"O que aconteceu ao Cavaleiro das Trevas?", é uma HQ que "finaliza" a carreira, e a vida do Batman. Um conto imaginário escrito por Neil Gaiman. Saiba mais lendo aqui:
BATMAN DE NEIL GAIMAN
Encadernado com as histórias
escritas pelo criador de Sandman com o Homem Morcego.
Talvez os fãs mais radicais podem
não gostar do que vou falar sobre Neil Gaiman, mas verdade seja dita: ele é um
grande fã de Alan Moore, “copiando” algumas ideias dele em suas histórias. Ele
coloca vários elementos das obras do barbudão em suas histórias. Felizmente,
ele o faz de forma competente, e sem ficar dizendo que “não é nada disso”, como
alguns autores fazem. Assim, quando a DC resolveu matar Bruce Wayne, em 2009, e
chamou Gaiman pra escrever o que seria a história final do Homem Morcego,
Gaiman fez uma homenagem ao que Moore fez quando, em 1986, foi chamado para
fazer a história final do Super Homem. Então, enquanto a HQ de Moore se chamou
“O que aconteceu ao Homem de Aço?”, a de Gaiman se chama “O que aconteceu ao
Cavaleiro das Trevas?”.
Mas, felizmente, as semelhanças
param por aí. Gaiman, sendo competente, sabe que não seria nem um pouco legal
se ele se limitasse a copiar a história clássica.
Nesta bat-história, o Homem
Morcego morreu. Não a mesma morte que ele teve, na época, nas histórias de
linha, mas uma morte imaginária, que nem seu espírito lembra como foi. Nos
“bastidores”, seu espírito conversa com alguém que lhe mostra seu funeral. Nele,
vários personagens, entre amigos, e vilões, comparecem a uma sala no beco do
crime (local onde os pais de Bruce Wayne foram assassinados) para prestar suas
homenagens.
Nas duas partes da história (que
foi originalmente publicada em duas edições, nas revistas Batman 686 e
Detective Comics 853) vemos alguns vilões contando suas versões para a morte do
herói, cada um assumindo a autoria da morte dele. Entre os amigos de Batman,
ouvimos as histórias de seus vários sacrifícios pelo bem maior. Nessas, a mais
curiosa é a versão de Alfred, que coloca toda a mitologia de Batman como mera
atuação de atores para alimentar as neuroses de Bruce Wayne. Ao final, o espírito que conversa com ele se
revela, fazendo-o aceitar sua mortalidade, e o fato de ter se tornado um
símbolo como persoangem.
Uma bela mistura de sua mitologia
dentro das histórias, como a representação do personagem na cultura popular de
nosso mundo real.
A arte de Andy Kubert é um show a
parte. Quem conhece o desenhista sabe como ele é competente tanto no traço de
personagens quanto na ambientação, narrativa, ritmo e composição de páginas. À
tudo isso, ele acrescentou à esta HQ homenagens à todas as épocas e aos
principais artistas e algumas histórias celebres do Morcego. A mulher gato, por
exemplo, que é a primeira a contar sua versão da morte de Batman, é retratada
na forma de suas versões desenhadas na “era de ouro” dos quadrinhos; Quando o coringa conta sua versão, ela remete,
tanto no roteiro quanto na arte, à “A Piada Mortal”, de Alan Moore, considerada
como o confronto definitivo de Batman e Coringa; E em vários momentos, Andy usa
o traço característico de artistas específicos que arcaram época para retratar
os personagens. Assim, o Batman é desenhado como nos anos 30 e 40, ou com o
traço “quadrado” de Dick Sprang, de Jim
Aparo, entre muitos outros. Quando Rã’s Al Ghul aparece, ele é desenhado com o
traço idêntico ao de Neal Adams.
Ao final, temos uma bela
história, contada com a competência de sempre de Neil Gaiman, que, sabiamente,
não tenta ser a história definitiva do Homem Morcego, mas homenageia tanto o
personagem quanto os próprios leitores, em sua relação com o personagem.
E, completando a edição, temos
como “extras” os esboços de Andy Kubert para a HQ, além de outras histórias
escritas por Gaiman para o Batman. Os extras já haviam sido publicados aqui
dentro da revista mensal do Batman publicada pela Panini, quando a história
havia sido publicada pela primeira vez, e quanto as outras hq’s, apenas uma
delas eu não tenho a informação se já
havia sido publicada ou não por aqui. Trata-se de “Pavana”, publicada lá fora
nos anos 80 na revista “Secret Origins”, e conta a origem da Hera Venenosa. As
outras histórias são “Um mundo preto e branco”, que saiu na mini série “Batman
Preto e Branco”, dos anos 90, e “Pecados Originais”, e “Quando uma porta”,
ambas em uma edição especial de Secret Origins, Onde um programa de TV quer
contar a visão dos vilões de Batman. Gaiman escreveu o “esqueleto” da trama,
mostrando os bastidores do programa, e a história onde os produtores
entrevistam o Charada, presente nesta edição. As outras histórias dessa edição
especial, que mostram as origens do Pinguim e do Duas Caras ficaram de fora,
pois foram escritas por outros autores. Apesar de ficar estranho ler a história
sem as duas sequências, dá pra entendê-la assim mesmo, além do que a forma como
a origem do Charada é contada é de uma forma bizarra, o que fez dela, na minha
opinião, uma das melhores histórias com o personagem.
Mas o melhor dessa edição especial é o preço. Publicada com toda a
pompa das publicações “Panini Books”, ou seja, capa dura, e papel couchê, o
preço é bastante convidativo, bem diferente do preço das publicações lançadas
para comic shops e livrarias.
Dificilmente essa história vai se
tornar um bat-clássico, como a HQ do Super escrita pelo Moore se tornou, mas
com certeza um item obrigatório para fãs do Morcego.
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