Consegue imaginar uma história cheia de sexo e alienígenas, e ainda assim ser muito divertida? Pois a mente brilhante de Gilbert Hernandez consegue.
Leia minha resenha de Birdland aqui:
BIRDLAND
Birdland é uma HQ escrita e
desenhada por Gilbert Hernandez. Só isso já é motivo pra qualquer um que
aprecia quadrinhos independentes a ficar curioso em ler esta obra. E, saber que
se trata de uma história “pornográfica” é pra deixar ainda mais curioso.
Afinal, quem conhece o traço do artista sabe que ele desenha belíssimas
mulheres.
Mas BIRDLAND é mais que apenas
isso. É arte!
Bem, de certo modo, a história
pode parecer apenas como a de qualquer filme pornô, afina, à primeira vista,
ela é apenas uma mera desculpa para os personagens praticarem sexo. E, nesta
história, há sexo em todas as páginas. Ao folhear a revista, nem parece que há
uma história ali no meio, da a quantidade de cenas de “ação” presentes em quase
todos os quadrinhos. Mas há sim uma história. Simples, mas está ali.
A trama conta a história de
personagens que tem ligação com a já conhecida “Love and Rockets”, que Gilbert,
junto de seus irmãos editaram desde o começo dos anos 80. Fritz Herrera, meia
irmã da personagem Lubba, que aparece em “Sopa de Gran Peña”, uma das “sagas”
de Gilbert em Love and Rockets, é uma psiquiatra que ignora completamente o
marido, enquanto abusa secretamente de seus pacientes, hipnotizando-os. Seu
marido, Mark, tenta esquecer seus problemas “pulando a cerca” todo o tempo.
Apesar de ignorado pela esposa, Mark é o interesse amoroso de Petra, sua
cunhada. Ele tenta fugir dela, mas a garota é insistente, e não mede esforços
em conquistar Mark.
Há também outros personagens, uns
com interesses nos outros, em um verdadeiro jogo de emoções e corações que mais
parece uma novela mexicana. Nada mais natural, afinal Hernandez é mexicano. Mas
ele não cria uma trama melosa como as que vemos na TV. Pelo contrário, a alma
mexicana é agradável aqui. Ele tem um estilo que, em outras histórias, já foi
comparado com Garcia Marques. E, nesta edição, ele usa o formato de novela pra
criar uma trama divertida e escapista.
Afinal, na primeira página da
história, há um prólogo que mostra uma das personagens, bang Bang, que sumiu no meio do mato quando
criança, e que talvez por isso carregue segredos que nem ela própria sabe o que
são. Adulta, ela se torna uma dançarina de strip-tease, e que pode ser a chave
de uma invasão alienígena.
Invasão? Bem, talvez não
exatamente. Talvez os aliens tenham outros planos pra nós humanos. E talvez
esses planos envolvam a nossa sexualidade. Talvez sejam planos mostrados em um
contexto que, assim como o sexo, é algo que pode apenas ser sentido e
experimentado, mas dificilmente explicado em palavras.
Essa HQ foi publicada nos EUA
pela editora Fantagraphics Books, especializada em quadrinhos alternativos. Lá
fora, ela foi primeiramente uma minis-série, lançada no começo dos anos 90. No
Brasil, saiu em 2009 pela editora Arte Sequencial, em um volume único, com um
belo trabalho gráfico.
Uma história ideal não apenas
pros amantes dos quadrinhos eróticos, mas pra qualquer um que quer desfrutar de
momentos de diversão descompromissada, o tipo de história a qual Gilbert
Hernandez é especialista.
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