundo” acaba aparecendo para
ligar tudo, e dar um destino a elas, mas cada capítulo pode ser lido de forma
independente. E, com isso, o autor nos mostra o processo de amadurecimento
tanto da história como das personagens. É como se, no começo, elas fossem
apenas jovens desajustadas e sem perspectivas de vida, mas com o tempo, acabam
precisando repensar suas vidas e seu futuro. Muito bom!
Discussões sobre sexo, TV,
consumismo, família, sociedade, emprego, e tudo o que se passa pela vida e pelo
dia a dia das pessoas ,elas acabam comentando. Em certo ponto, elas parecem ser
uma versão niilista da Locas, do Jaime Hernandez, com o desapego e desesperança
típicos de jovens americanos.
E, pra quem já viu o filme antes
de ler a HQ, o bom é que uma história complementa a outra. Cada qual possui
cenas e passagens diferentes em vários momentos, fazendo com que ler a HQ e ver
o filme sejam experiências diferentes. E, entre cada situação que elas vivem,
há vários pequenos momentos que deixam a história com aquela “cara” de “vida
real”, que poucas hq’s conseguem transmitir. E, para completar nesse quesito, o
traço de Daniel Clowes é uma mistura ideal de realismo na construção dos
personagens, principalmente nos rostos, com a forma alternativa de desenhar a
ambientação.
A edição nacional foi lançada
aqui em 2011 pela Gal Editora, e o sucesso fez com que a editora lançasse uma
nova tiragem da revista. Quem não leu ainda, eu recomendo. É o tipo de história
feita pra se ler e reler de tempos em tempos, pois a cada leitura, vamos nos
identificar com um momento de nossas próprias vidas.
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