Não sou muito de gibis juvenis, mas este aqui é muito bom! Além de agradar os adultos, ele possui personagens realmente críveis. Leia minha crítica:
O FANTASMA DE ANYA
É quase uma unanimidade que os
quadrinhos não atraem mais os jovens leitores como atraia antigamente. Acredito
que se mais obras como O FANTASMA DE
ANYA fossem produzidas, talvez esse quadro se revertesse. Esta grata
surpresa é de uma simplicidade e competência impressionantes para sua proposta.
Escrito e desenhado por Vera Brosgol, uma jovem russa de menos
de 30 anos, que vive nos EUA, e trabalha com animação. Ela já trabalhou como
artista conceitual, e fazendo stortboards para filmes como “Coraline” e
“Paranorman”. O fantasma de Anya não é sua primeira HQ (ela faz hq’s desde
2001), mas é o primeiro a sair aqui no Brasil. E merece ser lido e apreciado por
todos os amantes da nona arte, independente da idade.
A história mostra Anya, uma
adolescente russa que tenta se adaptar aos EUA. Ela se dedicoou a perder o
sotaque, e a viver o mais próximo da cultura americana, até mesmo evitando
outros imigrantes russos da sua região. Como toda adolescente, ela tem como
grandes problemas a balança e os garotos. Enquanto tenta ser notada por um
jovem (que, infelizmente pra ela, já tem namorada), ela segue tentando
encontrar sua identidade.
Um dia, a caminho da escola, ela
passa por um parque, e cai em um buraco. E descobre que naquele buraco há um
fantasma. Emily, uma garota que foi assassinada cerca de um século atrás. Emily
estava presa no buraco onde morreu, mas Anya consegue, sem querer, trazê-la pra
fora. Agora, sua nova amiga tenta ajudá-la em seus afazeres, como as lições de
casa, e até mesmo a conquistar Sean, o garoto por quem Anya é apaixonada.
No começo, Anya fica assustada
com a ideia, e incomodada por ser seguida por essa fantasma, mas as duas acabam
se tornando amigas rapidamente. Mas, claro, há algo mais nessa história, que o
leitor descobre com o desenrolar da trama. Vera Brosgol coloca muito de sua
história pessoal na trama, o que ajuda a aproximar o leitor dos personagens.
Mesmo vivendo em um país culturalmente diferente, é impossível não compreender
Anya e suas ansiedades. E mesmo os leitores homens irão se identificar com ela.
Afinal, quem nunca teve problemas na adolescência?
O FANTASMA DE ANYA é uma HQ que me cativou logo de cara. O estilo
da trama, talvez pelo fato de sua autora ter trabalhado com animações, faz com
que a flluência da história seja bem no estilo dos longas animados atuais, com
personagens simples, simpáticos, em uma trama que, apesar de ser voltada para o
público juvenil, com certeza agrada qualquer adulto que se propor à lê-la. O
ritmo da trama é muito bem executada. Parece mesmo que estamos vendo um filme
de animação. E o traço de Brosgol, limpo, mas detalhado, lembra bastante uma
mistura de “Meninas Superpoderosas” com “Persépolis”.
Os diálogos e situações são uma
atração à parte. A naturalidade com que os personagens falam sobre sexo,
cigarros, menstruação dá um teor bastante realista á HQ. Não estamos lendo algo
datado, do tempo em que a autora era jovem. Ao contrário, ela se comunica com
os jovens de hoje.
Ler esta HQ foi uma grata
surpresa. Pelas sinopses de divulgação, já dava pra esperar algo bom, mas mesmo
assim, me surpreendi ao ver devorando as paginas de uma vez, com a forma
simples com que a autora nos prende à sua HQ. Mesmo os defeitos da edição
nacional não tiram o brilho da história.
Mas, já que falei dos defeitos, é
bom mencioná-los. Espero que a editora resolva os problemas gráficos em uma
próxima edição, para que isso não manche sua imagem caso ela resolva investir
com peso no mercado de hq’s (este é o primeiro lançamento de HQ da editora).
Muitas páginas estão com as cores desbotadas, parecendo Xerox de má qualidade.
E outras páginas apresentam linhas duplas. Apesar de não atrapalhar a leitura,
incomoda um pouco. Uma pena mesmo, pois além de ser uma das grandes hq’s
lançadas este ano (se não figurar nas listas de 10 mais, é porque esqueceram de
lê-la), o preço praticado pela Editora é mais do que convidativo, em tempos de
“álbuns de ultra luxo”
Se eu tivesse que escolher uma HQ
pra fazer um adolescente aprender a gostar dessa mídia, já teria minha escolha.
Mas, como já disse antes, que também vai agradar os adultos que a lerem.
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