Duas HQs resenhadas juntas:
#Sobreontem, que reúne várias hq's e charges sobre os protestos de 2013;
SEQUENCE SHOT, ótima história feita como um "plano sequência" cinematográfico, de Geeg Tochini.
#SOBREONTEM
No texto desta semana, vou comentar sobre dois lançamentos que adquiri no mesmo dia. Ambas hq’s nacionais produzidas por grandes artistas do meio. Saiba mais e corra atrás de um exemplar.
O primeiro, #SOBREONTEM, é um “quase fanzine” reunindo grandes artistas do cenário das hq’s nacionais com histórias, charges, e textos sobre as manifestações que ocorreram no Brasil em junho. As manifestações que começaram contra o aumento das tarifas dos transportes, mas acabaram ganhando proporções maiores quando a violência policial passou dos limites, e o povo decidiu ir às ruas para se manifestar contra todos os seus direitos que andam ultimamente sendo violados.
Vários quadrinhistas do país se manifestaram, inicialmente em seus sites e páginas no Facebook, em trabalhos que foram muito compartilhados. Alguns dias depois, surgiu essa revista, sem fins lucrativos, que reúne alguns desses trabalhos.
Desde histórias sérias que mais se assemelham a manifestos, até charges humorísticas satirizando os acontecimentos, a mini revista reúne 19 artistas, entre eles Laerte, Gabriel Bá, Fábio Moon, Rafael Albuquerque, Fido Nesti, entre vários outros, em uma revista em formatinho, com ótimo acabamento gráfico.
A revista foi oficialmente lançada durante o Multiverso ComicCon, em Porto Alegre, e está a venda apenas em eventos de quadrinhos, custando apenas o preço de custo de R$ 5,00. E o dinheiro arrecadado será doado ao Movimento passe Livre.
E o que eu achei da revista? Além de uma ótima leitura, essa edição é um pequeno marco histórico, pois marca o momento em que o país passa, é um registro em quadrinhos dos acontecimentos. E um grande ponto positivo, é que os envolvidos não apenas estão fazendo hq’s sobre o assunto, mas mostrando seus posicionamentos, que são os mesmo de cada brasileiro no momento.
SEQUENCE SHOT
Uma grata surpresa essa edição
produzida por Greg Tocchini. Uma edição com uma premissa ousada, que é contar
uma história sem diálogos, e feita como se fosse um filme em plano
sequência. Na linguagem fílmica, um pano
sequência é quando a cena transcorre e a câmera passeia por ela sem cortes.
Fazer isso em uma HQ pode parecer impossível, afinal, as elipses são parte da
estrutura dela. Mas Tocchini conseguiu.
Esta edição mostra uma história
sem grandes explicações, que coloca o leitor já no meio da ação. Se há um
personagem principal, é uma maleta vermelha que vai passando de mão em
mão. A primeira página já abre a
história de forma genial, com um homem em
um quarto, observando outro prédio, onde há uma mulher, aparentemente
uma prostituta, com um homem que coloca uma arma dentro da maleta cheia de
dinheiro. Ele sai do quarto tranquilamente, e vai até seu carro. Até que um
acidente faz com que a mala passe para as mãos de outro personagem, e a ação
começa.
Sem diálogos (apenas algumas
onomatopeias, e símbolos representando palavras em um balão), a HQ prende o
leitor não apenas por sua proposta diferenciada, mas pelo bom uso do ritmo
narrativo na trama. Greg alterna momentos em que a história deve ser fluida com
os momentos mais “corridos” da ação. A história consegue, quase que totalmente,
nos fazer sentir como se estivéssemos vendo uma única cena, com a “câmera”
acompanhando os personagens.
Nem sempre a narrativa em plano
sequência funciona. Em alguns momentos, na hora de virar as páginas, há uma
leve quebra. Mas provavelmente é por estarmos acostumados com a leitura
tradicional de uma HQ. Uma segunda leitura pode corrigir isso, quando o leitor
se aprofunda mais na história. De qualquer modo, o resultado é uma HQ inspirada
e imperdível.
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