Minha resenha sobre as únicas hq's do ANTES DE WATHCMEN que li. Uma adorei, outra odiei!
ANTES DE WATCHMEN
Acabei de ler meus primeiros (e
únicos que pretendo ler) ANTES DE
WATCHMEN: “Dollar Bill & Moloch”, e “Minutemen.” Com este texto, não
quero fazer parecer que estou ordenando regras, nem que todo leitor deveria
pensar o mesmo que eu, mas apenas explico o motivo de porque não pretendo ler
nenhuma das outras edições dessa coleção, enquanto faço uma resenha crítica
dessas duas que li.
Primeiramente, DOLLAR BILL & MOLOCH. A edição, que coincidentemente li
muitas críticas negativas de leitores pelo Facebook, realmente foi uma
decepção. A revista possui duas histórias, a primeira é sobre o vilão Molloch,
que agiu desde os anos 40, e mais tarde se aposenta, quando chega à sua velhice
e sofrendo de câncer. Pouco sobre ele é mencionado na mini série original, o
que deixaria o autor livre para criar a vontade sobre a vida do personagem. Mas
infelizmente, o roteirista J. Michael Straczynski não se mostra muito criativo,
seguindo a linha fácil de recontar a mesma história já conhecida, mudando
apenas o ponto de vista.
A história de Moloch é dividida
em duas partes. A primeira, uma ótima leitura, diga-se, mostra todo o passado
de Moloch desde o nascimento. Sua infância em um circo até se tornar um chefão
do submundo, que usa suas habilidades de mágico para seus crimes. Bem redigida,
a história termina nos anos 60, quando o vilão de certo modo se arrepende de
sua vida criminosa, e, em parte por achar que a existência de um super herói
onipotente, o Dr. Manhatan, pode “tirar a graça” dessa vida de mocinho e
bandido. Também é mostrado as motivações dele, de uma forma bastante sutil, e
competente.
Mas na segunda parte, tudo o que
havia de bom na história desaba. Ele é contratado por Adrian Veidt (o herói
milionário Ozzymandias), e tudo o que acontece então são apenas a participação
de Moloch nos planos de Veidt. Planos esses que o leitor da mini série original
conhece, e que cada detalhe nos faz “juntar os pontos” da execução desse plano,
sob um ponto de vista diferente do que havíamos lido antes. Pra piorar, a
história muda de ritmo, sendo contada de forma bastante “atropelada”, com os
fatos acontecendo muito rápidos, e sem grande atrativo. Uma pena.
Já a história de DOLLAR BILL segue um pouco melhor (mas
não muito). Afinal, o personagem pouco aparece na história original, então,
ficamos conhecendo sua vida em acontecimentos nunca antes revelados. Apenas sua
morte já era conhecida, o que deixa o final sem surpresa. E também pelo fato de
ser uma história em edição única, não havia espaço para contar muito. Apesar de
boa, não trás nada demais, justamente por isso. Len Wein é um grande autor do
passado, mas essa história é apenas pra “tapar buraco”.
MINUTEMEN
Agora, enquanto DOLLAR BILL &
MOLOCH apresenta a história clássica requentada, MINUTEMEN segue um caminho oposto. Preciso ressaltar que é
justamente por esse motivo que ela é excelente! Conhecemos pouco do primeiro
grupo de super heróis do universo de Watchmen. Há alguns poucos flashbacks, e
trechos do livro “Sob a Máscara”, de Hollis Mason, o Coruja original (que,
aliás, na época do filme dirigido por Zack Snyder, virou um bom documentário.
Se tiver acesso, assista). Por esse motivo, Darwym Cooke pode criar a vontade com o grupo. E, por ser é um
autor competente como poucos, foi o caminho que ele seguiu.
Em MINUTEMEN, Cooke ainda usou o
recurso de contar a história do grupo pelos olhos de Mason, mas a história
mostrada nessa edição é diferente da que lemos anteriormente. Ela a
complementa. O que já sabemos da HQ original, Cooke apenas sugere. O estupro da
Espectral pelo Comediante, por exemplo, acontece entre os capítulos. Em um
capítulo, o grupo está unido, no seguinte, eles mencionam que votaram pela
expulsão do Comediante por causa disso. Um recurso bastante sábio dele, e que
preserva o tempo da trama para criar a história que ele realmente quer contar.
E que história.
O aposentado Hollis Mason anuncia
aos seus amigos de grupo que pretende escrever um livro de memórias sobre as
vidas dos MINUTEMEN. Todos eles se mostram insatisfeitos com as histórias que o
ex-Coruja pretende publicar. Em cada capítulo é mostrado um dos ex-heróis
encontrando Mason, e, enquanto comenta que não está satisfeito com o livro,
Mason, através de narrativa em primeira pessoa, relembra os fatos desde a
formação do grupo até o misterioso desaparecimento do Justiça Encapuzada,
quando começou a “Caça às Bruxas” nos primórdios da guerra fria.
Ele mostra outro lado das
personalidades do grupo. Dá pra ler mesmo sem lembrar da mini original, pois
MINUTEMEN possui uma alma própria. Informações sobre os heróis e vilões que não
haviam sido contadas antes, características pessoais deles que aparentemente
diferem das que conhecíamos (ou imaginávamos) dão mais vida á todos eles.
Impossível não se surpreender com a revelação sobre a sexualidade do Capitão
Metrópolis (eu juro que não lembro de nenhuma insinuação sobre isso na história
clássica...), ou o lado egocêntrico de
Espectral, que, se na história original parecia manipulada por seu
agente, aqui se mostra com tanta vontade de se aparecer quanto ele.
E, pra terminar (não vou entregar
nenhum spoiler), a história ainda modifica um fato que havia sido sugerido na
HQ original, mas o faz de forma tão brilhante que não desvirtua a criação de Alan Moore. Esta HQ é uma ótima
história sobre o lado obscuro das lendas, a desmistificação da imagem heroica
que temos da era de ouro, e acrescenta mais profundidade aos personagens.
Acredito que Alan Moore iria gostar dessa edição caso lesse.
CONCLUSÃO:
Ao meu ver, e pelas crítica que
li, e quando digo críticas, estou falando de jornalistas especializados, não de
leitores que criam um blog e pensam que entendem de criticas, me parece que o
grande mal de Antes de Watchmen é justamente esse: não ter nada realmente novo
pra contar, mas apenas ficar mostrando os fatos conhecidos sobre outro ponto de
vista. Alguns leitores não se importam com isso, e acham legal, mas pense bem:
é como ler várias versões da origem do Homem Aranha (coisa que a Marvel vive
fazendo...), não tem a mesma graça se você já sabe o final. Não há nada que os
novos autores podem acrescentar.
Agora, é reler a mini série dos
anos 80. Essa, sim, um clássico!
Relembrando, esta minha crítica é
apenas a minha opinião pessoal, não estou querendo impor a minha opinião nas
cabeças de outros leitores. Mas, caso você tenha um argumento inteligente, e
saiba fazê-lo de forma educada, fique à vontade para deixar um comentário.
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