Minha resenha, e crítica da primeira edição da JUIZ DREDD MEGAZINE, uma revista que já caiu nas graças dos leitores brasileiros.
JUIZ DREDD MEGAZINE
A volta do Juiz mais implacável
dos quadrinhos britânicos, em uma revista que pode ser tornar uma das melhores
revistas mensais do país. Se durar...
Quem não conhece o Juiz Dredd?
Hoje em dia, ele tem alguns fãs no nosso país, mas a situação era bem diferente
anos atrás. Graças aos seus filmes, ele se tornou conhecido por aqui, apesar
das poucas publicações em quadrinhos dele que saíram por aqui.
Criado em 1977 pelo roteirista John Wagner, e pelo desenhista Carlos Esquerra, e com um apoio
imprescindível do editor Pat Mills, Dredd é um juiz que vive em um futuro onde
uma guerra nuclear acabou com quase todo o planeta. Os EUA ficaram divididos em
duas grandes cidades, Mega City-1 e Mega City-2, separadas por um deserto
radiativo. Nesse mundo, a violência e o desemprego imperam, e para conter a
criminalidade, foi criada uma força policial especial, os juízes, que tem o
poder de julgar e sentenciar crimes á seu bel prazer (na verdade, sua obrigação
profissional, mas deu pra entender, né?).
O mais implacável dos juízes é
Joe Dredd, o protagonista da revista. Implacável não no sentido “Wolverínico”
da palavra, mas ele é o que mais leva seu profissionalismo ao pé da letra,
aplicando a lei de uma forma quase não-humana. Ele não vê compaixão alguma
quando está cumprindo seu dever de prender criminosos, ou de vigiar os cidadãos
para impedir os crimes.
Suas histórias são bastante
sarcásticas, com um humor fino digno dos ingleses, que fazem de Dredd hq’s que
parodiam o governo inglês da época, quando era dominado com mão de ferro por
Margareth Tatcher. Quem estuda política vai reconhecer que muitas das
“soluções” usadas no futuro onde Dredd vive são praticamente idênticas às
ideias mirabolantes que aquele governo queria impor para os cidadãos desempregados,
estrangeiros, portadores de Aids, etc.
Assim, há histórias onde não há
empregos, então, os cidadãos se juntam para destruir robôs trabalhadores, e
poderem trabalhar um pouco, mas com cuidado para os juízes não aparecerem,
senão eles seriam presos. Ah, e se eles ficassem vagabundeando por não ter nada
pra fazer, podem ser presos por vadiagem. E se passassem o tempo todo dentro de
casa, podem ser presos por suspeita de ser criminoso conspirando, ou qualquer
outro motivo.
Crítico, e divertido. Principalmente
divertido.
Dredd no Brasil foi publicado no
final dos anos 70, pela editora EBAL,
que publicou uma revista chamada “Ano
2000”, que publicava as hq’s da revista “2000 AD” (o mesmo formato que a
Mythos retomou com a nova publicação). Essa publicação teve vida curta (apenas 10
edições), e Dredd só foi voltar às bancas do nosso país em 1992, na mini série
“Batman e Juiz Dredd – Julgamento em Gothan”, em uma história onde Batman viaja
ao futuro, caçando o Juiz Morte, e acaba em confronto com Dredd, em uma trama
cheia das paranoias e ironias típicas das histórias do Juiz.
Depois de outros encontros com
vários personagens (Lobo, Aliens, Predador, e mais um monto com o Morcego),
Dredd teve algumas edições especiais publicadas, e sumiu das bancas. Até agora.
A NOVA REVISTA.
Finalmente, vou comentar a nova
publicação. E digo que ela é digna de nota. O único porém é o preço. R$10,90
por apenas 68 páginas pode fazer com que a revista não tenha vida longa. E se
ela não durar, não adianta a editora colocar a culpa nos leitores, dizendo que
“foram os leitores que não compraram a revista”. Acredito que a justificativa
do preço seja o tipo de papel. Bem, um papel com “menos qualidade” não seria
nada mal. Até porque o “formatão” da revista faz com que ela fique “toda mole”
nas nossas mãos. O papel Pisa Brite talvez não seja de todo mal.
Bem, vamos ao conteúdo. Lendo, me
senti como se estivesse encontrado alguma edição da revista Heavy Metal que falta em minha coleção.
Várias hq’s curtas, escritas com o esmero diferenciado dos ingleses, quase
todas com elementos de ficção científica. Além do Dredd, que abre a revista com
uma HQ irônica, mas cujo chamativo acaba sendo a arte de Brian Bolland, temos
outros personagens, a maioria inéditos por aqui. ÁREA CINZENTA, sobre um grupo de “policiais” que vigiam uma área de
quarentena para extra terrestres que vem ao nosso planeta, e precisam ficar
nesse local até que os cientistas saibam que não há perigo de contaminação para
nós. Mas alguns deles podem ficar meses lá dentro, o que gerou a criação de uma
sociedade no local que mais lembra uma favela. No começo, essa história não
parece grande coisa, e o personagem principal parece uma versão do Dredd, mas
depois ela nos pega de um jeito que dá até raiva ver que ela tem continuação.
O que pode ser um pequeno defeito
para alguns leitores, é isso. Muitas histórias são capítulos iniciais de um
arco. Mas, apesar disso, os ingleses sabem como fazer um capítulo curto ser
quase auto-contido.
Outro personagem inédito aqui é NIKOLAI DANTE. Um bandido galã que vive
de pequenos furtos e trapaças em um mundo futuro onde a Rússia é um império
global. Um belo traço, mas nada demais. O personagem não cativa. Mas a história
é muito bem contada.
SLÁINE, que já teve uma de suas melhores sagas publicadas por aqui,
pela editora Pandora Books, aqui tem sua primeira história (e inédita)
publicada. Não gostei. Talvez por nunca te sido fã do gênero “espada e magia”,
mas também porque o personagem não se parece com o que ele viria a se tornar em
suas histórias posteriores. E com desenhos feios, em um estilo ultrapassado.
Agora, o melhor da revista, é DISTORÇÕES TEMPORAIS - CRONOCANAS, de
Alan Moore e Dave Gibbons. Sou suspeito, por ser fã do mago barbudo, mas é
impressionante como em apenas 5 páginas, ele criou a melhor HQ desta edição,
conciso, mas completo, cheio de reviravoltas e com os paradoxos de viagens no
tempo das grandes e clássicas histórias de FC, em um roteiro enxuto e amarrado.
A história que fecha a edição, é
novamente com Dredd, mais séria, a história coloca Mega City nas mãos de
terroristas que pretende explodir a cidade. Eles explodem a primeira bomba,
agora, cabe aos juízes irem atrás dele antes que ele destrua a cidade.
Bem, basicamente, é isso. Um
texto mais longo desta vez, pois além da revista, comentei um pouco sobre a
história do Juiz Dredd. Agora, é torcer pra que a revista tenha uma vida longa
em bancas. E, no meu caso, vou torcer também pra que o preço diminua.
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