O ESCAPISTA é uma divertida homenagem ás várias eras dos comics, inspirada em um livro.
Leia mais sobre ela aqui:
O ESCAPISTA
Metalinguístico super herói nos
leva à um passeio pela história dos quadrinhos. Ou quase isso.
Tem hq’s cuja ideia básica acaba
sendo mais interessante que as histórias em si. Este é um caso. Se você começar
a ler as histórias contidas nesta edição sem saber nada do que se trata, você
pode achar que é verdade que ele foi um personagem clássico criado nos anos 40,
e que foi um grande sucesso, apesar de hoje em dia, estar meio esquecido.
Mas, ao contrário do que parece,
se você se deixar levar, ao menos um pouquinho, por essa mentira, fica mais
legal. Aliás, desculpe-me, leitor, por já contar do que se trata a mentira. Mas
não tive outro meio de começar este texto.
Bem, baseado em um livro de
Michael Chabon, que é comentado em um texto no final da edição, sobre uma dupla
de amigos que criam uma revista em quadrinhos nos anos 40, as hq’s são com as
aventuras do personagem criado por eles. Enquanto eu lia essa edição, me
lembrei da primeira HQ do Batman que li na vida, AS VÁRIAS FACES DE BATMAN, uma
edição que tinha várias das mais representativas histórias do herói desde a
primeira de 1939, até meados dos anos 70. Pois O ESCAPISTA é quase isso. Como
se o personagem tivesse mesmo existido. Há uma história que seria sua primeira
aparição, nos anos 40, escrita no estilo da época. E as histórias vão seguindo
de acordo com as épocas em que teriam sido escritas. Após a primeira HQ, há um
texto contando toda a história editorial do personagem.
Claro que, infelizmente, nem tudo
é perfeito. Muitas das histórias, apesar de os roteiros tentarem emular o
estilo da época, pecam por não ter o mesmo efeito com o traço. Fora Howard
Chaykin, poucos artistas fazem com que o leitor imagine realmente estar lendo
uma HQ de época. Talvez uma história passada durante a guerra do Vietnã tenha
conseguido, mas é muito pouco.
Outro ponto contra a proposta da
edição é o fato de o personagem Escapista não ser lá muito interessante. Como
ele deve ser “genérico”, e representar todos os principais super heróis das
hq’s, ele não consegue ter personalidade própria, sendo modificado à cada
história. Claro, que, tendo o texto com sua “história editorial” como
justificativa, dá pra entender que é de propósito, como realmente aconteceu com
muitos heróis. Mas para além disso deveria existir algum traço de personalidade
que fizesse o leitor simpatizar com ele. Não há. Assim, lemos uma revista sem
nos importarmos de verdade com o personagem-título.
Mas isso quer dizer que as
histórias são ruins? Não, apenas que o personagem não nos conquista. Pra não
dizer que nem tudo é bom, há uma história que considero a grande pérola da
edição, “Reinar o Inferno”, que tem roteiros do hiper competente Brian K Vaughn
(Y – O Último Homem, e Ex-Machina). Essa história, além de emular com perfeição
o estilo em que se passaria a história, consegue dar luz á um dos melhores
personagens coadjuvantes, e ainda por cima, é uma história que brilha sozinha.
Maravilhosa mesmo.
Outra que se destaca, é “Escape
do Hospital”, com roteiro de Harvey Pekar. Mas talvez ela seja uma boa apenas
pra quem conhece os trabalhos de Pekar, e já leu algo de American Splendor, ou
sabe do que se trata por causa do filme “O Anti-Herói Americano”.
Principalmente, pra que viu o filme. Afinal, a HQ é quase um epílogo pro filme.
Se você não sabe, Harvey Pekar é um quadrinhista que ficou famoso com a revista
American Splendor, sujos roteiros nada mais eram do que episódios de seu
cotidiano quadrinizados por desenhistas do underground. E essa história é
apenas mais um desses episódios. O Escapista está lá apenas como um coadjuvante
de luxo. A história é do Harvey. Alguns anos após a produção do filme, Harvey
está saindo do hospital, quando encontra o Escapista dentro e um ônibus, e
aí...
Outro destaque é a última
história que Will Eisner fez antes de falecer. 6 páginas onde o Escapista e o
Spirit se encontram. Não é grande coisa como história, só serve pra quem é
muito fã do Eisner (como eu. Confesso que foi o motivo que me levou a comprar
esta edição). Vale a pena ler o Spirit no traço de seu criador original, depois
de décadas.
Fora tudo isso, a proposta
original acabou saindo mais interessante do que as histórias. Mas se o leitor
não se importar com o fato de o personagem principal não ter carisma, dá pra
apreciar boas histórias, onde o mais importante é a aventura e a diversão.
Talvez isso já seja o suficiente...
Ah, mas há outra edição do
Escapista que foi publicada no Brasil. Mas essa eu nem comprei ainda...
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