ASTRONAUTA - MAGNETAR, a primeira das "Graphic MSP" lançada, e uma das melhores hq's adultas já produzidas no mercado nacional. Leia meu texto sobre ela aqui:
ASTRONAUTA – MAGNETAR
Primeiro lançamento do selo
“Graphic MSP”, onde artistas consagrados do cenário nacional reinventam os
personagens de Maurício de Souza.
Tudo começou com o livrão MSP 50,
onde vários artistas recriavam histórias dos personagens da Turma da Mônica, em
um projeto feito para homenagear os 50 anos de carreira de Maurício de Souza. O
projeto foi tão bem sucedido, que deu origem à outras duas sequências, além de
“Ouro da Casa”, onde os próprios artistas que trabalham no estúdio MSP poderiam
fazer histórias com seu estilo pessoal, ao invés do estilo do estúdio. Mas o
mais interessante projeto seria o selo Graphic MSP, com 4 álbuns anunciados,
onde os artistas irão reinventar os personagens da forma como lhes melhor
convier.
Dos livros anunciados, o primeiro
lançamento foi ASTRONAUTA – MAGNETAR, produzido por Danilo Beyruth, e com cores
de Cris Peter. O álbum coloca o personagem do Maurício de Souza em um ambiente
de “ficção científica hard”, onde as situações são mais realistas. O personagem
é quase o mesmo, mas com a diferença de o foco da história ser voltada para o
público adulto.
Tudo começa com o personagem
chegando perto de um “magnetar”, para estudo. Se o leitor não sabe o que é um
magnetar, não se preocupe. Além do fato de a história explicar o fato
científico por si, há um glossário de termos astrofísicos no final da revista.
Não que seja preciso saber exatamente do que se trata o fenômeno pra poder
curtir a história. Ela é contada de forma tão natural que apenas sabendo que é
algo que acontece no espaço já é suficiente.
Chegando ao local, o Astronauta começa a colocação de equipamentos de
monitoração nos pequenos asteroides ao redor. É quando um acidente deixa o
personagem à deriva no espaço. Devido à interferência do magnetar, seu rádio
não funciona, o que o impede de pedir ajuda. Agora, basta apenas ele usar seu
conhecimento e inteligência pra tentar sobreviver enquanto tenta consertar o
estrago.
Mas sobreviver sozinho no espaço
pode não significar apenas sobrevivência física, mas mental também. Dias e dias
de solidão preenchidas apenas pela rotina pode levar uma pessoa à loucura. É o
que ocorre com o Astronauta, que tenta se agarrar ao máximo possível ao que
resta de sua sanidade, e pensar em uma forma de sair de lá.
Danilo Beyruth possui um estilo
de criar histórias simples, mas que são bem conduzidas, sem apelações
desnecessárias, ou recursos gratuitos. Assim como em Necronauta, aqui vemos uma
história que não busca ser um grande épico, mas por isso mesmo acaba sendo mais
competente que muitas histórias em quadrinhos feitas por aí. E o ritmo da
história é tão agradável que nos faz sentir como se estivéssemos realmente no
espaço ao lado do personagem.
O começo da história, onde somos
apresentados à um pouco do passado dele é de uma beleza singela, mostrando o
menino ao lado do avô. O que pode parecer um recurso manjado, afinal, são as
lembranças do avô que acabam por ajudá-lo no futuro, nas mãos competente de
Beyruth se tornam algo completamente diferente. Se torna um elo de humanização
do personagem. Ele tem um estilo de narrativa que lembra muito Will Eisner,
contando drama de uma forma leve, e dramatizando com ações cada pensamento,
sempre movendo a história pra frente, sem fica cansativo em momento algum.
Os desenhos dele também são
ótimos. Simples, com identidade própria, com cenários detalhados, mas sem
deixar a página poluída. E, aqui, temos o melhor trabalho de diagramação de
páginas do autor. A forma como ele alterna os vários estilos de quadros não
fica parecendo gratuito em momento algum, e dão o clima exato para o leitor
entrar no ritmo e nos sentimentos que a trama pede.
Sobre sentimentos e emoções,
deve-se destacar as cores de Cris Peter. Nossa mais ilustre colorista faz um
trabalho sensacional. Cores vivas, mas sem ser chamativas demais. Um colorido
que casa perfeitamente o estilo do clássico do Maurício de Souza com a proposta
adulta da nova versão. Um trabalho digno de nota!
Sem exagero algum, posso dizer
que os leitores que adquiriram a revista possuem um novo clássico dos
quadrinhos nacionais em mãos.
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