DRACONIAN, uma excelente HQ nacional! Leia minha resenha aqui:
DRACONIAN
É muito bom ler uma hq nacional
independente que nos pega de surpresa. Uma excelente surpresa! Draconian é uma
dessas. Lançada em outubro de 2012, ela é uma coletânea de várias hq’s curtas
passadas em um mesmo universo. O de vampiros que agem á margem da sociedade.
Confesso que, á primeira vista, imaginei que seria histórias beeeem no estilo
Anne Rice, mas me enganei. Felizmente, o grande trunfo de Draconian é ter
personalidade própria. Tanto no estilo quanto na proposta das histórias.
O universo de Draconian apareceu
pela primeira vez em 1999 na revista de RPG Dragão Brasil. O álbum lançado
agora, é uma coleção de histórias dos diversos personagens que compõe o
universo criado pelo autor, mas em hq’s refeitas especialmente para a nova
edição. São 9 histórias com cerca de 10 a 12 páginas cada. Cada história é
focada em um dos personagens. Não há uma trama que uma todas essas histórias,
como se fosse uma grande saga, mas há uma “aura” de subtrama mencionada no
decorrer das histórias, o que garante a ligação entre todos os personagens, e
situando o leitor dentro desse mundo.
Voltando ao meu preconceito
inicial, uma outra coisa que imaginei antes de ler é que, por serem personagens
que surgiram dentro de uma revista de RPG, essa HQ seria muito calcada nos
jogos de Vampiro, como “A Máscara”, por exemplo, com seus vários clãs cada qual
com suas regras de conduta. Felizmente, não é nada disso. Nada contra o RPG,
que confesso que joguei bastante, mas se a HQ fosse inspirada no jogo perderia
a empatia de leitores que nunca jogaram.
Criados por Paulo César Santos,
que desenha a escreve as histórias, e alguns capítulos com roteiros de André
Farias, as histórias possuem um estilo e ritmo que difere bastante da maioria
das hq’s tradicionais (sejam independentes ou mainstrean). O primeiro capítulo,
por exemplo, começa de forma bastante “lenta”, criando toda a uma ambientação, e
termina de forma inesperada. Ao ler sem ter sequer folheado antes, me parecia
que essa primeira história era um capítulo de introdução da história. Mas ao
continuar a leitura, e descobrir que as histórias não são seriadas, apesar dos
personagens serem recorrentes, vi que tinha algo especial em mãos. Raro autores
pensarem em criar histórias curtas para um álbum hoje em dia. E todas as histórias
possuem esse estilo, mas cada uma delas com um ritmo próprio, de acordo
com o tema de cada história.
Em Draconian os vampiros são o
mais humanos que a maioria dos vampiros mostrados em outras mídias. E talvez
esse seja o diferencial aqui (e o que me cativou nessa edição). OS vampiros
vivem como pessoas normais, com profissões e vivências como as de quaisquer
outras pessoas. Isso dá um ar de “Vertigo” às história, além de permitir que o
leitor se identifique com as histórias. São hq’s cujo tema é mais mostrar como
os vampiros vivem em nossa sociedade, como eles trocam de identidade com o
passar dos anos, como conseguem dinheiro, se divertem, etc.
Não dá pra dizer qual das
histórias contidas neste volume é a melhor. Todas estão no mesmo nível. Um
excelente trabalho que não deixa nada a desejar à nenhum grande artista dos
quadrinhos. Mas se eu posso eleger uma que tenha sido a minha favorita, é “Você
Deve se Lembrar” passada na França ocupada pelos Nazistas durante a Segunda
Guerra.
O traço de Paulo César Farias é
tão bom quanto o dos desenhistas que trabalham em grandes editoras(aliás, ele
já desenhou publicou nos EUA). Mas além do belo traço, o conhecimento e
controle do “storytelling” é o que faz o leitor entrar no clima das histórias
do universo de Draconian.
Com uma excelente qualidade
gráfica, lombada quadrada e papel couchê, a revista possui 126 páginas, e foi
lançada de forma completamente independente. Para adquirir um exemplar, basta
ir à alguma loja de quadrinhos, ou entrar em contato com Paulo César Farias.
Veja os links abaixo, e boa leitura!
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