Uma belíssima HQ, que mais parece uma animação Disney/Pixar.
Excelente leitura recomendada! Saiba mais lendo minha resenha aqui:
TRÊS SOMBRAS
Uma das mais belas hq’s europeias
a ser lançada por aqui nos últimos tempos.
TRÊS SOMBRAS, de Cyril Pedrosa, é uma grata surpresa.
Desconhecido do grande público no Brasil, o autor já trabalhou nos estúdios
Disney como animador. Sabendo disso, dá pra perceber a influência do estúdio no
seu traço, principalmente na composição dos personagens, e nos movimentos.
Esta HQ se passa em uma época
indeterminada, que pode ser uma período medieval, mas que é também atemporal. Não é mencionado onde e quando ela
ocorre. Um mundo mítico, talvez? Não importa. O importante é o tema dela. E a
forma como ela é narrada, em um misto de HQ adulta com fábulas infantis. Algo
que pode agradar tanto os fãs de quadrinhos quanto aos admiradores dos desenhos
da já citada Disney.
Em TRÊS SOMBRAS, Cyril Pedrosa
conta a história de uma família que vive nesse local indeterminado, composta
pelo pai Louis, pela mãe Lise, e pelo filho Joachim. Eles vivem tranquilos em
sua casinha, cuidando da pequena fazenda, e se divertindo juntos, até o dia em
que o pequeno Joachim é visitado por três sombras. A princípio, seus pais acham
que é apenas coisa da imaginação de uma criança, mas ao olharem pra fora de
casa, eles veem as sombras, na forma que parece ser a de três pessoas em
montarias. Nos dias seguintes, eles continuam vivendo normalmente, até que as
sombras voltam a aparecer.
O que as Sombras querem é levar
Joachim. Apesar de não ficar claro o que elas são, elas representam a morte, e
que o tempo de vida do pequeno filho do casal está próxima do fim. Mas seu pai
se recusa a permitir isso, o que o faz seguir em uma viagem sem destino certo,
para levar o filho o mais longe possível das Três Sombras, e assim, salvá-lo.
Em sua viagem, Louis e Joachim
passam pela floresta, embarcam em um navio de passageiros, além de enfrentarem
todo tipo de provação da natureza e humana. Tudo em uma busca obsessiva de
Louis para levar o filho o mais longe possível das sombras. Eles passam por uma
longa viagem, sempre com Louis se negando a aceitar a morte do filho.
Cyril Pedrosa nos conta a essa
história de uma forma quase mágica, ao nos jogar em um mundo onde o simbolismo
da aproximação da morte é tratado de um jeito especial, com ações dos
personagens e situações vividas por eles, para nos fazer adentrar nesse mundo,
onde somente palavras poderiam explicar
essa não aceitação de Louis, mas que, ao fazer uso de uma narrativa
aristotélica, nos envolve muito mais. Não há em momento algum um narrador nos
esclarecendo tudo através de recordatórios. A história é toda contada pelas
ações, gestos e movimentos. E os desenhos mostram tudo com tamanha perfeição
que é como se estivéssemos vendo atores interpretando em nossa frente.
E o traço usado por ele alterna
as linhas simples e fluidas com traços grossos, quase rascunhados. Mas nunca de
forma gratuita. As diferenças do traço são usadas quando a emoção que o autor
deseja passar pede. Os momentos mais dramáticos são os que o traço adquire um
estilo mais “feio”, mas cru. Ou mesmo lúdico, dependendo do momento na história,
e da sensação que o leitor precisa sentir.
A HQ possui 268 páginas, mas o
leitor vai se envolver de forma que vai ler tudo em uma só tacada. Aliás, é o
que recomendo. E, como já foi dito, quem tiver filhos vai compreender melhor as
nuances que só um pai pode sentir ao saber que a morte de um filho se aproxima.
E entender as atitudes de Louis em não aceitar isso. Mas para o leitor que
ainda não tem filhos, fica uma excelente leitura, envolvente e emotiva, mas sem
ser piegas em momento algum.
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