Uma história de fantasia para adultos, cheia de elementos trágicos e dramáticos. Leia minha crítica aqui:
REINO DOS MALDITOS
Christopher Grahame é um dos autores de livros infanto-juvenis mais
famosos da atualidade. Ele criou um universo literário que vende muitos livros.
Mas a fama tem um preço: ele precisa escrever mai um livro. E anda com crise
criativa. Pra piorar, a tensão dessa crise o faz ter desmaios de vez em quando.
Mas não são apenas desmaios. Cada vez que ele “apaga”, vai parar dentro do
universo de Castrovalva, o país que
ele mesmo criou par seus livros. País este habitado pelos seres que compõe suas
histórias. E que são baseados em suas memórias de imaginações infantis.
Mas as coisas não são bonitas em
Castrovalva. Ao contrário do mundinho colorido de seus livros, o país que ele
visita em seus desmaios é dominado por um déspota. E, segundo seus amigos desse
mundo, o tirano vilão começou a tomar o lugar, e a massacrar seus habitantes
exatamente quando Chris deixou de frequentar o lugar. Mas, afinal, esse lugar
era apenas criação da imaginação fértil de uma criança. Criança essa que,
quando adulto, resolveu transformar tudo em um livro. Como pode esse universo
ser real? E como Christopher pode salvar um mundo imaginário? Ou: será que isso
tudo é mesmo apenas um mundo imaginário?
Essa é a trama básica de REINO DOS MALDITOS, uma ótima HQ
escrita por Ian Edginton, e desenhada por D’Israeli. Ambos pouco conhecidos por
aqui. Essa edição foi lançada no Brasil pela “finada” Pixel Media, editora que,
durante poucos anos da década passada, parecia interessada em ser a casa das
hq’s adultas, publicando muita coisa dos selos Vertigo e Wildstorm.
REINO DOS MALDITOS foi publicada aqui
em 2006, e é uma das melhores obras que essa editora trouxe pra nós, leitores
brasileiros. Publicada originalmente pela Dark Horse como mini série em 1996, a
história prima por um estilo diferente do que estamos acostumados em quadrinhos
americanos, mesmo nas obras autorais. Mais parece uma HQ europeia. O traço faz
o leitor achar que realmente é uma HQ do velho mundo, mas o ritmo da história é
o que mais lembra os álbuns europeus.
Ian Edginton consegue criar uma
história que mistura gêneros de forma super competente. Quando a história
mostra o universo de Castrovalva das lembranças da infância de Christopher, ou
cenas de seus livros, tudo é bem lúdico, como se espera dos livros clássicos de fantasia infantis. Quando
a história transcorre no mundo real, com o autor tendo seus ataques e desmaios,
indo ao médico, e fazendo tratamento até descobrir o que realmente está
causando seu problema, tudo e bem realista. Como em hq’s da Vertigo, pra citar
algo próximo do estilo. E há ainda uma terceira linha narrativa, que é quando
Chris “entra” na Castrovalva atual, destruída por uma guerra civil sem fim,
dominada por mão de ferro por um vilão qu tem ligações particulares com
Christopher. E motivos ainda mais particulares.
Nesses momentos, pode-se imaginar
que a história ganharia ares “Tim Burtonescos”, mas nada disso. Apesar de
aparentemente a temática ser parecida com os filmes desse diretor, aqui temos
um mundo ainda mais realista e cruel. Mesmo ursos de pelúcia falantes não aparentam ser nada fofinhos. Eles estão
lutando em uma guerra. Estão cansados, e envelhecidos. Todos os personagens
desse mundo desolado são frios e tristes. Eles sabem que Grahame pode ser sua
salvação, mas estão desiludidos. Esse é o charme dessa HQ. Até mesmo Neil
Gaiman parece infantil perto dessa obra.
E esse é o grande trunfo dessa
edição. Edginton não faz uma história fácil, no sentido de mostrar algo bonito.
Mesmo sendo uma história de fantasia, com elementos de contos infantis, tudo é
tratado com a frieza da razão. Será que Castrovalva existe mesmo? O autor não
usa isso pra concluir com uma explicação à lá sessão da tarde. Mesmo que ele
deixe o leitor decidir acreditar em mundos fantasiosos ou não, ainda assim ele
aponta uma crença racional.
Pode não ser a “HQ indispensável
na estante de todo leitor”, mas com certeza, quem lê-la não irá se arrepender!
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